viagens,rotas e destinos.pirambeiras,becos e ruelas. atalhos e picadas.portas,pontilhões e ponta-pés. vida trilhada à pele.enfim,um blog que coleciona topadas e joanetes a procura da reflexologia podal.
Friday, August 30, 2024
dedada ou qual o tamanco do seu tempo?
senso comum, dizem fundamentado por constatações cientificas, que na velhice ou idade avançada, como querem, você não só encolhe fisicamente como existencialmente. mas alguns, muito poucos, não. crescem e crescem muito. e obviamente não estou falando de estatura física mas de estatura moral, política, artística. os que crescem no fim da estrada são os grandes, como aqueles corredores de maratona, principalmente os que saeem lá de trás e arrancam pra fazer a diferença muito além de romper as barreiras e linha de chegada. são estes os que dão uma tamancada entre tão somente viver e dar um alô para a eternidade. o tempo, de vez em quando, merece uma dedada.
que solidão que nada
meus discos preferidos, meus livros, fundamentais - e até os supérfluos - meus adorados animais, que me compreendem como ninguem, sejam os cães, os gatos e de lambuja, sem esquecer as plantas, timbus, cururus, saguis, gandus e pássaros, muitos, quase tantos como punhetas, o que também conta. como se sentir solitário assim mesmo vivendo "sozinho"? solitário me sentiria naquele almoço tradicional de família ao domingo, onde nada faz sentido e o prato servido é conversa requentada e vazia conversa, com as obscenidades, mediocridades e reacionarismos de sempre, sempre acompanhados da sobremesa moral religiosa, que desperta ânsias de vômitos, antes do cafezinho que fumaça ventriloquismos náuseabundos. antes só do que mal acompanhado é pouco. e lá vamos lá para a multidão que habita o meu quintal.
encoachadas
nestes tempos de acéfalos digitais, que se julgam crânios, a figura do coach suge como disputador oficial de púlpitos com a horda pentecostal do toma tudo na base do toma lá o copo d'água milagrosa "saloba" e dá cá o pix gordo. numa época que a internet deu voz aos imbecis, chega a ser paradoxal que alguém ainda mais imbecil surja para ser facilitador da imbecilidade alheia que se julga pra lá de esperta e diferenciada. o coach, é sinônimo de sucesso: pra ele , sempre faturando alto cagando regras que vão dá maneira correta de bolinar a cabeça do alfinete a limpeza da chaminé da estação interestelar. o coach tem a formatação correta de como falar, se portar, se auto valorizar, cagar, cuspir, comer, se masturbar (eita!), até de dar o cu debaixo do pé de melancia. e, pasmem! existe até o coach do coach. resumindo: o coach é aquele/a cara que tem a fórmula mágica de fazer com que você não seja mais você, enquanto ele cada vez mais segue sendo coach e enrabando você. tudo dentro dos procedimentos aprimorados como nos recomenda todo coach que se preze.
caduquices
hoje fiz vitamina de banana no liquidificador velho para ele não se sentir rejeitado. sei bem o que é isso. agora vai que o novo fica com ciúmes?
Thursday, August 29, 2024
no mundo do faz e conta
jornalista, publicitário, músico, cantor, compositor, ator, diretor, escritor, poeta, contista, memorialista, jogador de basquete ( pivô de cabeça. sim, aos 13 era alto para o esporte ) quase locutor, dublador e etc etc pra caralho.
Wednesday, August 28, 2024
do próprio umbigo
a arte me faz vivo
(e sei disso porque cada vez que me deparo com arte - muito mais do que com os artistas - meu corpo estremece e sou tomado pela emoção de sentir o belo em todas as suas formas até mesmo nas disformes)
não que eu seja propriamente artista
muito embora toda pessoa o seja
até que a sociedade o mate com sua burocracia formatadora de seres dormentemente rastejantes
restando aos que se salvam a loucura ou a manifestação artística autêntica que no fundo é uma espécie de loucura iluminada
muito embora provenha de recônditos de escuridão que muito se assemelham a um vulcão
mas é diferente o universo do artista que não se deixa contaminar pela osmose do mercado
o verdadeiro artista
aquele que produz realmente arte
livre de conceitos definições e galerias
urra seu inconformismo em jorros
que mais parecem ressacas de morte
que explodem as paredes em vomitos de matéria viva
a arte que se domestica deixa de ser arte e se torna produto
e produto não é arte
é adorno de prateleira
por tanto muito difícil ser artista no capitalismo
não que seja fácil noutro istmo qualquer
mas sobreviver de arte
é figura de espírito
não de bolso
são as regras do sistema
o artista não é uma ilha
é um universo a parte
mas que não deixa de ser o universo
que cada vez mais somos formatados para não ver não ser não sentir
a vida sem arte nem de longe parece vida
mas como os mortos hão de perceber isto?
Tuesday, August 27, 2024
o magarefe
faça amolada
corto a carne
sem cebolas
destemperado
e sem sal
caralho
e antes que faça bife dos meus braços
desosso músculos
e chego às veias
onde não corre sangue nem mel
sem surpresas
pra que cortes? ô estúpido!
murmura em salmoura
alma desfiada
já havia cheiro de carne oficina
em cada esquina dos amores
embriagados pela púrpura
ora dos fracassos ora dos acertos
que tudo acaba na mesma valsa
dependurado no corpo
estes pedaços expostos
e os que se guardam atrás do balcão
perfazem o corpo dilacerado em vida
é que se dilatará em morte
é a tal coisa
peça picanha e se contente com coxão mole
ou então faça sopa de ossos que
não existem amores gourmets
amor é carne de pescoço, lagarto, costela seca, ponta de agulha, cupim e outras paletas chinfrins
ainda assim
para cada amor
a cutelaria da existência
recorta em partes
o animal inteiro
que não se reconhece avulso
no açougue dos amores atemporais
e se carne de cabeça tem sustança
é o tesão
o que bombeia todas as paixões (até as meias bombas)
que resultam almôndegas
após juntar os nacos que se quedam ao chão
a carne moída
dos abandonos em gancho
já ganha cartaz de preço baixo promoção em nome do coração
este pobre coitado
já pelancudo
que sempre leva com tudo
quando muitas vezes nem esteve presente
destarte
nada repugna tanto
quanto limpar esta sujeirada
madrugada a dentro
na escrita debalde
palavras a rodo
sebo nas galochas
para que de manhã o restabelecimento
esteja reluzente como um balcão de açougue ao levantar das grades
meus fregueses sempre elogiam o asseio do ambiente
ávidos por sangue romantizado até suspeitam da sujeira no retalho que ali houve
mas tamanha higiene do estabelecimento
que bem faz valer azougue seu nome
dão de ombros
e retocam a maquiagem na superfície espelhada do balcão frigorífico que pensam eles conservará suas faces
mas por trás das portas de serviço
avental luvas toucas
ainda não lavadas
já se tornam refúgio
das moscas varejeiras
que desconfiam que o homem pós labor
de mente desanuviada
só pensa agora em coloca-las no poema
desidratadas.
entre o alzheimer e o parkinson
memórias em fragmentos são
lembranças de pedras sólidas
assentadas em sonhos de nuvens
que se afogaram em estrelas cadentes
dançantes e meteóricas como as pulsações do coração que já reinou sobre a razão das razões
as paixões de antes
já não se refletem no pênis
que não reflete as tesões de espelhos
antes quebrados do que bolorentos e embaçados
mas que refletem o homem que desponta entre a neblina outrora nascimento agora fim de linha com seu desaparecimento em aparições cada vez mais tênues
tudo isto é um pouco do muito tudo
que se perde e se acha em cada instante que falece a cada momento que renasce
a mão de cujos dedos tantos acordes não mais
tristemente implora aos ouvidos novos tons
daqueles que vêem e escutam canções de beto guedes com sua timidez noz moscada de sensibilidade mordida
com os mesmos olhos molhados apesar de tanta presbiopia ante o futuro que cada vez mais uva que se torna passa
assim assim o cérebro é uma mapa estelar muito maior que o universo
que o homem tenta desvendar para provar sua incapacidade de entender a si próprio mesmo nas noites de lua cheia mais estreladas
pois guarda sol de escuridão
que queima seu espírito como o frio ártico de um sol que um dia foi incandescente
e eis que num átimo de eletricidade química, física e atômica tudo permanece e se esvai como a criança que deitou adolescente e acordou homem lobisomem
esquecido de tanto lembrar.
Monday, August 26, 2024
i want to be alone
muito embora todos creditem a garbo, há quem diga que ela nunca disse. vou lá saber? mas o fato, é que realmente i want tô bem alone.
Thursday, August 22, 2024
aviso aos navegantes
que confundem bússola com buceta: o cu não fica mais embaixo. e para chegar a ele, é preciso dobrar o cabo da boa esperança.
Wednesday, August 21, 2024
limitações da lingua
quando nelson rodrigues vaticinou que os idiotas iriam vencer - porque eles são muitos - não levamos muito a sério. afinal, era o reaça de plantão a marretar sua metralhadora giratória. mas quando umberto eco asseverou que a internet deu voz aos imbecis, já estávamos cercados de pulhas pra tudo que é lado.e são tantos os idiotas e imbecis ( entre outros gêneros danosos ao humanismo ) que me faltam palavras para adjetivá-los sem cometer repetições indignadas e redundâncias alopradas. as limitações da lingua frente aos bilhões de idiotas e imbecis sugerem um estado ainda piorado por uma geração que classifica duas linhas de "textão". de há muito, após estrupiar o aurélio, que já comecei a espinafrá-los em todas as línguas que conheço e não conheço. até em esperanto já os açodei. e faz falta não dominar os hieráticos, o kanji e as línguas indo-asiáticas e árabes. temo por isso mesmo estar me tornando um idiota na variante do avesso. na falta disso tudo estou aprendendo réplicas em banto ou nagô ou até mesmo em alguma língua indígena não importa o continente. como isso demora, vou usando por enquanto o bom e velho : vão tomar no seu cu.
Monday, August 19, 2024
vez não vez sim
às vezes
sob esses lampiões imaginários
dessas esquinas sujas e perigosas do presente
me imagino tombando no futuro
as palavras em falta
a ânsia exalando em sangue
com as mãos do avesso
eu apenas imagino
que ontem estive aqui
a luz compactuava comigo
e eu como não fumo
fumaça o vazio.
Sunday, August 18, 2024
Saturday, August 17, 2024
feliz não aniversário
q idade tenho? cabeça não sabe. corpo também não. aliás mente, aparenta menos do que deveria, não se sabe por saúde ou rebeldia. documentos atestam número mas existência nem sempre corresponde a prova dos nove. fato é, que neste looping, ora manda o corpo e o não corpo. ora manda a cabeça e a não cabeça, incluindo, sem fazer piada velha, cabeça de baixo. no estado atual das coisas isso tem aspectos dúbios. na juventude, ser velho é uma merda. na velhice, ser jovem recordação ou não - é um degradê entre ser uma merda e ser cruelmente bom enquanto dura, nos lembram artrites, artroses, joelhos e sandices, a nova consciência deste limbo, onde brigas de gato entre a capacidade do corpo alquebrado responder aos estímulos do cérebro que continua a fazer-me rebelde. desafio as hienas do alzheimer e parkinson em lapsos de tempo onde existir é mais que necessidade um prazer. by the way, quando se comemoram aniversários, sopram-se velas. nunca gostei. se a vida é um sopro, vou lá gastar os meus com velas, que mais do que qualquer outra coisa prenunciam velas de caixão? sequer gasto meu tempo soprando feridas. o que sopro é vida enquanto houver. nem que seja pelo fundo.
mundo de merda
tempo vivemos onde todas as qualidades para se respeitar alguém são as mesmas usadas para decretar sua morte civil ( o que rima com gil ). " saudades" de um tempo onde pão pão queijo queijo e não este pão com merda, este pão com linguiça podre, este pão com nutella vencida, que se tornou o debate de qualquer ordem ou desordem neste país de coliformes mentais.
paraíba sim senhor
nenhum edifício do altiplano é mais alto do que cátia de frança. destes edifícios se diz estarem mais pertos das nuvens. cátia é a própria nuvem. de seus cachos brancos ao sorriso derramado, habitam neves do kilmanjaro, raios e trovões de asgard, o mauna loa, bruxas intemporais e a menina e seus inseparáveis óculos de criança a cutucar o mundo com sua visão poiética que a torna um avatar de si própria, sendo ela cada vez mais ela. andaram querendo mudar o nome da capital da paraíba. pois bem: defenestrem joão pessoa e assentem cátia de frança.
eternidade
a eternidade é o esquecimento. é lá onde tudo se encontra em movimento perpétuo. perdição alada em parafuso. que afunda, exatamente onde um dia emergiu a lembrança para ser devorada pela areia movediça da ampulheta derramada em si própria. o esquecimento é uma benção. a lembrança, uma maldição. esqueçamo-nos enquanto é tempo - lembranças não passam de lambanças. é como querer dar corda pra quem já está enforcado; como querer dar corda para um relógio, cuja corda rebentou trincando até o vídro do mostrador, por onde ponteiros se puseram em desabalada fuga do cárcere que é a contagem do tempo que ilude todos aqueles que os contam em horas, minutos e segundos. o tempo é a soma de todos os esquecimentos, onde os quasares pulsam mas sem jamais se tornarem universo.
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