Friday, March 23, 2012

sob outra ótica

tornou-se fato comum: diante de um corpo ou corpos dilacerados por acidente, engasgue, ou tragédia motivada por bala ou lâmina, sempre alguém diz contemplando, de soslaio ou demoradamente para o morto ou mortos: - como a morte é feia. e é aí que reside um engano, digamos, mortal. o que é feio, e o que nos estarrece, é o estado de mutilação ou deterioração do corpo, ou dos corpos, sejam eles de pequenos, adultos ou velhos, e até de bichos.

a morte, ninguém percebeu chegando ou deixando o recinto. não se sabe se mais magra ou mais bonita, se morena, loira ou ruiva, e muito provavelmente em vez daquela foice, poderia estar usando um par de brincos de platina. quiçá a morte nem sequer é feminina. pode ser um travesti, um homem, ou nem isso, até pode ser uma criança. quem garante? mas feia? acho pouco provavél. isto tudo é invenção de quem ficou com raiva do seu trabalho, que por sinal costuma ser sempre bem-feito por maior que sejam as inconveniências criadas.

No comments: