sob todas as pontes de vista
a miséria encalhada nas marés secas
e afogada nas marés cheias
espuma como as entranhas de caranguejo morto
nem move nem comove
urbe que nem queixa-se mais
de tanta feiura no ferver
de um desaguar entupido
dos rios de outrora púrpuras e piabiçus,agora pus
onde antes dos peixes
os meninos morreram por falta de oxigênio
cidade de ilusórias vistas aéreas
postcard amarelada de sí mesmo
hoje apenas afunda,
deita-se e borbulha
totalmente crustácea
de pernas pro ar
2 comments:
Sempre digo que todo redator tem uma poeta lhe comendo as entranhas, mais uma vez tenho razão. Muito bom o poema.
Ei lá em cima é "um poeta" e a metáfora não tem nenhuma conotação sexual, rs
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