Wednesday, April 16, 2008

isabella: crônica de uma morte anunciada


sempre a defendi, mas agora tenho de concordar: a televisão realmente faz mal às crianças. mal que de quanto mais abominável mais se faz interminável numa série sem vida sobre isabela. nenhum ser a tal ponto destratado imaginaria tamanha desconstrução na decomposição de uma vida infantil em nome de uma solução que somente uma sociedade doente a tal ponto por climaxes de audiência vicia-se no insaciável aumento de volume em vez de desligar todos os aparelhos responsáveis por isso, inclusive o policial e jurídico, que se integram ao espetáculo de forma nada neutra.

a ânsia mórbida de descobrir os culpados não faz de nenhum de nós inocente. e já a partir do segundo dia nos enfeixa na lista dos suspeitos que alimentam o caldo putrefálico onde as nuances mostram-nos exatamente como somos: sedentos de corpos de delito e nem um pouquinho verdadeiramente comprometidos com a essência do absurdo que acontece diante da barbárie de um provável arremesso de uma criança de seis anos de uma janela de apartamento exatamente como todos os dias faz a maioria dos moradores com a garrafa pet, o amasso do maço de cigarros, o papel do bombom descartado ou cascabulhos qualquer que no fundo do ato não deixa de ser uma espécie de treinamento para a falta de comprometimento com os bons valores que se existentes jamais alimentariam um espetáculo igual a este, quer como atores, quer como telespectadores.

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