Thursday, April 06, 2017

talvez\o imperador do nada



talvez escreva canção \como se deve\ ou como não se deve\ mas canção onde se saiba\ que o talvez nunca deve nada a ninguém

talvez na canção\ amor se descreva bem\ no corte onde se inscreve o talvez\ tão displicente ao tempo\ tão descrente ao vento\do que lhe traria um tanto\ talvez que tanto talvez\ amor tenha preferido ir embora para pasárgada\ bem na hora da sua tez

talvez escreva canção\ para alguém de voz pequena\que seja\ contanto que de pequena louça\de pequena poça\pequeno vaso\ talvez açucena\ da apenas flor\ falsetes bálsamos\que não há caule para graves e agudos de si tão enfastiados\ joanetes nos fa(r)dos e nos tangos\versos esculpidos e escarrados de mesma dor \

talvez de poucos acordes\ canção\ que desperte mais que um toque\ um certo roque\ sem  talvez nem por quê \apenas canção para os que até cantam bem e nada tem\ 

talvez\escreva canção\ sem vez\sem sal\ sem açúcar\sem olhos\e sem boca\ apenas tal e qual\ rosto disforme em verso e prosa \ reverso de quem foi meu bem\e chega de ferida calo\ tanta planta outra\ no teu rasgo\ não importa a quem\que a canção\que mente ó poeta\ desmente\ a semente do para sempre\e do momento demente\ para além do pente\ ou da ponte zen\

talvez escreva canção para lembrar\ o que se deve\ ou o que não se deve\ ou talvez escreva canção apenas pra lembrar de esquecer \quem sabe\ um dia\talvez sim\ talvez não\talvez nunca\ pra quem talvez chegue\ pra mim chega de talvez


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