viagens,rotas e destinos.pirambeiras,becos e ruelas. atalhos e picadas.portas,pontilhões e ponta-pés. vida trilhada à pele.enfim,um blog que coleciona topadas e joanetes a procura da reflexologia podal.
Friday, March 22, 2024
encontro de contas
sobrevivendo, o que fica de verdade é que a vida me deu muito mais do que tomou. se o que tomou foi mais importante do que deu eu nem relincho mais, pois se dado pela vida não tenho que ranger os dentes. se ela podia ter avisado no que tomou? bom, ela támbem não avisou quando deu. e quem disse que num caso ou noutro ela não avisou e eu é que não notei porque estava vivendo desabrochadamente? o fato é que contabilizar perdas e ganhos nesta vida - ou vc acredita que tem outra ? - não é só tempo perdido. é ofício para contador, que não é o meu caso. já em contação de historias, sou personagens. já fui chinfrin, já fui quixote, de pança nem a de sancho e olha que até já fui mercúrio mas isso no teatro e quase famoso algumas vezes. da vida o que mais levei, contra e a favor, foi a ironia como as coisas aconteceram e as histórias de desenrolaram? sim, a vida, no fundo ou no raso, é uma grande ironia sendo ela, isto mesmo, a própria. e algumas ironias da vida são impagáveis alguns, lamentam muito mais o que perderam - e muitos realmente perderam muito mais do muitos outros suportariam - do que até mesmo o pouco que ganharam. mas em matéria de vida, o que é pouco e o que é muito entre lucros e perdas que ao fim e ao cabo estão fadados a ser cessantes? se vivermos a vida tão somente pela aritmética duvido que não tenha sido uma vida chata do caralho, tal qual é preencher declarações de imposto de renda, onde você busca deduções para justificar gastos e obter devoluções ilusórias pois se gastou gastou não tem volta a não ser que você creia que a vida devolve com lucros, o que mais parece conversa daquele tipo de pastor que faz de jesus o maior estelionatário de todos os tempos além de agiota asqueroso. há que se viver sempre e sempre é melhor sem objetivar lucros maiores do que as perdas. no fim, no encontro de contas, viveu mais quem teve ganhos ou perdas de tamanho incomensurável. mas não tente fazer caber tudo isto num formulário. talvez fique bem num epitáfio. mas vai escrever o quê? que a vida ficou lhe devendo ou que saiu dela sem dívidas? quanto a mim, talvez o gastei o que podia e o que não podia. - e se pudesse gastava desbragadamente muito mais. mesmo que os outros não lhe tenham dado crédito em vida, a vida sempre lhe deu. se você não usou agora é tarde. mas isso é pensamento para ruminar nos estertores. e como você ainda não está sepultado aproveite, mesmo que esteja com tônus deteriorado, o cheque em branco que a vida lhe dá ou o pix que seja, se isto lhe faz sentir mais moderno. só não aja como os incautos que estão começando agora e já com a velha mentalidade de " economizar em vida para usar na morte". evite o desperdício diria a ironia nem tão oculta.
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