Wednesday, October 23, 2024

vai ver se eu estou lá na esquina ( já adianto que não estou )

muito se canta, se louva, se apanagia, o encontro de alguém com outro; a quem chamam de alma gêmea, cara metade; metade da laranja ( argh! ) e o chulezeiro, sempre há um chinelo velho para cada pé torto. é o atestado da mais completa frieira, da incapacidade humana de fazer valer a sua vida por inteiro ( e de produzir analogias e ou ditados pra lá de "pés de chinelo" - com sua origem não menos estigmatizadora ). o grande encontro da vida e na vida, é o encontro consigo mesmo. raro, alucinógeno, algumas vezes tenebroso mas sempre o mais  revelador e tão pouco cultuado na crítica comportamental. quanto mais você procura o encontro através do outro mais longe você está de sí. é sempre fuga, perdição, disfarce. nunca é você mesmo. até porque, não sendo você, você mesmo, continuará a saga do outro e dos outros. não se trata de narcisismo ou jogos de palavras bobo. trata-de da verdade. como alguém desencontrado de si mesmo pode produzir encontros? no máximo, trombadas. por isso, quando alguém se declara a mim dizendo que eu sou " a tampa da sua panela ", a calda ferve e eu digo vai ver se eu estou lá na esquina. e trato de sair do local, para evitar o alto risco de alguém voltar e dizer: não, não está.

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