Thursday, June 15, 2006

a copa vista da área de serviço II

na alemanha e na suíça, a bola pula de cidades em cidades. cidades limpas. sequer uma bolinha de papel no chão. a mim dói-me pensar que o brasil jamais será assim, conquistemos hexas e seus múltiplos, o que for. somos o país da sujeira moral, social, existencial, irreversivelmente, para minha geração.

o jeitinho brasileiro, endeusado, pelos dominantes, tenta esconder tudo, pintando de verde e amarelo sarjetas, favelas, cloacas, peças no quebra-cabeças de cidades decadentes e das novas que já surgem atoladas em fel e fezes.

há quem se convença, que a nossa opereta carnavalesca, é o espírito do amálgama da raça, invejável por sociedades que não tem o nosso molejo de quadris. ironia ou não, é verdade. no panorama de uma vida com indicadores decentes, realmente quem samba somos nós. ruas limpas, quem precisa disto? isto seria traição ao nosso jeitinho. jeitinho que faz paulistas irem para santa catarina e jogarem da janela dos carros lixo pras ruas, completando o mapa das cidades que vão ficando uma sujeira pela mais completa falta de educação mínima. e não podem dizer, desta vez, que foram nordestinos a fazê-lo. limpo agora, quem? pomerode ? não dá mais para ser otimista.

o brasil, já faz tempo, só faz gol contras. qualquer outro resultado aparente é fabricado pela nossa absoluta falta de visão do verdadeiro gol. viciados nos telões, esquecemos de olhar pros lados, pra trás nem falo, e, principalmente, para o que está por detrás das tvs de plasma: um buraco sem tamanho, viscoso de bosta e sangue, onde indigentes lambuzam-se da alegria delirante em ruas já não mais somente sujas, mais repletas de corpos de adultos e crianças que enfim deixarão de ser tristemente, amarela e verdemente, jamais amadurecidamente, morimbundos e desconhecidos de sí mesmos.

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