misterwalk
viagens,rotas e destinos.pirambeiras,becos e ruelas. atalhos e picadas.portas,pontilhões e ponta-pés. vida trilhada à pele.enfim,um blog que coleciona topadas e joanetes a procura da reflexologia podal.
Saturday, August 30, 2025
here come the sun
tudo que amanhece anoitece. mas nem tudo que anoitece amanhece. fotografar este amanhecer me despertou tal sentimento, por mais contraditório que possa ser. talvez porque ainda faça revelações em negativo.
tábula de salvação
vou salvando tudo que encontro pela frente. fotos desbotadas, livros rotos, lps riscados, cassetes empoeirados, cururus perdidos, timbus em apuros, gatos com esporoticose, cães com miíase, lagartixas sem rabo, besouros presos, borboletas ofuscadas, plantas desidratadas, jabutis virados, filhotes sem mães, máquinas enferrujadas, torneiras emperradas, móveis lascados, quadros partidos, abajures quebrados, máquinas de escrever sem fita, computadores sem start, enfim: profusão de coisas, bichos, plantas e etcs que me cerca, aparece e desaparece, já que não dou conta de tudo antes que o tsunami me alcance. então, eis-me último grão de areia rolando parede acima da ampulheta em meu ofício de sísifo. e o que resta para quem não tem salvação? a angústia de o que será daquilo que salvei; o sentimento de que fiz o que não pude; ou apertar o botão do foda-se, descobrindo agora que não funciona mais?
Wednesday, August 20, 2025
reviravolta
escapei de boas, sucumbirei as ruins? escapei fedendo, sucumbirei cheiroso? escapei por um triz, sucumbirei em camara lenta? escapei por pouco. sucumbirei por muito? escapei só com a pele dos meus dentes. sucumbirei no riso de um banguela?
Monday, August 18, 2025
livramento
a única liberdade possível está na arte. fora dela, tudo é prisão. mas há quem fale na morte como uma outra possibilidade de liberdade. mas essa não experimentei.
Sunday, August 17, 2025
paralaxe
gosto cada vez mais de fotos em preto e branco. o mundo em preto e branco é muito mais colorido do que o que vemos por aí.
Saturday, August 16, 2025
da fotografia 3
fotógrafos são xamãs. únicos nos quais acredito. mas não são todos. medíocres só penduram cartazes.
da fotografia 2
a fotografia tem algo que os deuses e demônios sempre ansiaram fazer com os homens mas só o verdadeiro artista consegue. proclamo a fotografia como a arte por excelência, a arte prometeica, o furo do prego na caixa escura da vida esborrando luz que queimou os olhos do oráculo. somente os artistas veem o que deuses e demonios sequer tateiam. a fotografia é a arte que tudo vê e da qual ninguém se esconde, estando atrás ou a frente da camera.( foto: antônio quaresma)
da fotografia 1
fotografar, seria criar algo que não existe a partir de algo que existe ou criar algo que existe a partir do que não existe, a não ser no clic, ainda que esteja lá e ninguém perceba a olho nu? o conceito de existência e portanto do que existe e não existe acaba sendo subvertido pelo olho lente do fotógrafo? quando nem ele existe no átimo do momento desta subversão? ou tudo que é sólido se desmancha e se recompõe palpável apenas assim pela fotografia? entre o olho que avista e o dedo que dispara quantos universos desabitados se mostram - ou se escondem - . eis-me divagando o existir de lá não sei onde o dedo faz a curva e o olho dá o bote na velocidade da luz( foto: antônio quaresma ).
Friday, August 15, 2025
tamanho não é documento ou palavras de " consolo "
nas madrugadas em que retornava à casa, no largo são francisco da prainha, contíguo a praça maua, sempre abordado diariamente por um cigarro, me confidencia a puta velha de zona, da qual me tornei quase amigo, em sua infinita sabedoria, notório saber do ofício, em papos semi diários, a frente dos puteiros da praça, com seus neons já esturricados, estes sim, museus do amanhã, entre baforadas exaustas, a sentença das cinzas: " dos homens de pau grande, você sabe o que pode esperar. mas dos homens de pinto pequeno, é certa a incógnita: você nunca sabe do que são capazes. e acredite, por experiência própria, o inesperado sempre acontece. não tenha dúvidas. mas se as tiver, aí já será tarde". pois, eu não seria louco de duvidar.
Monday, August 11, 2025
solstício de verão ou quase morte em veneza
na frente de casa, vizinho que não sei "daonde", cumprimenta do alto dos seus vinte e poucos anos: - fala coroa! quase um susto. mais com a gíria velha e menos com a constatação. sim, sou coroa. e se pensar bem, vou além disto, o que afinal acaba sendo bom: afinal nem tão velho na aparéncia para cravarem o terceira idade ( que denominação mais cu) nem tão jovem para escapar do fala coroa. um pequeno choque de realidade, já que às vezes me vejo, sinto, procedo como adolescente, menos por devaneio e mais por espírito, apesar do espicaçado do equilibrio que começa a tontear e das artrites que cavalgam o eia! chegamos cá. desta vez, fiquei menos susceptível do que quando a jovem médica otorrina, em meio a exame básico para avançar ou não com o diagnóstico de sindrome de meniére ( últimamente estou três chic, só doenças em francês como a de peyronie e a artrite psoriática, que não é em francês mais mas parece titulo da legião estrangeira) estalou na cara: - o senhor tem de se cuidar; porque não parece mas é um idoso, com um sorrisinho algo filho da puta entre o cínico e o este eu ainda pegava, o que creiam-me, dada a situação, não me deixou nem um pouco vaidoso ou com tesão. de tal sorte que o fala coroa foi respondido com o vigor de adolescente, enquanto o sol se punha, ainda dourando corpos de coroa e cabeça de adolescente, devidamente consciente que o arrebol é sinal a se pensar, pois é adolescente ao acordar e coroa ao se deitar. no meio disto há sempre o corpo que cai e a cabeça e espírito que se recusam a ir junto. na próxima consulta a otorrino, me comportarei como velho tarado e gagá, ainda que seja só no pensamento, já que o adolescente nunca foi assediador.
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