viagens,rotas e destinos.pirambeiras,becos e ruelas. atalhos e picadas.portas,pontilhões e ponta-pés. vida trilhada à pele.enfim,um blog que coleciona topadas e joanetes a procura da reflexologia podal.
Monday, October 27, 2025
reencarnação
humanos sentem ou tem pressentimentos de quando vão morrer. mas não sentem quando vão nascer. talvez porque se o soubessem dariam meia volta e voltariam a não nascer. a lei do menor esforço sempre prevalece até mesmo diante da lei da sobrevivência por mais inacreditável que pareça. eu não nasci ontem.
van gogh
em meu silêncio multidões de gritos angustiados enquanto o vento sussurra tempestades que não se calarão. o uivo, o assovio, o vento soprando segredos nunca revelados.
o imperceptível é uma avalanche e sei que nada sobrará salvo a noite estrelada pintada com as dores de van gogh.
baldeação
próximo ao fim da viagem, espero o troco do cobrador. no destino final, desço e espero o ônibus do nunca vem. sem bagagens e apenas memórias na mão em breve apenas poeira na paisagem. no ônibus do nunca vem não há lugares reservados para idosos. senta quem chegar primeiro. quem viaja em pé, não importa o percurso, não espere que alguém lhe ceda o lugar. delicadezas só se assim chamar freio de arrumação. lotado é preciso fazer valer o sempre cabe mais um. no nada sempre cabe o tudo. no tudo não cabe mais nada. o cobrador então grita: terminal.
Monday, October 20, 2025
acertando os ponteiros
o futuro(o presente )é digital mas o tempo é analógico*. se assim é, " deus" é o filho da puta" que inventou a obsolescência programada para os humanos (* do ezequias relojoeiro, no you tube )
prometeu
penetra por todos os poros dos que tem sensibilidade artística ou não. arte de verdade dói porque a verdade dói e nunca é indolor. e a beleza, ainda mais cortante do que a dita feiura, dói demais. e se dói em quem a aprecia, usufrui ou enlaça, quem a produz não escapa também do martírio da dor, do exílio, do orgasmo fragmentado a romper os poros em suores, lágrimas e sangue dos desencantados. a arte é a única medida razoável ante a irrazoabilidade da espécie humana. o artista, é seu filho bastardo. o filho da puta que em seus atos de criação comete o desmando de mandar todos os deuses tomarem bem no centro do seu cu.( ah! e os artistas religiosos? como ficam? ora, vai tomar bem no centro do seu cu).
Friday, October 17, 2025
maldição
da precocidade, escapei; de ser filho de famoso, escapei; da genialidade, escapei; mas não da maldição do quase lá. ou seja, fui por pouco.
rastejando
"deus não deu asas a cobras". mas deu aos humanos. resultado é o que não se vê. continuamos rastejando, mesmo com alguns ícaros. (pintura de zemfir, moldávia)
Tuesday, October 14, 2025
quem não tem colírio usa óculos escuros
a vida é um risco e o risco é um cisco no olho da eternidade. ciscou, riscou, piscou, cabou.
Monday, October 13, 2025
bem vindo ao admirável mundo novo
homens desprezíveis produzirão obras eternas. homens admiráveis apodrecerão no anonimato. a arte não é um alibi. é expressão da deformidade do mundo em conformidade com a visão do artista. na dualidade médico e monstro, não cabem anjos nem desarranjos. deformados somos nós. é por isso que odiamos interminávelmente todo aquele que faz arte. pois todo aquele que faz arte nunca nos vê com bons olhos. pudera: sempre fizemos por onde.
(francis bacon, autorretrato, 1971)
Saturday, October 11, 2025
achados e perdidos
inocência perdida dos seres humanos, antes ainda encontrada nos bebês, hoje refugia-se nos filhotes das diversas espécies animais. mas nem aí estarão seguras, caso haja contato com humanos. sim: destruímos tudo que tocamos. incluso a inocência. somos todos culpados. não há inocentes entre nós.
Saturday, August 30, 2025
here come the sun
tudo que amanhece anoitece. mas nem tudo que anoitece amanhece. fotografar este amanhecer me despertou tal sentimento, por mais contraditório que possa ser. talvez porque ainda faça revelações em negativo.
tábula de salvação
vou salvando tudo que encontro pela frente. fotos desbotadas, livros rotos, lps riscados, cassetes empoeirados, cururus perdidos, timbus em apuros, gatos com esporoticose, cães com miíase, lagartixas sem rabo, besouros presos, borboletas ofuscadas, plantas desidratadas, jabutis virados, filhotes sem mães, máquinas enferrujadas, torneiras emperradas, móveis lascados, quadros partidos, abajures quebrados, máquinas de escrever sem fita, computadores sem start, enfim: profusão de coisas, bichos, plantas e etcs que me cerca, aparece e desaparece, já que não dou conta de tudo antes que o tsunami me alcance. então, eis-me último grão de areia rolando parede acima da ampulheta em meu ofício de sísifo. e o que resta para quem não tem salvação? a angústia de o que será daquilo que salvei; o sentimento de que fiz o que não pude; ou apertar o botão do foda-se, descobrindo agora que não funciona mais?
Wednesday, August 20, 2025
reviravolta
escapei de boas, sucumbirei as ruins? escapei fedendo, sucumbirei cheiroso? escapei por um triz, sucumbirei em camara lenta? escapei por pouco. sucumbirei por muito? escapei só com a pele dos meus dentes. sucumbirei no riso de um banguela?
Monday, August 18, 2025
livramento
a única liberdade possível está na arte. fora dela, tudo é prisão. mas há quem fale na morte como uma outra possibilidade de liberdade. mas essa não experimentei.
Sunday, August 17, 2025
paralaxe
gosto cada vez mais de fotos em preto e branco. o mundo em preto e branco é muito mais colorido do que o que vemos por aí.
Saturday, August 16, 2025
da fotografia 3
fotógrafos são xamãs. únicos nos quais acredito. mas não são todos. medíocres só penduram cartazes.
da fotografia 2
a fotografia tem algo que os deuses e demônios sempre ansiaram fazer com os homens mas só o verdadeiro artista consegue. proclamo a fotografia como a arte por excelência, a arte prometeica, o furo do prego na caixa escura da vida esborrando luz que queimou os olhos do oráculo. somente os artistas veem o que deuses e demonios sequer tateiam. a fotografia é a arte que tudo vê e da qual ninguém se esconde, estando atrás ou a frente da camera.( foto: antônio quaresma)
da fotografia 1
fotografar, seria criar algo que não existe a partir de algo que existe ou criar algo que existe a partir do que não existe, a não ser no clic, ainda que esteja lá e ninguém perceba a olho nu? o conceito de existência e portanto do que existe e não existe acaba sendo subvertido pelo olho lente do fotógrafo? quando nem ele existe no átimo do momento desta subversão? ou tudo que é sólido se desmancha e se recompõe palpável apenas assim pela fotografia? entre o olho que avista e o dedo que dispara quantos universos desabitados se mostram - ou se escondem - . eis-me divagando o existir de lá não sei onde o dedo faz a curva e o olho dá o bote na velocidade da luz( foto: antônio quaresma ).
Friday, August 15, 2025
tamanho não é documento ou palavras de " consolo "
nas madrugadas em que retornava à casa, no largo são francisco da prainha, contíguo a praça maua, sempre abordado diariamente por um cigarro, me confidencia a puta velha de zona, da qual me tornei quase amigo, em sua infinita sabedoria, notório saber do ofício, em papos semi diários, a frente dos puteiros da praça, com seus neons já esturricados, estes sim, museus do amanhã, entre baforadas exaustas, a sentença das cinzas: " dos homens de pau grande, você sabe o que pode esperar. mas dos homens de pinto pequeno, é certa a incógnita: você nunca sabe do que são capazes. e acredite, por experiência própria, o inesperado sempre acontece. não tenha dúvidas. mas se as tiver, aí já será tarde". pois, eu não seria louco de duvidar.
Monday, August 11, 2025
solstício de verão ou quase morte em veneza
na frente de casa, vizinho que não sei "daonde", cumprimenta do alto dos seus vinte e poucos anos: - fala coroa! quase um susto. mais com a gíria velha e menos com a constatação. sim, sou coroa. e se pensar bem, vou além disto, o que afinal acaba sendo bom: afinal nem tão velho na aparéncia para cravarem o terceira idade ( que denominação mais cu) nem tão jovem para escapar do fala coroa. um pequeno choque de realidade, já que às vezes me vejo, sinto, procedo como adolescente, menos por devaneio e mais por espírito, apesar do espicaçado do equilibrio que começa a tontear e das artrites que cavalgam o eia! chegamos cá. desta vez, fiquei menos susceptível do que quando a jovem médica otorrina, em meio a exame básico para avançar ou não com o diagnóstico de sindrome de meniére ( últimamente estou três chic, só doenças em francês como a de peyronie e a artrite psoriática, que não é em francês mais mas parece titulo da legião estrangeira) estalou na cara: - o senhor tem de se cuidar; porque não parece mas é um idoso, com um sorrisinho algo filho da puta entre o cínico e o este eu ainda pegava, o que creiam-me, dada a situação, não me deixou nem um pouco vaidoso ou com tesão. de tal sorte que o fala coroa foi respondido com o vigor de adolescente, enquanto o sol se punha, ainda dourando corpos de coroa e cabeça de adolescente, devidamente consciente que o arrebol é sinal a se pensar, pois é adolescente ao acordar e coroa ao se deitar. no meio disto há sempre o corpo que cai e a cabeça e espírito que se recusam a ir junto. na próxima consulta a otorrino, me comportarei como velho tarado e gagá, ainda que seja só no pensamento, já que o adolescente nunca foi assediador.
Thursday, August 07, 2025
pro dia nascer feliz
tal e qual areia movediça, religiões. quanto mais você afunda, mais distante está da pretensa salvação. ironia sacralizada, mãos que o desespero julga salvadoras, são as que vão te empurrar pântano abaixo com a ferocidade de compactadoras de lixo. aquele que reza, nestas horas de agonia e falso extase, a não ser o chorume do histerismo e estertores, estão tão distantes da realidade historica de todo o mal, que hoje já não mais se esconde, que origina e perpetua o é dificil das religiões, que o mais saudavel é você dar uma boa mijada nos portais delas todas. mas cuidado com os seguranças, os únicos anjos que esfacelam seu pescoço sem asas.
não foi por falta de recibo
tenho gratidões que não se expressam, ódios que não se materializam, amores infundados e desprezos desmedidos, ainda que justificáveis. meu sorriso, de há muito, quase nunca é espontâneo, principalmente aos dentes neon com os quais me deparo mas vivo despertando reciprocidades. em suma: para os tempos que correm, periga ser considerado sujeito normal, ainda mais se tiver posses. isto dito, sequer vai precisar de terapia de reposição, muito menos, nem isso, rivotril. diagnóstico recebido, saquei a velha faca de caça, adquirida em leilão beneficente e deixei o doutor estrebuchando, não sem antes desenhar-lhe novas orelhas e livrá-lo daquele nariz que atrapalharia o fecho do caixão. ninguém merece. mas saindo do consultorio, lembrei-me que havia esquecido de pedir recibo para imposto de renda. não faz mal, deduzo na conta do proctologista já lá na semana que vem. já a memoria já não vai bem como dantes. onde foi mesmo que enfiei o recibo?
reflexos
hoje, os dentes são falsos; os olhos são falsos; os peitos e a bunda, e até o caralho, é falso. é falso o diploma e a tese, que a IA foi que escreveu. é falso o dinheiro, que foi feito pra ser dinheiro de verdade, assim como o dinheiro de verdade que foi feito para ser falso. ouro falso e as joias falsificadas são quase diamantes desde que não sejam falsificados. estão falsificando até chineses, que hoje estão deixando as falsificações para trás ainda que o estigma e preconceito os acompanhe e siga em frente. é falsa a crença, a religião, o papa, deus e o pastor. mas isso sempre foi. e também o que tem de pai de santo falso não está no terreiro. deuses, santos, entidades, são sempre moedas de troca, cujo câmbio jamais lhe favorece. no combo da falsidade tome os livros "sagrados", todos, onde é sempre o falso que crucifica o profano que não se queda falso. é falsa a esquerda que não sabe diferença entre hipocentro, epicentro e se enquadra na falsa categoria de centro esquerda. já a direita, é sempre verdadeira em suas falsidades, já que a falsificação é sempre a sua mais pura verdade. são falsas as redes sociais, dos perfis as suas finalidades, pérfidas. graças a elas, o falso é o novo totem louvado enquanto a verdade se esgueira por onde ninguém a quer mais ver, mesmo que esteja presente nos sinais que também abrigam falsos verdadeiros. é falsa a ética, não só a verdade, a honra, a fé e o amor, inclusive o amor próprio e até o tesão. e por conta disso, o que você vê no espelho é absolutamente falso em toda sua verdade.
Tuesday, August 05, 2025
Monday, August 04, 2025
sem recuperação
se a vida é um eterno aprendizado, a maioria das pessoas toma bomba. e as que ficam em recuperação, estas é que não aprendem mesmo, principalmente as que acham que sabem tudo. a humanidade está sempre abaixo da média. a culpa é do ensino médio?
Sunday, August 03, 2025
miragens
as pessoas não percebem que o bom dos sonhos é enquanto eles não se concretizam. uma vez concretizados, é só pesadelo.
Thursday, July 31, 2025
requiem aeternam
vou me dissolver em sonhos não realizados. é a ideia da morte mais próxima que tenho. e que gostaria, se é que me é dado ter o ultimo gosto. o corpo apodrecendo, claro. claro-escuro, miíases finalmente reinando no pedaço numa ciranda em busca da última carne ainda não decomposta - miíases, as populares bicheiras, não comem carne apodrecida, ledo engano se assim pensava - e como os sonhos não tem cheiro, a combustão da podridão dissolvendo a arte da carne em fumacinhas indigestas, devo evitar optando pela cremação, o tal fogo que não arde? já que ninguém se dá conta enquanto os sonhos devaneiam sobre o cadaver que agora em sendo natureza morta, enterrado nalguns dias, se fosse quadro, seria bacon ou picasso ou quem sabe pollock depois de umas semanas. se fosse música - eu gostaria - debussy mas se fosse prapular, dê um rolê - que eu dei - ia bem com a ocasião, modesta para mim. apocalipse now viria a calhar como despedida e o rodin ( sem essa de idéia pra lápide, minhas cinzas vão num barco que não se faz de oferenda pra iemanjá dispensadas na praia manaíra) o pensador condiz com o que não se tem pela frente, pois se muita gente mata o tempo antes do tempo os matar, como a mim matará, morto, o tempo é o infinito que o finito da vida humana rente ao chão não engolirá. gullar disse certa vez que a arte é necessária porque a vida só não basta. mas quem disse que a arte precisa da vida medíocre que levamos? a arte é outra dimensão de tempo espaço pensamento, habitada por quem não morre, basta ver os exemplos. ai de mim, ai de ti, ai de nós, míseros mortais. morremos por nada. os artistas morrem pelo universo afora. e viver assim, contradição, vale a pena. por que mais importante do que se viver do jeito que se quer, uma paralaxe da liberdade, é morrer do jeito que se quer, isso sim liberdade no fim, porque no começo ninguém tem : nascemos escravos e a maioria jamais se libertará, incluindo os praticantes da arte falseada. a morte existe porque a vida só não se basta.
Tuesday, July 29, 2025
meias verdades
para os outros falo a verdade. para mim, invento pequenas mentiras só para ver se sou capaz. com a leve esperança de não ser descoberto, digo sempre que não adianta mentir para falar a verdade. espero que isto também seja uma mentira. ainda acabo por acreditar.
Saturday, July 26, 2025
antes que o tempo acabe
o tempo é o que se faz dele? supertições à parte, há quem diga que ter relógios parados em casa é um atraso de vida. o sujeito marca passo indefinidamente enquanto mantiver de parede, pulso, bolso ou carrilhão parado. tô lascado então; incrustado no tempo espaço de einsten? há alguns anos, uso relógios de pulso que não funcionam mais. alguns, valiosos financeiramente, como o omega speedmaster série " homem na lua ", outros: nem tanto ou muito longe mas que abrigam contagens de emoções muito mais importantes que o tempo gasto nelas. portanto muito mais valiosos. relógios tem seus mistérios, temores, dissabores e amores. marcam paixões, desgraças, guerras, paz, infortúnios e nem tanto de felicidades. exercem um fascínio que o mais radiante celular jamais terá. e o que dizer daqueles que no meio da foda insistem em não largar do pulso quando surpreendidos pelo pedido de "amor tira o relógio"? medo de que o amante enfie até o pulso nas preliminares? ou receio de que meça o tempo ainda mais curto que o bilau que a penetra? devem ter inventado a mesa de cabeceira para isso. mas nem assim o relógio deixa de assustar que o digam o - nossa! já se passou tanto tempo assim? ou o brochável - mas já vai? não faz nem 10 minutos que chegou. sexo à parte. uso-os mesmo assim. parados, com um prazer ainda maior do que quando os comprei. saímos a passear, tal como ao levar meu cão velho para seus últimos passeios. criamos nosso próprio tempo. esquecemos a hora e vivemos o pulsar do pulso que os sustenta e não mais os move e que em breve também não moverá a sí. mas parados relogios, não contamos o tempo, nem as horas, minutos ou segundos. vivemos eternamente o momento sem nada que nosavise de que o tempo vai acabar em breve.
Friday, June 13, 2025
Friday, June 06, 2025
almofadas da ilusão ou quaresmices das boas
voltas em torno de si mesmo, antes da luz na retina - tão real quanto virtual - virar imagem no seu cérebro. um trem saindo do túnel ou um novo amor? não saberia antes de dobrar a próxima curva e cair de joelhos. amanhã será outro dia?
Thursday, June 05, 2025
um corpo que cai
já nem estou mais aqui. frequentemente perambulo mundo afora montado nalguma música, pintura, fotografia, memória ou soluço. entre o futuro passado e o presente movediço me ausento. de certa forma antecipo o que virá. estranhamente é uma sensação boa e tranquilizadora saber que tantas coisas não faço e nem farei mais. quase esboços do que fui e croquis do que não serei. uma multidão de fotografias ou melhor negativos não revelados mas bem vívidos na química dos meus sabores e dissabores. ligeiramente enebriado, percorro anos e anos na velocidade da luminescência do meu lusco fusco em começo do fim da existência. ora cigarra, ora vagalume, um acorde diminuto, um sono aumentado. o corpo cai, algo que não é nem alma nem espírito se levanta. não vou junto. mas também aqui não fico. última penugem e sopro. mas quem garante?
Thursday, May 29, 2025
quase um segundo
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