Friday, August 25, 2023

a última valsa do amor

humanidade, movida pela ânsia de poder e rentismo desenfreado, reduziu as possibilidades do amor ainda florescer, ao ponto de que até o amor é suspeito e incriminado, contrariando a máxima de que o réu é inocente até prova em contrário. como os robôs e as bonecas infláveis são considerados pela maioria tara insípida, sobrou para os animais preencher este vazio de amor, o qual oferecem até à mão que os extermina. o rabo abanando do cão, o ronronar do gato, o cheirar do animal que não é costumeiro amar ou o deixar nos amar, é o que resta de ainda puro entre o céu e o inferno por onde o amor costumava transitar. mas isto também está em extinção. a chamada indústria pet infantiliza, distorce, exacerba o falso amor, em nome do lucro que não ama ninguém, sequer a sí próprio, pois o amor verdadeiro é um prejuízo, pensam eles e por isso mesmo engendram um fake amor na forna de babilaques para os quais os animais não dão a mínima, até se chateiam, quando não sofrem pela obrigação de ostentar estes símbolos de amor prensado em números sobretudo quantitativos. os cachorros de madame até sofrem da depressão que reflete este amor monetizado que também não resolve a depressão das madames. enquanto isso, em noite chuvosa, o sem teto e seu vira latas esquelético, dançam a dança da fome e do amor verdadeiro, num delírio de vida que muito provável não terá encore de outra valsa.

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