Sunday, February 12, 2006

love horas mais tarde: um semi-conto de réis

para parte da família não haverá amanhã nem depois do amanhã. lotinha ou pernambuco da sorte ? executados nos arredores de paulista. não se sabe se foi " puliça" ou bandidagem canela fina. para cinco deles pouco importa. foi descarga de bala da grossa. dum-dum pelo talo, pela nuca. coisa de animais sem choro nem piedade.

resto dos parentes, lamenta a sorte, grande azar. e conta a sua de escapar. choram por pantomimas dos histéricos caricatos. tem gente que vendo a câmara até rí de "nelvoso". aos brados, gesticulam sem desodorante. protestam e rezam numa perna só. clamam por deuses pelos nomes próprios e governantes só pelos sobrenomes. fossem ditirambos, não se lhe escutar-lhe-iam. rasgam-se aos cortes ainda mais sem vergonha da vergonha nove mil vezes pior assim de vê-los expostos tão mal dispostos, com as roupas ao enxarco de tão úmidas da praia que estampam-lhes a intimidade à seco. malditos grãos de areia atachados a bronzeador que escorre pra partes pudendas, agora sachês de sangue, tornando o flagrante grotesco. fossem ticos e isto não acontecia. mas a folha de pernambuco não perdoa.

no meio do sarapatel das gentes, pacote de farofa que sobrara da ida ao mar. seria pó? tenha dó.

domingo que vem a praia por pedacinhos de instantes ficará mais triste e mais limpa. mais ossos no cemitério, menos ossos para ratos, pombos e vira-latas.

enquanto isso no pedaço dos ricos um frango sente falta daquela farofa em pacotes.
seria mesmo dó ?
tenha pó.

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