misterwalk
viagens,rotas e destinos.pirambeiras,becos e ruelas. atalhos e picadas.portas,pontilhões e ponta-pés. vida trilhada à pele.enfim,um blog que coleciona topadas e joanetes a procura da reflexologia podal.
Thursday, November 20, 2025
meia bomba
envelhecer, e bem, é pra poucos. mas calma que nem tudo é um pesadelo na velhice. mas sim, há também coisas terriveis que podem te acontecer nela. exemplo: quando a cabeça quer e o corpo não obedece. e como desgraça pouca é bobagem, o corpo quer mas a cabeça nem sabe que o corpo existe. achou ruim? tem mais, por cima de queda coice: cabeça e corpo nada mais além de cansaço, dor e esquecimento. contudo, se cabeça e corpo, ainda dando umas traulitadas, regozije-se, você estará melhor que a tal geração Z, cabeças de bagre e corpo de frankstein - que me desculpe o original, aquela que precisa de localização atual para achar um endereço - que dirá um cu - senão eles enfiam no umbigo, se for aproximada. a minha geração, pelo menos, pelo tato ou pelo cheiro, chega ao endereço rapidinho. mesmo aos 72, que já não tem a graça dos 69;). a gente bambeia mas ainda saracoteia como ninguém.
Monday, November 17, 2025
celso boy blues
desta vez não deu. desci (ou subi) com o felling mas faltou o resto. e assim não me tornei o guitarrista, -ainda que meu foco fosse o canto e a composição - que poderia ter sido. e quando pensei que ainda havia tempo a artrite psoriática endureceu as mãos e o restante das possibilidades, até de tocar com os pés. então, mestres do olimpo, como não há retrofit, a julgar pelo tempo que me resta, se voltar, que eu não volte como um hendrix, um devadip, um clapton, um robin trower, um rory gallagher, um gary moore, um mick taylor, um alvin lee. que eu volte como um. b. b. - o king nem me caberia pois recuso a monarquia mas reverencio o riley ben. p. s. se não der, com muito gosto, já que somos xarás e adoramos blues, podem me legar um celso blues boy que não por mera coincidência adorava e era adorado pelo b. b. king. antes de pedir demais, que alguém o diga, contra solo que acertei na minhas escolhas de ouvido.
Thursday, November 13, 2025
fazendo estória
viva bem, até não mais poder, as suas estórias. no futuro, quem sabe, elas serão história. e se você mais nada tiver, as terá. e nada mais desgraçado, miserável e terrivel, do que envelhecer sem ter estórias pra contar. fazer história é outra estória.
Tuesday, November 11, 2025
pequeno grande homem
ah! as coisas pequenas. grandes pequenas coisas que de tão grandiosas, quem pode vê-las por inteiro? senão partes, que nós apelidamos de coisas pequenas. isto posto, como o humano se torna pequeno diante delas. não cessa de se achar, com arrogância emperdenida, algo assim assim, maior de grande, que de grande mesmo ele não tem nada. eternamente pequeno, no grande engano da sua pequena existência, finda pequeno grande homem. e por pura desfaçatez, não mais do que isso, alimenta ideia de que as tais coisas pequenas equivalem a sua própria pequenez, que ele não reconhece grande. e como se tanta pequenez não bastasse, ainda menor, em seu pequeno mapa do tempo, onde sequer aprende, com o ínfimo tempo que lhe é concedido, a verdadeira ordem de grandeza e pequenez, contidas no quântico da vida, com as partículas de suas chegadas e partidas que mal se enxergam na eterna idade. pobre pequeno grande homem.
Monday, November 10, 2025
quase satisfação
não desatei a escrever do nada. digamos que programei o instinto no dia que li que o pedro navas escreveu seu " bau de ossos ", primeiro livro, cujas memórias estenderiam-se em 6 volumes, aos 64 anos. muito embora tivesse escrito poesia antes*, coisa que desastradamente o fiz, ao contrário do pedro, com algumas delas publicadas em suplementos literários de jornais com até certa importância, o que não me envaideceu, até envergonhou, pela absoluta falta de seleção mas de talento nem tanto. um poeta medíocre é um poeta, o que de certa forma satisfaz aos medíocres. não foi o meu caso, atendo-me a satisfação. o primeiro escrito foi num jornal escolar nos tempos de ginásio onde meti a caneta no padre diretor do colégio cujos boatos diziam que ele comprou um jipe, que se tornou famoso - padre e jipe, comunhão no dizer das carolas excêntrica naquele bairro de periferia onde o pula pula do jipe nas ruas esburacadas suscitavam movimentos sexuais as tais? - com a mão grande. nem chegou a ser publicado, pela boa cisma do editor que não teve o mesmo cuidado em se desfazer dos originais, deixando-os esquartejados mas passíveis serem lidos o que quase me custou a expulsão. não vou descer aos detalhes mas não, não sentei no pula pula do padre pra ser liberado. quando cheguei ao jornalismo já sabia dos perigos de tentar buscar a verdade mas qual o quê? de nada adiantou. capítulo à parte, pulei para a publicidade escola que me possibilitou exercer a síntese que nunca foi o forte do " menino bom de redação" já no primário, apesar de como tituleiro, na função de secretário de redação, já sintético no "18 toques e duas linhas" ainda em máquinas de escrever. retornei ao jornalismo com a mesma tendência de não ter senso do perigo. de resto, fui minguando nas duas atividades. escrever não era o plano. mas fora de mercado ou da zona de combate, abri cacetada de blogs para exercitar síntese, conhecimento, ritmo e escrita diversa, sem buscar audiência mas minha atenção para tiques, toques e cacuetes, com prazo de escrita pré definido: 5 a 10 minutos. deu, deu. não deu, fodeu! sim, sou um fodido com sanha de fodedor. não mencionei que escrevi cerca de 80 letras de música, nos anos 70/80 que, na bagaça de hoje, teriam qualidade para não vender. mas voltando ao pedro, encasquetei que também começaria a escrever aos 64. e o fiz, não memorialista, não sei se um pouco antes ou depois da idade. não me levo a sério, nem deveria. quando comecei a compor o fiz porque não sabia tocar as músicas dos outros e nem as minhas, diria meu alterego do contra. e escrevo porque jorra, ora esgoto, ora lágrima, da fonte em algum resto de mata que já foi verdejante. minhas vírgulas esquizofrênicas( batismo do andré ) me acompanham com o socorro de clarice ( as vírgulas são minhas eu as ponho onde quiser ) mas sem o habeas corpus da lispector. em suma, não sou escritor de escrever mas de escreviver com seus baixos quase inundando os altos ( jomard na cabeça ). li cony, hermilo borba filho, dalton trevisan, rubens fonseca, baudelaire, rilke, brecht, genet, artaud, miller, sade, rimbaud, sá carneiro e gente da mesma laia. não me iludo ser da mesma tribo. sou apenas palavreado de extinção. e por falar em extinção, quando pedro morreu, editores amigos seus, como o jaguar do pasquim, omitiram que havia um michê na história, para preservar a imagem do pedro e preservar a família. talvez, só por isso, foi bom não estar no jornalismo e passar a escrever variedades. não aprendi a colocar vírgulas gramaticalmente corretas, a escrever para o que ou quem não seja poucos e tampouco perdi a indelicadeza de perseguir a verdade. há médiocres que vem para o bem dos acima do bem e do mal mas não acima da moral, que reduz partes da sua vida a rascunhos sem direito a tornarem-se escrita plena e libertadora. muito mais que num baú, o pedro humano escondeu-se no "memorialista de fachada" para se proteger dos desenganos da vida real que é sempre escrita com outras letras. um escritor maior numa vida menor. ninguém escreve ou vive impunemente. pedro nos revelou isso não com a escrita mas com um tiro.
fábulas nada fabulosas ( quase d'après millor )
há uma fábula paradisíaca que afirma que depois de morto você vai encontrar seus entes queridos. antes do meu riso às bandeiras despregadas deixe-me dizer que meus entes queridos são 34 gatos e 8 cachorros mais uns e outros que alimento esporadicamente quando aparecem, o que significa que é com eles que vou me encontrar, o que, dos males o menor, não torna a fábula menos desparafusada. ora, se entre os humanos, cada vez mais degradadamente abjetos, imperdoáveis, escolhi os animais no meu fade final, nem pelas barbas do profeta escolheria reencontrar humanos, sejam pai, mãe, antigas namoradas ou algum raro amigo, incluindo o alvinho, do qual muito lamento não ter estado com ele por uma última vez. então vinde a mim os animais - as criancinhas que vão as putas que as pariram - mas dos dragões de komodo, destes quero distância. como bem disse o comediante do beck * : no cú de nóe que eles estavam na arca. e como essa barca furada é, cães, gatos, os timbús que não pude salvar, de todos os outros, pássaros, que ficaram nas gaiolas, que não pude arrebentar e os peixes de aquário, que não devolvi aos rios e ao mar, junto ao grupo de saguins que me visitavam caras e bocas a me refletir e os jabutis sempre a me pedir amoras e suas folhas com as quais limpavam a boca da bosta de cachorro que almoçavam com gosto que os faziam lamber os beiços. na minha minúscula arca, caberia na fábula, uma vez inanimados? livros e discos, boa parte mijados dos gatos @#__$!* complementariam o encontro dos quais nunca houve separação e por isso mesmo nunca objeto de reencontro. apenas página arrancada do fabulário que como milhares de outros é fabulística sem estatística de bilhões. o que os vivos não aprendem nunca, é que os mortos não querem reencontro. mortos não querem nada, nada mais além do nada. o nada que tudo abarca inclusive o tudo, aquele tudo que em vida os vivos transformam em nada por pura ganância de querer abarcar o mundo com os olhos que se tornam míopes pelo convívio logo depois de nascer. já com os animais que não tem noção, mas sim premonição, de que vão morrer é tudo agora e depois nunca mais. nós, sabemos que vamos morrer mas não temos idéia de quando e como e tudo vai sendo vivido fragmentado, o importante sempre para depois e o falsamente importante agora( se der fama ou lucro principalmente ) daí o arrependimento que busca o reencontro. animais não sabem que vão morrer mas tem a premonição exata de quando é hora - salvo os atropelos que humanos e animais estão sujeitos - e como sua vida é curta a expandem vivendo mais do que a vida lhes oferece ( ou nós permitimos, com nossa crueldade imparável ). fábulas escondem tristezas e monstruosidades que escondem todos os finais felizes. e final, é ponto. e morrer é ponto final. não há fábula nisso, além da sua que te apavora por mais que você diga que anseia por ela.
Saturday, November 08, 2025
acontece bem embaixo dos lençois
nunca me deixei abater, é fato. mas a tristeza, o sofrimento, a dureza de tantos acontecimentos, onde fui levado de enxurrada, atropelado por jamantas ou largado a sorte de cachorro abandonado ao largo da estrada, são sensações que se leva muito tempo para processar. a navalhada, você sente no momento. é lancinante. o tiro, antes que seu corpo esfrie, quase passa desapercebido. ou seja você está atordoado mas prossegue por instinto. leva tempo e a dor cresce a cada dia que se passa sem que você perceba. é a sua segunda sombra. de vez em quando você olha pra trás e ela está lá. nuvem teimosa que nubla dias de sol. anos se passaram da infância a adolescência, que nem conta me dei que não vivi porque tinha que ser adulto para não vergar e como tal, adulto, dou encontrões na criança, no adolescente. mas como disse, não me deixei abater. segui em frente e não fiquei choramingando nem reclamando tal destino. é isso que sou e o que fui é o que me fez rolar escada abaixo sem perceber direito quem ou o quê me empurrou pois não tinha tempo, mais o tempo do que maturidade. não podia parar pois tantas escadas por subir acabava no rolando pra baixo ser impulso pra rolar pra cima o que é uma estrepolia diante da gravidade dos fatos anteriores já não bastasse a lei da gravidade. o que sou, o que sinto, a cor do meu sorriso, a forma da minha sensibilidade, o olhar sobre o caminho, a vida, onde vim parar? bom, eu sou uma das lagoas dos lençois maranhenses. a analogia gostaria que fosse outra. mas quem de mim chega perto nem sabe o que originou estes lençois que postos em camas de areia, tem como travesseiros, nuvens no céu que deveriam estar abaixo de nossas cabeças para um sono repara(a)dor. l
Wednesday, November 05, 2025
mas não seja simplório
felicidade em excesso? simplifique. tristeza dolorida? simplifique. amigos demais? simplifique. inimigos a mais? simplifique. cores demais? simplifique? muitas oportunidades? simplifique. chegando a uma encruzilhada? simplifique. vislumbrou a luz no fim do tunel? aí não: complique.
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