Tuesday, October 01, 2024

a invisível pena do ser

a cada dia vão se avolumando em mim histórias e estórias que pedem para serem contadas. ora aguilhoando, ora sutis como brisas que minhas sobrancelhas sequer percebem mas os poros sim. são contos, crônicas, poemas, ensaios e até romance que nunca me atrevi ser. meus elfos, duendes e gnomos são eles. como também o são, ainda mais furiosos, horrendos personagens, que fariam terror aos do cinema, que nos meus rascunhos se veriam voltados à matinê. mas não escrevi nunca. sou pálido escritor. o que vem em jorro deixo na calçada dos escarros. alguns amigos dizem que cuspo pra cima e o compositor que me esqueço acima do sol. poderia, com mais sorte do que talento, ousar brilhar a alcunha de escritor. é um grande exercício de vida. mas o fitness dos meus devaneios é favorável a câimbras do estilo. meu ego e minha vaidade não ajudam muito. são como vírgulas mal colocadas, o que aliás faço a tal ponto que me epitetaram como o cara das vírgulas esquizofrênicas. e aí percebi que a esquizofrenia é bem mais centrada que a tal lucidez com a qual querem nos modelar. contos, poemas, romance, histórias e estórias são como carrapichos em minha corrente de tempo espaço do sentir. incomodam,  mas depois de um tempo você deixa quieto. é o seu jardim das delícias e dos horrores mais do que particular. só você tem acesso e isso o meu eu gosta. assim como gosto de detestar as maiúsculas, com suas posturas que se querem superiores menosprezando-as de tal maneira que a minha repulsa as reticências as igualam. e aí já é gozo duplo matar estes dois ditames de uma só canetada e sem gastar tinta. eu me tornei um ser digital apenas para revigorar o analógico. gosto de máquinas de escrever, de discos de vinil, de cds nos rádio despertadores, de dançar na luz negra, de camisetas furadas a namorar levis surradas, de assistir a madrugada copular com o sol nascente e de fotografar tudo isso com filmes que só podem ser revelados em minúsculos quartos, aqueles ondem se escondem abismos, florestas e himalaias nunca desbravadas. isto posto, já tentei escrever sem pontuação, que pra mim é o melhor da causa. é assim que se vive sem ponto final na dimensão que sou. ao não escrever apenas antecipo isto. o que não quer dizer que os contos, poesias, crônicas, ensaios e até romances não existam em profusão sem pontuação alguma. os que tentaram ler ficaram confusos, sem saber interpretar o que realmente eu estava dizendo ou querendo. mas no fundo eles estavam querendo ler as suas histórias e não as minhas. e aí fica difícil pra qualquer escritor digo eu relendo o que não rolou.

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