Friday, June 06, 2008

paradoxos convergentes


momentos fulgazes eternizados na memória
momentos eternos fulgazes pela mesma memória
que se defende e se arranja como pode

o eterno torna-se fulgaz e vice-versa
eternizam-se como um felpa no cerebelo do homem tornado minotauro
ou desaparecem como desaparece o tempo que nos leva de crianças a homens num susto ruim

tempo medonho, tempo pedófilo, tempo, tempo, tempo, tampo mau, tempo bom, sempre em falta, nunca em excesso, de linhas tênues entre o que é, o que já foi, o que está vindo e já passou pelo hoje com gosto de nunca mais

em farrapos de lembranças
o fito do tempo
agulha uma memória de belezas que cerze terrível cicatriz
já que nada é mais convergente do que a beleza e crueldade daquilo que é belo e do que não é
na memória de quem não tem mais
e se lembra aos lapsos dizendo que antes tê-las vivido do que não
ledo engano do que se foice

assim, rastro de sangue e crueldade
molda a existência a amnésia
que seletiva o que não queremos lembrar, tal como aquilo que não queremos esquecer
muito embora nunca saibamos bem o que devemos esquecer ou lembrar
confudidos no tempo da memória que converge paradoxalmente para a velocidade proporcional ao peso que se carrega alem da tara
tal qual um velho caminhão torto e desgovernado que desce ladeira abaixo com o mesmo êxtase da juventude em subidas

isso dura um átimo
deslocamento que atinge outros lados da vida
que a morte não

aí sim nos lembramos e esquecemos realmente de tudo
num jorro que afoga-nos em memória
preanunciada desde o começo
tão cheia e tão vazia que se imaginou inesgotável
num paradoxo de convergências ou vice-versa que estoiraram o saco

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