Tuesday, December 31, 2024

bem no centro do seu cu


pessoas, ditas do bem, de familia, de deus, não perdem a mão p arremessar imprecações, impropérios ( quando não matam e esfolam mesmo ) aos que usam palavrões como piu forte na sua vox artistica ou não. dentro e fora da narrativa, trate do sexo ou não, um bom vai se foder vai ser sempre repugnante e alvo de crucifixões morais pelos mesmos, que em nome da moral, da religiosidade e bons costumes (sic!), foderam homens, mulheres, crianças e bichos, numa tara de tal sorte horrenda, que nenhum palavrão lhes apanha magnitude. é a tal coisa, ironia abjeta, foram eles os reponsáveis pela inanição de expressões que antes se bastavam para descrever cenários de genuflexão ante situações desumanizantes e atos torpes que fariam de qualquer palavrão letra morta diante de tal. um lambe botas não produz mais ante o quadro de derrota moral do homem/ mulher que baba ovo ( outra forma já reprimida e hoje tornada tísica ) bajulação rasteira de objetivos ainda nais rasteiros. e o que é mais irônico ainda, é que são os homens de bem os lambe botas (como nas ditaduras) e os baba ovos, a ponto de chegar em inguas, os responsáveis pelo recrudescimento do palavrão, já que toda ação diminutiva ou repressiva enseja reação. quem manda outro tomar no cu, não lambe botas nem baba ovo. e se o lambe botas, o baba ovo, se tornou eufemista, que venha e veio o lambe cu, cujo efeito desconcerta e eriça o cu e a moral desta gente biltre, que não tem o menor pudor em arrombar o cu dos outros - sexualmente ou não - e sempre dos mais fracos e inocentes, nos casos das crianças, cujos homens de deus, vitimizam sem dó nem piedade. para estes, o palavrão continua inadmissível e de mau gosto. então, eu, que sou adepto da palavra certa no orifício certo, continuarei a escrever , sem arrodeios, mirando bem no centro do seu cu.

desnecessário

nem tudo que escrevo as pessoas " gostam ". (nem eu). mas é necessário.

Sunday, December 29, 2024

carpe diem

quando te disserem, que ainda não foi desta vez, confia que és a bola da vez. então, apressa-te. e não deixa por incompleto o que tiver de cavalgar. é que a morte, quando para pra cagar não usa papel higiênico. deves saber como é. além do mais, sequer usa cuecas. não conte nunca com uma morte limpa.afinal, se a vida já não o é, vais querer agora esterelizar pelo fim?

Saturday, December 28, 2024

de passagens

meus caros não há anos novos, passagens, livramentos. depois que se perde as pregas, nada é novo pra ninguém.

Monday, December 16, 2024

da jardinagem


da casa nova, ainda por reconstruir, quero varanda de redes e cadeiras preguiçosas, para aproveitar a nesga de vista que terei do mar, o suficiente para ver, sentir, saber, que não estou lá mas estou perto. terreno " grande ", 15 x 30, como todos de esquina, cá por estas bandas. já tenho distribuição dos comodos e aproveitamento do terreno mas dúvida ambidestra sobre a arquitetura. ousada, como parte de mim ou simples, sem ser simplista, a outra parte. qualquer das partes, levo em consideração espaços destinados as fruteiras, plantas e sobretudo o aconchego a penca de cães, gatos, jabutis e, gostava eu, de timbus, não fossem os cães implacaveis até suas mortes; sempre lembrete de que não existe paz completa. mas uma coisa foi definitiva desde que decidi aqui morar: haveria um canteiro, algo como 4 metros à frente da varanda, o suficiente para albergar flores de cores diversas, matizes de azul, roxo, branco vermelho, amarelo e rubi. e por entre elas, veria a pequena aquarela de verde, longe vista do mar, a compor o quadro que me quero bucólico, tais aqueles de feirinhas dominicais onde tudo se vende em nome dos sem nome. isto posto, pensei com meus espinhos: para tal empreitada, ainda mais por ser delicada, melhor contratar profissional, orientação abalisada sobre convivência das espécies - a convivência é sempre um problema em qualquer reino - adubação, rega, enfim: de tudo um pouco que faço por instinto, sublinhe-se muito mais animal do que vegetal, o que me faz prudente em buscar ajuda. mas não sem antes ressaltar a moçoila que já tinha especies escolhidas e que tais seriam obrigatórias, respondendo-lhe ao deixe comigo, se me der liberdade, farei um canteiro que lhe fará satisfeito. no que complementei: a obrigatoriedade destas plantas que escolhi, deve-se a promessa feita as suas matrizes de que mudariam comigo para a casa  onde definitivamente seriam melhor tratadas. como promessa é divida, estava fora de questão não cumprir o prometido. dívida com plantas, seria imperdoavelmente insuportável não obstante as demais dividas que carrego. sim, porque das dívidas, a pior, são as dívidas consigo próprio. sempre por pagar, sempre a contrair, sempre a pedir mais prazo ao agiota do tempo. e que a maioria invariavelmente morre sem honrá-las. até porque viver é um estado permanente de dívidas, o que não é desculpa para não pagá-las nem que seja com a propria vida, que nos tempos atuais é uma dí-vida consignada ao vazio preenchido por boletos. mas comigo não violão. prometi as plantas e vou cumprir. portanto você tem toda a liberdade de compor o canteiro desde que as matrizes de azul, roxo, branco, vermelho, amarelo e rubi estejam fincadas, de sorte que possa diariamente cumprimentá-las e sentir que finalmente estamos em casa.

Wednesday, December 11, 2024

"das" ontologia

sobre a questão da existência ou se quiser, problema fulcral dos humanoides, é que tem sempre um idiota - masturbando sua pseudo sapiência - a machetar o idiota da vez. quem é o próximo?

Friday, December 06, 2024

solidão tem quem acredita nela; ou vá tomar bem no centro do seu cu; ou de outra vez vê se manda um pix

há um universo em mim. em qualquer área pequena do meu corpo, que seja, sem contar os bilhões de galáxias que coexistem no meu pensamento, adicionadas as não menos numerosas dos meus sonhos. isso sem contar o inexplorado do meu inconsciente, que transforma as galáxias do meu pensamento, e sonhos, em uma colher de sopa de areia de números mignons. dito isto, como temer a solidão? como dizer que estou sozinho?  se uma multidão de tudo e de todos - sem desprezar bactérias, vírus e sabe-se lá o que mais, neste terreno abissal, o qual hábito com o sopro de uma existência que tudo compartilha, sendo ela mesma fruto de compartilhamentos outros - produzindo um vozerio que às vezes até perturba. seja na mais alta das montanhas, que já foi o fundo do mar ou no mais profundo do profundo dos oceanos, que me faz pensar que o céu é o mar de cabeça para baixo e vice versa. é impossível para mim me sentir sozinho,  pois tudo ribomba ou ribimba ou ripimba nos meus ouvidos,  incluindo a síndrome de meniere. mas se você não vê nisto novidade alguma e tenta me assaltar com versículo qualquer, dizendo que ninguém está sozinho, pois deus sempre estará conosco, eu não tenho outra opção senão a de mandar você tomar bem no centro do seu cu. o universo interior e exterior é algo belo demais para ser conspurcado por um cheque sem fundo tão rasteiro. de outra vez, vê se manda um pix, que não seja programado.

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Wednesday, December 04, 2024

eisteinianas

dói mais em quem parte ou em quem fica? o movimento é sempre ilusório por mais que real. parado sempre se está em movimento ainda que invisível. mas poucos se apercebem disto. e tantos em movimento não saem nunca do lugar. eu, que sempre andei na contra mão, talvez por isso mesmo sempre tive a ideia de que estava indo para o mesmo lugar apesar de tantos lugares diferentes onde sempre me reconheci. não adianta fugir - serve para vc e não para mim que sempre me destinei ao encontro - você sempre vai esbarrar em vc mesmo, mesmo que esteja fugindo até da sua sombra. a curvatura do besouro de einstein é inexorável.

Sunday, November 24, 2024

breve introdução ao fim da estoria

nascido em recife, criado no rio de janeiro, aperfeiçoado na parahyba e devolvido às origens pela fiscalização sanitária portuguesa (chiste?). das escalas, falo noutra hora.

Saturday, November 23, 2024

Friday, November 08, 2024

quase lá

tudo que eu amo, morre. tudo que eu não amo, também. o que amo, quase sempre me dou conta e faço as contas - sempre elas - do que perdi. o que não amo, quase nunca me dou conta e nestes casos, pra que fazer contas? mas o que mais me morre, é o quase nunca, quando eu amo. aí, só resta fazer de conta que eu não amava tanto o quanto que perdi.

Thursday, October 31, 2024

why ?

por que me comovo tanto com a mãe e seus filhotes no reino animal e não acho a menor graça quando se trata de humanos? porque com certeza nem zero por cento daqueles filhotes animais vai ser um calhorda, um canalha, um filho da puta.

mora na filosofia

gostava de estudar filosofia. se bem que acho estranho estudar academicamente filosofia, principalmente ser for fora de uma universidade federal. filosofia você aprende, profundamente, com as mentiras e verdades da sua vida, muito mais com que a dos outros, o que não invalida o conhecimento sistematizado das escolas diversas, vá lá. mas para aprender a filosofia, a última coisa a ser levada em conta é a pretensão de filosofar, no sentido de estampar conhecimento do humano sobre o humano. a filosofia é para si a homeopatia do ser. a diluição do conhecimento em doses exatas quase nunca é conseguida . e o veneno que se torna remédio acaba sendo o remédio que se torna veneno. já o tido como oposto, a tal filosofia de botequim, tenta ridicularizar não o vazio de certas sentenças mas a filosofia em si. e isto tem a ver com luta política. como disse stendhal, pensar faz doer. e na história da humanidade, dos primórdios até o apagão bolsonariano, incomoda demais pensar. e não é outra  a razão pela qual " as ciências humanas " sofrem caça e os filósofos são tratados como vagabundos e equiparados aos frequentadores de pés sujos, já agora menos uma discussão filosófica e mais uma vez vertente política da luta de classes. penso, logo existo. só sei que nada sei. desculpe: mas sei o que sei e o que não sei, mesmo quando não consigo expressar em termos acadêmicos o meu estado de suspensão filosófica. e existo muito além e aquém do pensar sem deixar de pensar. pois pensar é algo que difere da reflexão filosófica que é uma categoria de pensamento bastante elitizada por assim dizer. mesmo que sôe um enunciado de filosofastro, a filosofia da história nem sempre acaba como história da filosofia. 

Monday, October 28, 2024

o pulo do gato

quando os idosos começam a temer escadas, nem por isso ganham asas ou coragem. principalmente para descer as covas. a sabedoria humana faz de todos nós covardes. uns poucos sabidos sobem a escada e pulam para a cova em mortais ainda não catalogados pelas autoridades olímpicas. o pulo do gato, por exemplo, nunca foi. mas os gatos tem sete vidas. nós humanos, que só temos uma, deveriamos multiplicá-la nem que fosse em números pares. desgraçadamente, a maioria reduz a metade, uns nem um terço e, pior ainda, tem gente que é vida zerada não importa as dezenas acumuladas porque idosos temem as escadas. da próxima vez que vir uma escada, dê o seu pinote. não passe por baixo que isso é que dá azar. afinal, a espiral da vida, o DNA, não passa de uma escada que algum arquiteto louco concebeu com uma certa fragilidade que nos faz mais fortes a medida que subvertemos os degraus. 

Friday, October 25, 2024

santo antônio quaresma dos pitis ou amigo é pra essas coisas

longe da visão romântica do mundo - que nos dilacera e pode até matar os imberbes - a amizade tem seus próprios caminhos. e não são doces ou parafraseando a rapadura, amizade é doce mas não é mole não. por isso digo que para preservar as boas amizades ( porque valeria a pena preservar algo que não é bom ? ) deve-se manter uma certa distância, que não pode ser medida só em quilômetros. a convivência mata o que há de bom. muito mais que a distância. que de primeira nos parece terrível mas é o anticorpo salvador da pátria tantas e tantas vezes. estou numa idade que a geração antecessora ( nascida cerca de dez anos atrás está indo embora de mala e cuia ) e quem tem 70 e viveu os 70 - a menos que tenha se tornado um terraplanista - sabe que o the dream is over pode estar está na próxima previsão do tempo do jornal nacional. e evidente que tem de ser ranzinza e ainda combativo a este depositário fecal que se tornou o mundo e a vida hoje. nada tudo a reclamar. amigos, não os tive muitos. aliás, tenho muitas reservas a quem se diz dono de muitas amizades. e não é inveja ou qualquer sentimento barato. é que amizade mesmo ( sim, é clichezão)  é mosca branca de olho azul, cauda de pavão e ferrão semi- domesticado - quem já teve um amigo que " não alisa ", sabe a picada  - e as imperfeitas é que nos são mais caras, porque espelham o quão duro é ser demasiadamente humano . pessoalmente, julgo, com total isenção e parcimônia, que não sou um sujeito fácil, como algumas vezes me traduzi " easy like sunday morning ", antes de aprender e ter motivos para detestar o domingo, dia miserável pra se perder amizades tênues. por isso, me ter como amigo, se não é lá um presente dos deuses também ter-me na lista das amizades não é nenhuma expiação dos pecados. dentre os amigos que se foram e alguns sem que pudesse dizer como os tinha como amigos, já não resta quase ninguém. mas estão ali ao lado, no quarto da memória, vestindo-se para sairmos juntos. dos vivos ou seria vivo, santo antônio quaresma dos pitis é o mais longevo, gentil, amoroso mas que algumas vezes deixa-me" com vontade de socá-lo" ( sensação e não sentimento pra quem não sabe a diferença ) que não é incomum aos amigos de verdade. mas não por ele só. idiossincrasias minhas, incluindo a reduzidíssima paciência para com as gentes, atestada na minha jornada cada vez mais aprofundada de ermitão urbano e inabilidade social cultivada ideologicamente, indicam que demasiada proximidade pode ser perigoso para ambas as partes. ainda bem que não o vejo há cerca de vinte e tantos anos, muito embora nunca estivéssemos tão próximos como hoje, ao ponto de planejarmos estar fisicamente juntos em breve e por breve período por força das circunstâncias e também pelo sim pelo não. para o entendimento de quem não tem uma amizade que já passou por episódios multifacetados, de riso, raiva, emotividade, deslumbramento, agonia e êxtase, ainda mais entre pessoas tão diferentes mas agarradas pelo amor a arte e a artisticidade de ambos, cada qual com sua expressão, pode parecer estranho. mas a amizade verdadeira é mesmo muito estranha. é um monólito de alabastro, fincado tanto no deserto como no mar, que funciona como um farol dos vulcões interiores, de seres que lutam para serem felizes sem abrir mão da sua interioridade que não escondem. muito pelo contrário, escancaram as vezes sem medir consequências,  que é ato de quem vive de verdade e tem muita coragem e não como classifica o sistema como porra louca. sem nenhum paradoxo, o que mais me irrita no quaresma, é o que mais eu respeito e reverencio: seus pitis. nem sempre consequentes é verdade mas de intensidade tamanha, que nunca forjados ou acting de qualquer natureza. a sua sensibilidade para com a vida e o modo que escolheu para expressá-la com arte, tendo como veículo a fotografia, os colocam como muito mais que chiliques idiossincráticos. é puro fluido da anima que extrapola os canais condutores num grito antes do artista mas do menino homem que grita dizendo estou aqui e não aceito o que querem para mim que não quero. esquisitice de artista, todo artista não é assim ( a velha estigmatização dos sistema aos que pensam contra )? não me parece. são coisas da vida,  que só velhos amigos, que recusam a mediocridade - das amizades inclusive - sabem valor e significado. então, como diria o bardo, enquanto houver pitis, haverá esperança e amizade.

diga giz

que olho de lince que nada. quero ter cílios de máquina fotográfica. obturar a vida em macro. peixe de olho anamórfico. guelras pentax. asas 100. p&b, memória roleiflex, canon e nikon em 69 - e um meteoro zoom em orgasmo. na hora da revelação, nada a revelar. a não ser o desejo ácido, cada vez mais renovado de clicar tudo de novo até aprender quem é o olho no olhar. quando tudo acabar, estojo, equipamento, fotografia, gatos e cães, restará a fotografia. única forma de vida que se queda arte, pois permite eternizar o que passa diante dos seus olhos e você não vê.

Thursday, October 24, 2024

tenham piedade do cu

creio dormentemente, não importam os argumentos contrários, que a humanidade evoluiu graças a sua estupidez e não a sua inteligência, sortilégio de poucos. não há, neste planeta, espécie mais estúpida, da qual faço parte - logo algum estúpido vai retrucar porque não nasci cururu. em pleno século XXI, o ápice da nossa evolução reside em dois altares de manipulação: IA e coachs. puta que o pariu! a IA, ainda se pode aturar como percepção do requinte no processo de descarte do homem, que já cumpriu sua parte de bucha pra canhão dos sistemas econômicos. dir-se-à o mesmo do coach, o primor da mentoria no capitalismo. mas convenhamos: dois mil anos da chamada civilização cristã ( eu chamaria de civilização de anjo do pau oco ) e vc ter alguém que cobra fortunas para lhe mentorizar rumo a otimização do ato de cagar, é demais para minhas pregas cerebrais ou não. estávamos mais evoluídos quando limpavamos o cu com urtigas, aprendizado ardido mas útil, tal qual aquele de que passarinho que come pedra sabe o cu que tem. IA de um lado enrabando o proletariado ( que sempre tomou no cu na história )do outro, coachs; enrabando você com a mentoria de até como não ser enrabado por um coach? isso é que é evolução, não é mesmo? destarte, o cu finalmente assume o protagonismo celebrado do terceiro olho. a tão propalada civilização peida conhecimentos, ricochetados nas fossas sociais, onde caiu na rede é peixe (podre), tão inúteis como rolha para conter diarréia. mas estamos evoluindo, alvíssaras , é só olhar em volta; respirar fundo e no meu caso , vomitar. sim, o coach vai dizer que me falta inteligência emocional. e neste caso não vou discordar. vou vomitar de novo. o cu, penhoradamente,  agradece.

Wednesday, October 23, 2024

vai ver se eu estou lá na esquina ( já adianto que não estou )

muito se canta, se louva, se apanagia, o encontro de alguém com outro; a quem chamam de alma gêmea, cara metade; metade da laranja ( argh! ) e o chulezeiro, sempre há um chinelo velho para cada pé torto. é o atestado da mais completa frieira, da incapacidade humana de fazer valer a sua vida por inteiro ( e de produzir analogias e ou ditados pra lá de "pés de chinelo" - com sua origem não menos estigmatizadora ). o grande encontro da vida e na vida, é o encontro consigo mesmo. raro, alucinógeno, algumas vezes tenebroso mas sempre o mais  revelador e tão pouco cultuado na crítica comportamental. quanto mais você procura o encontro através do outro mais longe você está de sí. é sempre fuga, perdição, disfarce. nunca é você mesmo. até porque, não sendo você, você mesmo, continuará a saga do outro e dos outros. não se trata de narcisismo ou jogos de palavras bobo. trata-de da verdade. como alguém desencontrado de si mesmo pode produzir encontros? no máximo, trombadas. por isso, quando alguém se declara a mim dizendo que eu sou " a tampa da sua panela ", a calda ferve e eu digo vai ver se eu estou lá na esquina. e trato de sair do local, para evitar o alto risco de alguém voltar e dizer: não, não está.

Friday, October 18, 2024

"museus de grandes novidades"

nada pode ser pior que um futuro cheio de passado; um presente cheio de futuro; e um passado mal passado.

Friday, October 11, 2024

miragem

só sei amar a distância. de perto, sou um desastre. então, como diz a canção, tão longe de chegar mas perto de algum lugar.

Thursday, October 03, 2024

pondo as asas de molho

ver beleza onde quase ninguém vê. quem a vê ? quase ninguém. e estes são pra lá de privilegiados. poderia até dizer que se conhece uma pessoa pelo que ela consegue ver, para lá das aparências . se sou um deles? seria cabotino da minha parte dizer que sim. mas meu anjo torto, que me incita a "desafinar os contentes", as vê como ninguém. e às vezes, quando não está de saco cheio da minha insensibilidade, forjada na formação do lugar comum, das frases feitas, das imagens soporiferas, me dá umas cutucadas no ombro e aponta : - alí seu bronco. também me impulsiona a não busca da perfeição. a perfeição é uma punição ao humano. a imperfeição, para muitos uma tragédia, é dádiva. acentua nossa revolta em "sermos" a imagem e semelhança de um deus que,  até na sua representação perfeita,  é uma mentira hedionda e deslavada, urdida por humanos - por quem mais seria ? - a beleza da imperfeição, não. é real e verdadeira quando se a vê. não faz uso de truques baratos. a imperfeição bela se recusa a usar maquiagem. despe-se aos olhos de quem não é treinado para ser cego à vida que acontece fora dos manuais. e como a vida fora disto é grandiosa e bela. a perfeição tem limitações extremamente perigosas e danosas a nossa essência. dentro deste prisma, tudo que não é perfeito não merece vida. não tem cor, não tem, sabor, não tem música. é sempre um quase e um se. e quem já não se deixou aniquilar por um quase e um se ? atire a primeira pedra quem não. a imperfeição é uma miríade de possibilidades, o que não quer dizer que ater-se a tal visão seja um ato degenerado. mas a perfeição, diz o cantor ( impopular nestes tempos de bostorantismo) é uma meta perseguida pelo goleiro da seleção ( o resto da frase atualize como quiser ). a própria perfeição tem muito a agradecer a imperfeição. sem esta o que seria dela? já a imperfeição se basta, não está perdida em si mesma. não está em constante onanismo. até na gramática, o perfeito do indicativo não tem o aplomb do imperfeito. e de imperfeição em imperfeição a minha meta é um dia dar uma cutucada nos ombros do meu anjo torto e dizer: alí seu bronco. não seria imperfeito?

Wednesday, October 02, 2024

sei

sei ser não sou poeta. mas sei que sinto como poeta, o que a vida tem de dura arte. mas sinto muito isto não basta para fazer (me) poeta. aproximação é um termo tempo que distancia. e qual a distância entre a poesia e a vida?  de cuja medida a poesia extrapola, aprofunda, pesa e anestesia com vicios, a dor que não passa, dando azo as palavras certeiras que comportam peso do mundo antes de se tornarem formações rochosas,  onde uns poucos cavocam diamantes e encontram escorpiões. não sei ser mas sei sentir como se soubesse ser. mas isto só não se basta. não me basta. e dou-me um basta. ser poeta é antes de tudo não o ser sendo. o poeta não passa de um pistoleiro mal remunerado da quadrilha dos artistas; cujos alvos ele não tira do envelope: ele coloca. e às vezes coloca tanto e tão fundo que rasga o feito da existência que não cabe no bolso furado. o poeta não é o homem da carteira vazia e da cabeça nas nuvens. poeta é o homem comum deslocado. pés socados no chão de barro e asas dependuradas atrás da porta do infinito roídas por cupins. o poeta é o poison que se tornou anti veneno. mas isso às vezes é um xarope.

Tuesday, October 01, 2024

quase apneia

e seu eu te dissesse que nada mais és do que um morto sonhando? perguntarias : simbólica ou literalmente? e eu te responderia: viver ou morrer, vais saber ?quanto a mim, advinha? vou continuar sonhando pra me sentir vivo. estar morto é sempre muito sonolento. mas o ronco, até no além,  sempre atrapalha. tu roncas?

a invisível pena do ser

a cada dia vão se avolumando em mim histórias e estórias que pedem para serem contadas. ora aguilhoando, ora sutis como brisas que minhas sobrancelhas sequer percebem mas os poros sim. são contos, crônicas, poemas, ensaios e até romance que nunca me atrevi ser. meus elfos, duendes e gnomos são eles. como também o são, ainda mais furiosos, horrendos personagens, que fariam terror aos do cinema, que nos meus rascunhos se veriam voltados à matinê. mas não escrevi nunca. sou pálido escritor. o que vem em jorro deixo na calçada dos escarros. alguns amigos dizem que cuspo pra cima e o compositor que me esqueço acima do sol. poderia, com mais sorte do que talento, ousar brilhar a alcunha de escritor. é um grande exercício de vida. mas o fitness dos meus devaneios é favorável a câimbras do estilo. meu ego e minha vaidade não ajudam muito. são como vírgulas mal colocadas, o que aliás faço a tal ponto que me epitetaram como o cara das vírgulas esquizofrênicas. e aí percebi que a esquizofrenia é bem mais centrada que a tal lucidez com a qual querem nos modelar. contos, poemas, romance, histórias e estórias são como carrapichos em minha corrente de tempo espaço do sentir. incomodam,  mas depois de um tempo você deixa quieto. é o seu jardim das delícias e dos horrores mais do que particular. só você tem acesso e isso o meu eu gosta. assim como gosto de detestar as maiúsculas, com suas posturas que se querem superiores menosprezando-as de tal maneira que a minha repulsa as reticências as igualam. e aí já é gozo duplo matar estes dois ditames de uma só canetada e sem gastar tinta. eu me tornei um ser digital apenas para revigorar o analógico. gosto de máquinas de escrever, de discos de vinil, de cds nos rádio despertadores, de dançar na luz negra, de camisetas furadas a namorar levis surradas, de assistir a madrugada copular com o sol nascente e de fotografar tudo isso com filmes que só podem ser revelados em minúsculos quartos, aqueles ondem se escondem abismos, florestas e himalaias nunca desbravadas. isto posto, já tentei escrever sem pontuação, que pra mim é o melhor da causa. é assim que se vive sem ponto final na dimensão que sou. ao não escrever apenas antecipo isto. o que não quer dizer que os contos, poesias, crônicas, ensaios e até romances não existam em profusão sem pontuação alguma. os que tentaram ler ficaram confusos, sem saber interpretar o que realmente eu estava dizendo ou querendo. mas no fundo eles estavam querendo ler as suas histórias e não as minhas. e aí fica difícil pra qualquer escritor digo eu relendo o que não rolou.

Friday, September 20, 2024

alerta climático ou este meu otimismo é o que me estraga

trago boas novas para as crianças de agora: vocês não terão netos. sim, poderia dizer filhos. mas o que é isso? eu não sou um pessimista. aliás, meu otimismo é o que me estraga. crianças: quem viver não viverá.

Tuesday, September 17, 2024

herança de familia ou bilhete da loteria genética

infarto do miocárdio; acidente cerebral vascular; diabetes; calvície; câncer de próstata; câncer de pele; erisipela; trombose; varizes, muitas; problemas vasculares; pressão alta; doença renal crônica ( esta adquiri do meu próprio bolso e a psoríase souvenir de alguma outra existência);  flebite quase quase não. como vêem, sou um homem fagueiro com a possibilidade de vir a ser herdeiro de muitas propriedades herdadas de família com registro cartorial no IML. mas desde já transfiro de boa fé a quem se interessar possa. bônus de isenção de ITBI e nalguns casos isenção de imposto de renda no pacote. alguém se habilita?

Friday, September 13, 2024

geração z

geração de merda. até pra comer um cu pedem que enviem a localização. e tem de ser em tempo real; porque se for aproximada, eles enfiam a rola no umbigo isso se não enfiarem no próprio.

Friday, August 30, 2024

busca do tempo perdido

finalmente é chegado o tempo de ler proust.

dedada ou qual o tamanco do seu tempo?

senso comum, dizem fundamentado por constatações cientificas, que na velhice ou idade avançada, como querem, você não só encolhe fisicamente como existencialmente. mas alguns, muito poucos, não. crescem e crescem muito. e obviamente não estou falando de estatura física mas de estatura moral, política, artística. os que crescem no fim da estrada são os grandes, como aqueles corredores de maratona, principalmente os que saeem lá de trás e arrancam pra fazer a diferença muito além de romper as barreiras e linha de chegada. são estes os que dão uma tamancada entre tão somente viver e dar um alô para a eternidade. o tempo, de vez em quando, merece uma dedada.

axioma

tudo é por acaso.

que solidão que nada

meus discos preferidos, meus livros, fundamentais - e até os supérfluos - meus adorados animais, que me compreendem como ninguem, sejam os cães, os gatos e de lambuja, sem esquecer as plantas, timbus, cururus, saguis, gandus e pássaros, muitos, quase tantos como punhetas, o que também conta. como se sentir solitário assim mesmo vivendo "sozinho"? solitário me sentiria naquele almoço tradicional de família ao domingo, onde nada faz sentido e o prato servido é conversa requentada e vazia conversa, com as obscenidades, mediocridades e reacionarismos de sempre, sempre acompanhados da sobremesa moral religiosa, que desperta ânsias de vômitos, antes do cafezinho que fumaça ventriloquismos náuseabundos. antes só do que mal acompanhado é pouco. e lá vamos lá para a multidão que habita o meu quintal.

encoachadas

nestes tempos de acéfalos digitais, que se julgam crânios, a figura do coach suge como disputador oficial de púlpitos com a horda pentecostal do toma tudo na base do toma lá o copo d'água milagrosa "saloba" e dá cá o pix gordo. numa época que a internet deu voz aos imbecis, chega a ser paradoxal que alguém ainda mais imbecil surja para ser facilitador da imbecilidade alheia que se julga pra lá de esperta e diferenciada. o coach, é sinônimo de sucesso: pra ele , sempre faturando alto cagando regras que vão dá maneira correta de bolinar a cabeça do alfinete a limpeza da chaminé da estação interestelar. o coach tem a formatação correta de como falar, se portar, se auto valorizar, cagar, cuspir, comer, se masturbar (eita!), até de dar o cu debaixo do pé de melancia. e, pasmem! existe até o coach do coach. resumindo: o coach é aquele/a cara que tem a fórmula mágica de fazer com que você não seja mais você, enquanto ele cada vez mais segue sendo coach e enrabando você. tudo dentro dos procedimentos aprimorados como nos recomenda todo coach que se preze.

caduquices

hoje fiz vitamina de banana no liquidificador velho para ele não se sentir rejeitado. sei bem o que é isso. agora vai que o novo fica com ciúmes?

Thursday, August 29, 2024

no mundo do faz e conta

jornalista, publicitário, músico, cantor, compositor, ator, diretor, escritor, poeta, contista, memorialista, jogador de basquete ( pivô de cabeça. sim, aos 13 era alto para o esporte ) quase locutor, dublador e etc etc pra caralho.

Wednesday, August 28, 2024

do próprio umbigo

a arte me faz vivo

(e sei disso porque cada vez que me deparo com arte - muito mais do que com os artistas - meu corpo estremece e sou tomado pela emoção de sentir o belo em todas as suas formas até mesmo nas disformes)

não que eu seja propriamente artista
muito embora toda pessoa o seja
até que a sociedade o mate com sua burocracia formatadora de seres dormentemente rastejantes

restando aos que se salvam a loucura ou a manifestação artística autêntica que no fundo é uma espécie de loucura iluminada 
muito embora provenha de recônditos de escuridão que muito se assemelham a um vulcão

mas é diferente o universo do artista que não se deixa contaminar pela osmose do mercado

o verdadeiro artista
aquele que produz realmente arte
livre de conceitos definições e galerias
urra seu inconformismo em jorros
que mais parecem ressacas de morte
que explodem as paredes em vomitos de matéria viva

a arte que se domestica deixa de ser arte e se torna produto 

e produto não é arte
é adorno de prateleira 

por tanto muito difícil ser artista no capitalismo
não que seja fácil noutro istmo qualquer
mas sobreviver de arte
é figura de espírito 
não de bolso
são as regras do sistema 

o artista não é uma ilha
é um universo a parte
mas que não deixa de ser o universo
que cada vez mais somos formatados para não ver não ser não sentir

a vida sem arte nem de longe parece vida

mas como os mortos hão de perceber isto?

Tuesday, August 27, 2024

o magarefe

faça amolada 
corto a carne 
sem cebolas
destemperado 
e sem sal

caralho

e antes que faça bife dos meus braços
desosso músculos 
e chego às veias 
onde não corre sangue nem mel

sem surpresas
pra que cortes? ô estúpido!
murmura em salmoura
alma desfiada

já havia cheiro de carne oficina
em cada esquina dos amores
embriagados pela púrpura 
ora dos fracassos ora dos acertos
que tudo acaba na mesma valsa

dependurado no corpo
estes pedaços expostos
e os que se guardam atrás do balcão 
perfazem o corpo dilacerado em vida  
é que se dilatará em morte

é a tal coisa
peça picanha e se contente com coxão mole 

ou então faça sopa de ossos que
não existem amores gourmets

amor é carne de pescoço, lagarto, costela seca, ponta de agulha, cupim e outras paletas chinfrins

ainda assim 
para cada amor
a cutelaria da existência 
recorta em partes
o animal inteiro
que não se reconhece avulso
no açougue dos amores atemporais

e se carne de cabeça tem sustança
é o tesão 
o que bombeia todas as paixões (até as meias bombas)
que resultam almôndegas 
após juntar os nacos que se quedam ao chão

a carne moída 
dos abandonos em gancho
já ganha cartaz de preço baixo promoção em nome do coração
este pobre coitado
já pelancudo
que sempre leva com tudo
quando muitas vezes nem esteve presente

destarte 
nada repugna tanto 
quanto limpar esta sujeirada
madrugada a dentro

na escrita debalde
palavras a rodo
sebo nas galochas
para que de manhã o restabelecimento
esteja reluzente como um balcão de açougue ao levantar das grades

meus fregueses sempre elogiam o asseio do ambiente
ávidos por sangue romantizado até suspeitam da sujeira no retalho que ali houve
mas tamanha higiene do estabelecimento
que bem faz valer azougue seu nome
dão de ombros
e retocam a maquiagem na superfície espelhada do balcão frigorífico que pensam eles conservará suas faces 

mas por trás das portas de serviço
avental luvas toucas
ainda não lavadas
já se tornam refúgio
das moscas varejeiras
que desconfiam que o homem pós labor 
de mente desanuviada
só pensa agora em coloca-las no poema
desidratadas.




entre o alzheimer e o parkinson

memórias em fragmentos são 
lembranças de pedras sólidas 
assentadas em sonhos de nuvens
que se afogaram em estrelas cadentes
dançantes e meteóricas como as pulsações do coração que já reinou sobre a razão das razões 

as paixões de antes
já não se refletem no pênis
que não reflete as tesões de espelhos
antes quebrados do que bolorentos e embaçados
mas que refletem o homem que desponta entre a neblina outrora nascimento agora fim de linha com seu desaparecimento em aparições cada vez mais tênues 

tudo isto é um pouco do muito tudo
que se perde e se acha em cada instante que falece a cada momento que renasce

a mão de cujos dedos tantos acordes não mais
tristemente implora aos ouvidos novos tons 

daqueles que vêem e escutam canções de beto guedes com sua timidez noz moscada de sensibilidade mordida 
 
com os mesmos olhos molhados apesar de tanta presbiopia ante o futuro que cada vez mais uva que se torna passa

assim assim o cérebro é uma mapa estelar muito maior que o universo 
que o homem tenta desvendar para provar sua incapacidade de entender a si próprio mesmo nas noites de lua cheia mais estreladas
pois guarda sol de escuridão 
que queima seu espírito como o frio ártico de um sol que um dia foi incandescente

e eis que num átimo de eletricidade química, física e atômica tudo permanece e se esvai como a criança que deitou adolescente e acordou homem lobisomem
esquecido de tanto lembrar.

Monday, August 26, 2024

i want to be alone

muito embora todos creditem a garbo, há quem diga que ela nunca disse. vou lá saber? mas o fato, é que realmente i want tô bem alone.

Thursday, August 22, 2024

aviso aos navegantes

que confundem bússola com buceta: o cu não fica mais embaixo. e para chegar a ele, é preciso dobrar o cabo da boa esperança. 

Wednesday, August 21, 2024

limitações da lingua

quando nelson rodrigues vaticinou que os idiotas iriam vencer -  porque eles são muitos - não levamos muito a sério. afinal, era o reaça de plantão a marretar sua metralhadora giratória. mas quando umberto eco asseverou que a internet deu voz aos imbecis, já estávamos cercados de pulhas pra tudo que é lado.e são tantos os idiotas e imbecis ( entre outros gêneros danosos ao humanismo ) que me faltam palavras para adjetivá-los sem cometer repetições indignadas e redundâncias alopradas. as limitações da lingua frente aos bilhões de idiotas e imbecis sugerem um estado ainda piorado por uma geração que classifica duas linhas de "textão". de há muito, após estrupiar o aurélio, que já comecei a espinafrá-los em todas as línguas que conheço e não conheço. até em esperanto já os açodei. e faz falta não dominar os hieráticos, o kanji e as línguas indo-asiáticas e árabes. temo por isso mesmo estar me tornando um idiota na variante do avesso. na falta disso tudo estou aprendendo réplicas em banto ou nagô ou até mesmo em alguma língua indígena não importa o continente. como isso demora, vou usando por enquanto o bom e velho : vão tomar no seu cu.

Monday, August 19, 2024

vez não vez sim

às vezes 
sob esses lampiões imaginários 
dessas esquinas sujas e perigosas do presente
me imagino tombando no futuro
as palavras em falta 
a ânsia exalando em sangue

com as mãos do avesso
eu apenas imagino
que ontem estive aqui
a luz compactuava comigo
e eu como não fumo
fumaça o vazio.

Sunday, August 18, 2024

Saturday, August 17, 2024

feliz não aniversário

q idade tenho? cabeça não sabe. corpo também não. aliás mente, aparenta menos do que deveria, não se sabe por saúde ou rebeldia. documentos atestam número mas existência nem sempre corresponde a prova dos nove. fato é, que neste looping, ora manda o corpo e o não corpo. ora manda a cabeça e a não cabeça, incluindo, sem fazer piada velha, cabeça de baixo. no estado atual das coisas isso tem aspectos dúbios. na juventude, ser velho é uma merda. na velhice, ser jovem recordação ou não - é um degradê entre ser uma merda e ser cruelmente bom enquanto dura, nos lembram artrites, artroses, joelhos e sandices, a nova consciência deste limbo, onde brigas de gato entre a capacidade do corpo alquebrado responder aos estímulos do cérebro que continua a fazer-me rebelde. desafio as hienas do alzheimer e parkinson em lapsos de tempo onde existir é mais que necessidade um prazer. by the way, quando se comemoram aniversários, sopram-se velas. nunca gostei. se a vida é um sopro, vou lá gastar os meus com velas, que mais do que qualquer outra coisa prenunciam velas de caixão? sequer gasto meu tempo soprando feridas. o que sopro é vida enquanto houver. nem que seja pelo fundo. 

mundo de merda

tempo vivemos onde todas as qualidades para se respeitar alguém são as mesmas usadas para decretar sua morte civil ( o que rima com gil ). " saudades" de um tempo onde pão pão queijo queijo e não este pão com merda, este pão com linguiça podre, este pão com nutella vencida, que se tornou o debate de qualquer ordem ou desordem neste país de coliformes mentais.

paraíba sim senhor

nenhum edifício do altiplano é mais alto do que cátia de frança. destes edifícios se diz estarem mais pertos das nuvens. cátia é a própria nuvem. de seus cachos brancos ao sorriso derramado, habitam neves do kilmanjaro, raios e trovões de asgard, o mauna loa, bruxas intemporais e a menina e seus inseparáveis óculos de criança a cutucar o mundo com sua visão poiética que a torna um avatar de si própria, sendo ela cada vez mais ela. andaram querendo mudar o nome da capital da paraíba. pois bem: defenestrem joão pessoa e assentem cátia de frança. 

eternidade

a eternidade é o esquecimento. é lá onde tudo se encontra em movimento perpétuo. perdição alada em parafuso. que afunda, exatamente onde um dia emergiu a lembrança para ser devorada pela areia movediça da ampulheta derramada em si própria. o esquecimento é uma benção. a lembrança, uma maldição. esqueçamo-nos enquanto é tempo -  lembranças não passam de lambanças. é como querer dar corda pra quem já está enforcado; como querer dar corda para um relógio, cuja corda rebentou trincando até o vídro do mostrador, por onde ponteiros se puseram em desabalada fuga do cárcere que é a contagem do tempo que ilude todos aqueles que os contam em horas, minutos e segundos. o tempo é a soma de todos os esquecimentos, onde os quasares pulsam mas sem jamais se tornarem universo.

Tuesday, July 23, 2024

gift

tudo o que o futuro me deu foi um bom passado - ou seria bem passado?

Wednesday, July 03, 2024

pequenas anotações musicais 2

beatles ou rolling stones? cindy lauper é que é. mas madonna é que tornou-se a "rainha do pop" -  ainda bem porque cindy detestaria. e puta que o pariu! que porra é está de designar artistas como reis disso ou daquilo? é o realce do pensamento servo. fodam-se! por isso cindy foi e é imensamente maior e melhor que madonna, cantando, compondo, performando, ativando, criando. realmente disruptiva. madonna foi uma excelente " gerente de banco" , se é que me entendem.

pequenas anotações musicais

lennon e mccartney. "the great composers since bethoven" e blá blá blá. mas quem compôs here come the sun e something foi harrison. next! ( e vão se foder porque sem a bateria de ringo, beatles seria 1 beat requentado )

Friday, May 03, 2024

profecia

terei o destino de todos os cães que não salvei e jamais as sete vidas dos gatos que salvei.

acidentes geográficos

na juventude, um iceberg. tufo de músculos estendidos , sexo and rock roll, emoções e sonhos em dispersão, que tanto mais não acontecidos, mais davam base, com tanta ilusão derretida, tanto beijo partido, tanto amor deslavado. acontece; dá-se menino rapaz homem se desminliguindo, esvaindo-se em lava de borboletas em rodopio desfigurado. ah! mas isso tudo tem mais a ver com vulcão, diriam: esse fogo todo não combina se é frio o iceberg? ( como se o gelo não queimasse) mas a geografia humana engana. além disso, só uma metáfora mal sucedida assim se revelaria, pois apenas a ponta se mostrou, já que todo o resto petrificou ensimesmado. hoje, passado presente tempo futuro, um inselbergue. nenhuma melhor definição, metáfora, analogia. mas naquele monolito pedrado na paisagem dita nordestina de secura e amplidão quiçá ainda esconda, quem sabe?  pequena nascente que um dia se tornou icebergue.

Wednesday, May 01, 2024

sorrateiramente

cada vez mais somos poucos e loucos. mas ao contrário das multidões tatibates e engalfinhadas na mediocridade, nos temos a arte ou as artes como beiras e no rasgar dos tempos as artimanhas de permacer imutáveis em nossa invisível mudança.

Friday, April 26, 2024

átimo

nada mais longo que um breve instante. e como se o longevo não bastasse, há os casos (e não só de amor) onde este breve se queda para sempre.

Sunday, April 21, 2024

daquelas

remexendo e esvaziando gavetas. estufadas de tantas lágrimas e risos em bolor crescente, acho até fotos desbotadas com os gases dos tempos passados, a forçar as paredes de tais gavetas presas por um futuro que em breve não mais as sustenta. tanta vida vivida e vida que foi embora e pior: vida que não chegou a ser vivida. mas o que mais me chateia é a poeira dos tempos. isso causa uma alergia daquelas. e o resultado não é saudade ou muito menos depressão nem sequer leve nostalgia. mas porra, dá uma rinite daquelas.

Saturday, April 20, 2024

a plenos pulmões

vida é sopro. catacrese que nos diz que é átimo ou seja: nada mais que  breve instante. mas este sopro não vem de nenhum soprador de vidro divino, como muitos espertalhões sempre quiseram fazer crer. fazendo disto seu meio de vida; e assim encher seus bolsos, em sua ânsia de roubo e poder, desfiguradamente engabelando paspalhos que creditam a deuses seu sopro de vida e assim submetendo ela, a sua vida, a ditames que só a enfraquecem, enquanto perdem o controle sobre a mesma. ou seja novamente mais e mais se metamorfoseando em títere. e títere, é sabido, não tem vida própria. e muito menos pulmões. assim, é sensato, rico, magnânimo, que seja você a soprar a sua própria vida. portanto as suas velas, longânimo que seja ou senha para tal. mas tal assoprado, há que cuidar, não seja de tal forma destrambelhado ou de tal modo assaz ansioso que o sopro saia pela culatra ou seja pelo cu, o que lhe trará uma vida cu, vida de merda ou não mais que um peido, o que convenhamos é uma bosta. mas há antídoto. há que se demandar sensibilidade, inteligência, afeto, para as gentes e para as artes, sem esquecer os bichos e a natureza, incluindo a sua própria, que não se desliga da outra por mais que vivamos um tempo onde assim o é e que por isso mesmo estamos a perder tal quantidade de sopros que vivemos asfixiados pelos outros e por nós mesmos. carece cuidar que antes de soprar temos de aspirar: o bom ar, os bons sentimentos - e nada disto tem a ver ou precisa de deuses - tão delicadamente como assopramos a nuca do amante ou o arranhão da criança, que depois de cessar o choro,  descobrirá que o assopro também contém bactérias ou seja: quem assopra também morde. e que muita gente assoprada morde os beiços. 

Sunday, April 07, 2024

to be or not to be

não sei se sou mais humano porque os animais, o olhar dos animais, me emociona profundamente ou se há muito deixei de ser humano, por que os animais, o olhar dos animais, cada vez mais me emociona profundamente; e é neles que me reconheço.

Wednesday, March 27, 2024

desencontro

deve o escritor correr atrás do leitor ou leitor deve correr atrás do escritor? nem uma coisa nem outra. devem se encontrar mesmo que o desencontro seja assunto tratado ou destratado. e então, pra que tanta pressa?

Tuesday, March 26, 2024

unas cositas más

há coisas que escrevo para mostrar como sou ou como não soul? ( sim, eu sei, o " trocadilho" é raso mas não sou das palavras profundo) também não sou amostrado. mas já fui. já fui também amestrado - mas nunca domesticado - e hoje não sou uma coisa nem outra. apenasmente amostra grátis do que muitos bem pagos não. não preciso de gorjetas, se é que me entende. se entendo ou não do riscado o risco é muito mais seu do que meu. vou escrevivendo como diria o jomard. mas nem sempre vejo ou vivo por onde pisam ou voam as palavras. e aí levo uma pisa, enquanto a vizinhança pede pizza com guaraná, diet, argh! posto que escorre nas minha veias sangue do kibe cru, feito com as sobras do que não é osso, na carne que se desprega da minha in sensatez rasteira mente pró pus poética, para encher o saco que cada vez mais pesa o quanto não vale mas que me vale a pena, já que sou península, nem ilha ou continente e muito menos dormente.

Sunday, March 24, 2024

curvas

eu sou o homem que dobrou a esquina do futuro quando ela já era a esquina do passado.

reflexo

que homem é este, que miro no espelho e o espelho não vê?

Friday, March 22, 2024

encontro de contas

sobrevivendo, o que fica de verdade é que a vida me deu muito mais do que tomou. se o que tomou foi mais importante do que deu eu nem relincho mais, pois se dado pela vida não tenho que ranger os dentes. se ela podia ter avisado no que tomou? bom, ela támbem não avisou quando deu. e quem disse que num caso ou noutro ela não avisou e eu é que não notei porque estava vivendo desabrochadamente? o fato é que contabilizar perdas e ganhos nesta vida - ou vc acredita que tem outra ? - não é só tempo perdido. é ofício para contador, que não é o meu caso. já em contação de historias, sou personagens. já fui chinfrin, já fui quixote, de pança nem a de sancho e olha que até já fui mercúrio mas isso no teatro e quase famoso algumas vezes. da vida o que mais levei, contra e a favor, foi a ironia como as coisas aconteceram e as histórias de desenrolaram? sim, a vida, no fundo ou no raso, é uma grande ironia sendo ela, isto mesmo, a própria. e algumas ironias da vida são impagáveis alguns, lamentam muito mais o que perderam - e muitos realmente perderam muito mais do muitos outros suportariam - do que até mesmo o pouco que ganharam. mas em matéria de vida, o que é pouco e o que é muito entre lucros e perdas que ao fim e ao cabo estão fadados a ser cessantes? se vivermos a vida tão somente pela aritmética duvido que não tenha sido uma vida chata do caralho, tal qual é preencher declarações de imposto de renda, onde você busca deduções para justificar gastos e obter devoluções ilusórias pois se gastou gastou não tem volta a não ser que você creia que a vida devolve com lucros, o que mais parece conversa daquele tipo de pastor que faz de jesus o maior estelionatário de todos os tempos além de agiota asqueroso. há que se viver sempre e sempre é melhor sem objetivar lucros maiores do que as perdas. no fim, no encontro de contas, viveu mais quem teve ganhos ou perdas de tamanho incomensurável. mas não tente fazer caber tudo isto num formulário. talvez fique bem num epitáfio. mas vai escrever o quê? que a vida ficou lhe devendo ou que saiu dela sem dívidas? quanto a mim, talvez o gastei o que podia e o que não podia. - e se pudesse gastava desbragadamente muito mais. mesmo que os outros não lhe tenham dado crédito em vida, a vida sempre lhe deu. se você não usou agora é tarde. mas isso é pensamento para ruminar nos estertores. e como você ainda não está sepultado aproveite, mesmo que esteja com tônus deteriorado, o cheque em branco que a vida lhe dá ou o pix que seja, se isto lhe faz sentir mais moderno. só não aja como os incautos que estão começando agora e já com a velha mentalidade de " economizar em vida para usar na morte". evite o desperdício diria a ironia nem tão oculta.

Monday, March 18, 2024

c'est lá vie

vida é inevitável. mas pobres humanos fincam pé no "a morte é inevitável". como disse cazuza, eu vi a cara da morte e ela estava viva. até ela. como o disse torquato, a turma da morte é fogo. mas a turma da vida é viva. e quem não vive não morre. por isso tantos cadáveres ambulantes por aí. não sou zumbi. meu bloco é dos quem não pode se sacode. e vamos balançar o esqueleto. nem precisa chamar o síndico. é só chacoalhar a mesmice que a vida encanta. quem canta seus males espanta. afrouxa o riso e segura o cu. todo o resto é lucro. tributável, of course.

Monday, March 11, 2024

quase quântico

eu não sou escritor. apenas trapaceio com (as) palavras - "que servem muito mais para esconder do que pra revelar", escrevi um dia numa canção apaixonada, sem trapaças - . e o maior erro de um trapaceiro é julgar-se escritor. isto serve para alguns escritores, que aceitam ser chamados de escritores quando sequer trapaceiros são. é o desastre é caquético quando não se é uma coisa nem outra e se julga ser as duas. não ser nada na maioria das vezes é sempre melhor que ser tudo que não se é.

Sunday, March 10, 2024

hapiness is warm gun

talvez o que melhor defina o humano seja a constatação de que nós somos seres destinados à busca. e entre as buscas, seja pelo desconhecido, seja pela fama, pelo dinheiro, pelo sexo, pelo poder, a mais buscada, incessantemente, é a tal busca pela felicidade, que na maioria dos casos leva a infelicidade total. é certo que o humano, cujo poder de adaptação as mais terríveis tragédias, dores ou dilacerações é quase inacreditável, é absolutamente desprovido da capacidade de ser feliz e sentir-se bem com isto. haja paradoxo. e se assim não fosse não teríamos o quadro histórico do seu vagar em busca da felicidade. do início dos tempos a atualidade verifica-se de maneira constante sua assinatura da incapacidade de ser feliz. o preenchimento do buraco do ser que não consegue ser feliz cabe uma centena de titanics dentro - e toda sorte de gadgets, que vão de ferraris a ilhas no pacífico, aos horrores de dubai, incluindo os mixurucas bifes com ouro (argh) - já o ser feliz, não tem buracos, além óbvio dos fisiológicos. tem a pele lisa, quase não tem cravos. sorrisos cativantes com ou sem dentes, que contagiam ao tempo que incomodam os infelizes como uma picada de mosquito renitente. diante de tanta simplicidade - o ser complexo e sofisticado é o contraditório da ideia de felicidade - nos fazem catituar onde o nexo desta alegria oriunda da felicidade em seres que também geralmente não tem apegos materiais dignos de registro. aliás, a felicidade, gosta de se esconder no anonimato da miséria o que não significa que basta ser miserável para ser feliz ao tempo que estabelece que não há lei - embora tentem - que determine que o miserável não possa ser feliz. se há a miséria da filosofia por que não a miséria da felicidade? para contrapor a miséria da infelicidade que aflige ainda mais abastados, porque estes são mais frágeis as adversidades por mais que a sua abundância material dê um aparato que não é garantia. se a felicidade é um algodão doce, o tal efêmero que se desmancha no ar, o ser que consegue ser feliz é um caçador de borboletas, que não as espreme dentro de um livro ou em mostruários empolados. apenas faz o arco do movimento de pega como se estivesse tentando pegar o arco-iris com puçá sendo neste movimento o próprio. e cujo sorriso nunca é frustante com a falha, por vezes mais radiante, ainda que contido, do que com a alegria da captura, que se catapulta quando a solta. já o infeliz é praticante de safari. pendura cabeças de rinoceronte, leões e gamos na parede para eternizar a sua sina. o lugar comum de que a felicidade está nas coisas mais simples é o lugar incomum que poucos acham já que as coisas para o infeliz tem de estar sempre em seu lugar. a felicidade faz uma bagunça em nossas vidas. deve ser por isso que apesar da procura desperdiçamos várias oportunidades querendo alça-las a prateleiras. decididamente lá ela não cabe nem lá ela se acha. se a felicidade não passa de uma ilusão que a realidade macera. lamentamos informar que a realidade também o é, espécie de ilusão. e que a felicidade não máscara a realidade, como somos induzidos a pensar, ela a desmascara. por isso é tão temida por muitos (inclusive pelos mantenedores do poder) e apreciada por tão poucos. a felicidade é uma arma quente já dizia o cantor.

Tuesday, February 27, 2024

um dia

cansada, minha alma deixou-me ir; enquanto fica perambulando por aí. mas tem volta?

Wednesday, January 03, 2024

uma questão de fé

não levo a menor fé em quem não diz palavrão. menos ainda, em quem troca o caralho! por caraca! ou caramba! e muito menos, em quem do nada para nada, por tudo, usa o jesus amado, meu deus, valha-me nossa senhora, tirando a porra do seu lugar, para manifestar " divinamente" o seu espanto moral, desencanto ou tesão reprimida ou porque não tem nada a dizer. estou farto desta gente hipócrita, eufemista e subrepticia. fodam-se. vão todos logo pra casa do caralho.