Monday, December 16, 2024

da jardinagem


da casa nova, ainda por reconstruir, quero varanda de redes e cadeiras preguiçosas, para aproveitar a nesga de vista que terei do mar, o suficiente para ver, sentir, saber, que não estou lá mas estou perto. terreno " grande ", 15 x 30, como todos de esquina, cá por estas bandas. já tenho distribuição dos comodos e aproveitamento do terreno mas dúvida ambidestra sobre a arquitetura. ousada, como parte de mim ou simples, sem ser simplista, a outra parte. qualquer das partes, levo em consideração espaços destinados as fruteiras, plantas e sobretudo o aconchego a penca de cães, gatos, jabutis e, gostava eu, de timbus, não fossem os cães implacaveis até suas mortes; sempre lembrete de que não existe paz completa. mas uma coisa foi definitiva desde que decidi aqui morar: haveria um canteiro, algo como 4 metros à frente da varanda, o suficiente para albergar flores de cores diversas, matizes de azul, roxo, branco vermelho, amarelo e rubi. e por entre elas, veria a pequena aquarela de verde, longe vista do mar, a compor o quadro que me quero bucólico, tais aqueles de feirinhas dominicais onde tudo se vende em nome dos sem nome. isto posto, pensei com meus espinhos: para tal empreitada, ainda mais por ser delicada, melhor contratar profissional, orientação abalisada sobre convivência das espécies - a convivência é sempre um problema em qualquer reino - adubação, rega, enfim: de tudo um pouco que faço por instinto, sublinhe-se muito mais animal do que vegetal, o que me faz prudente em buscar ajuda. mas não sem antes ressaltar a moçoila que já tinha especies escolhidas e que tais seriam obrigatórias, respondendo-lhe ao deixe comigo, se me der liberdade, farei um canteiro que lhe fará satisfeito. no que complementei: a obrigatoriedade destas plantas que escolhi, deve-se a promessa feita as suas matrizes de que mudariam comigo para a casa  onde definitivamente seriam melhor tratadas. como promessa é divida, estava fora de questão não cumprir o prometido. dívida com plantas, seria imperdoavelmente insuportável não obstante as demais dividas que carrego. sim, porque das dívidas, a pior, são as dívidas consigo próprio. sempre por pagar, sempre a contrair, sempre a pedir mais prazo ao agiota do tempo. e que a maioria invariavelmente morre sem honrá-las. até porque viver é um estado permanente de dívidas, o que não é desculpa para não pagá-las nem que seja com a propria vida, que nos tempos atuais é uma dí-vida consignada ao vazio preenchido por boletos. mas comigo não violão. prometi as plantas e vou cumprir. portanto você tem toda a liberdade de compor o canteiro desde que as matrizes de azul, roxo, branco, vermelho, amarelo e rubi estejam fincadas, de sorte que possa diariamente cumprimentá-las e sentir que finalmente estamos em casa.

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