tempos difíceis. para muitos insuportável. a pressão cotidiana e cosmopolitana é a vida de sonhos tornados pesadelos para a maioria.
como sempre nestes casos dá-se o azo à fuga. e a fuga é sempre uma solução intempestiva mesmo que urdida lentamente e nem assim deixa de ser desesperada ou idealizada para alguns: aquela praia paradisíaca, aquele lugar perdido no meio do mato(não sei como é que uma pessoa perdida acha um lugar perdido no meio do nada, das duas uma, ou o lugar ou a pessoa não estão realmente perdidos)a adesão ao budismo ou seria bundismo? mas enfim, fugir disso tudo aqui é a palavra de ordem de quem se julga de todo não estragado ou a tal ponto que a piração é justamente esta.
mas quem entre tantos realmente passa o sebo nas canelas? mochila e se pirulita dessa máquina de moer princípios em que se tornou o modus vivendi cujo fim que determina os fins é o fim inglório, depressivo e tarjeteado?
muitos poucos, é verdade, tem esta coragem, ou esta covardia. mas o que as pessoas não perceberam - e quase ninguém percebe mesmo - é que a esmagadora maioria já fugiu, já se escondeu, naquele que é o maior esconderijo de todos, mas recôndito que a mais funda caverna vietnamita, mais indevassável que o lado não visto de plutão, mais ilhado que a mais escondida ilha das filipinas.
falo das pessoas que se esconderam dentro de si próprias. e tanto, que não é só nós que não as conseguimos achá-las, vê-las e "tê-las" como realmente são. o terrivelmente assustador e peligroso deste esconderijo é que elas mesmo não conseguem mais determinar o que está perdido ou o que está achado. a tal ponto que na superfície movem-se na pele de alguém que nada mais é que um avatar(isso muito antes do mundo digital, sorry geeks e nerds) de alguém que metido em buraco sem fundo de onde não é possível mais enviar mensagens decifráveis já que o avatar existe e reside justamente para enviar falsas mensagens de localização que como todos sabemos seja qual for a energia é sugada pelo buraco negro em que o ser que se esconde de si gera.
a procura do seu lado invisível que quer tornar visível para todos - sempre os outros nunca si próprio - tende a engolir para sempre não só os mais fracos como até os que pensam ser os mais fortes.
a inútil experiência humana tem mostrado que os nossos lados invisíveis tornados visíveis quase sempre não são os melhores de serem mostrados - e aceitos - e isso não tem nada a ver com sinceridade. com o desejo de melhorar, de ser autêntico. de dar a cara a tapa da verdade.
talvez autenticidade seja ficar. mas não ficar como se está ante a impossibilidade da fuga para lugar nenhum que não seja o poço sem fundo pois isto significaria o outro lado de entrada para o mesmo buraco, buraco que tem várias entradas e apenas uma saída inexpugnável que nunca é o lugar por onde se entra.
ficar talvez seja, até "divertido", tentando o controle da osmose que regula o ruim que entra e o bom que sai ou que seja o contrário. mas acima de tudo sem perder o controle até mesmo do pior que existe em você. isto já seria um grande achado que não merece ficar escondido aonde quer que esteja ou seja.
o resto, como dizem nestes tempos, tristes tempos, já é lucro. pode dar romance ou pintura ou simplesmente vida na superfície do corpo que se já não diz tudo também não é necessariamente um nada a mover o nada quando o nada é só o que nos resta.
isto é tudo.
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