viagens,rotas e destinos.pirambeiras,becos e ruelas.
atalhos e picadas.portas,pontilhões e ponta-pés.
vida trilhada à pele.enfim,um blog que coleciona topadas e joanetes a procura da reflexologia podal.
há homens que são muito mais animais do que os outros.
e é justamente isto, sem falsos trocadilhos, que os torna mais humanos.
principalmente nestes tempos, onde o ser humano, elegido e confirmado no topo da cadeia alimentar, é aquele que: quanto mais humano mais devora incessantemente tudo o que lhe parece ser familiar, classificando de animal tudo o que defenestra ou come, inclusive a si próprio, consciente e inconscientemente lacerado.
aqueles que defendem e vivem de vaquejadas, por exemplo, de há muito esqueceram - alguns sequer souberam - o que é um ser animal.
há quem diga que a velhice nos traz sabedoria. duvido muito. e quem, minimamente sábio, não duvidaria? tamanha a patetice, quando não a idiotia ou estupidez crônica, ainda mais a política e religiosa, dos chamados portadores da "melhor idade". aliás, aceitar esta denominação sem um sonoro "melhor idade no teu cu", em lugar do com as graças de deus, já demonstra que a velhice em nada é sábia. contudo, dou-lhe o direito de retrucar que o meu escrito não tem sabedoria nenhuma, apenas estupidez. mas que eu lavei a burra ,ah isso lavei. aliás, enquanto pensar assim talvez eu ainda esteja na melhor idade, aquela que não se conforma com o mundo tal como se nos apresentam - ou querem nos inserir nele - e que sabe na pele que a velhice nada traz de melhor, sequer as sonecas. a velhice é um fardo intolerável - ainda mais se você conservar as tais lembranças dos amores perdidos e dos bens que nelas ainda teimam em não se esfumaçar, tal e qual acontecido de verdade. creio que a velhice é algo tão ardiloso - só muitos e privilegiados poucos sabem adivinhar seus enigmas e deles extrair melhor sortilégio - que em muito se enganam os que procuram aplacar seus males com médicos ou cientistas que sobre tal pronunciam-se com se já não estivessem sob o domínio da implacável senhora, prima-irmã do tempo. isto posto, opto por seguir o conselho dos poetas - se seguíssemos os conselhos dos poetas em vez de tolamente os classificar de détraqués ou vagabundos parasitas, enfrentaríamos ou desfrutaríamos com melhor sorte dos afagos desfiguradores desta companheira que não abandona quem lhe chega não importa se por passos fortes ou trôpegos- e embebedo-me*. e embebedo-me não para fugir, ausentar-me ou alienar-me dela e sim para pegar a sua mão - num gesto mais ousado encher a outra na sua bunda - e dançar com maestria os últimos passos desta dança chamada vida, cuja parceira teima em nos pisar os calos, e acentuar os nossos fracassos e conquistas, com o bico túrgido dos peitos de quem domina um a um o cio dos ciclos finitos, todos eles, dos mesmos contidos aos contenedores da infinitude de todos os tempos, dos findos, ou daqueles por findar e iniciar dos quais não teremos nem seremos lembranças. *embebedai-vos (charles baudelaire, em pequenos poemas em prosa - le spleen de paris) É preciso estar-se, sempre, bêbado. Tudo está lá, eis a única questão. Para não sentir o fardo
do tempo que parte vossos ombros e verga-vos para a terra, é preciso embebedar-vos sem
tréguas.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a escolha é vossa. Mas embebedai-vos
E se, às vezes, sobre os degraus de um palácio, sobre a grama verde de uma vala, na solidão
morna de vosso quarto, vós vos acordardes, a embriaguez já diminuída ou desaparecida,
perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que passa, a tudo o que
geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o
vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio, vos responderão: “É hora de embebedar-vos!
Para não serdes escravos martirizados do Tempo, embebedai-vos, embebedaivos sem parar!
De vinho, de poesia ou de virtude: a escolha é vossa.”
recém
chegado dos anos cinquenta aos 16, resolvi simplificar as coisas;
talvez, ainda tenho dúvidas sobre isso, por ter ganho com o passar dos anos
um pouco de sabedoria - para saber tirar o melhor da vida, já que até agora a
vida me tirou o que eu tinha de melhor - resolvi, mas não como
doidivanas, não mais dar tratos à bola. e deixar a vida(ou a morte) me levar.
agora vai que vai por que eu tô que tô.
não é um novo começo. sequer um recomeço. viver é uma linha pontilhada de
contínuos e fragmentos, de muitas curvas, aclives declives, chegadas e
partidas. nunca sabemos se estamos indo ou voltando, por melhor que seja nosso
senso de direção. e, o que é muitas vezes pior: se estivemos caminhando em
círculos. portanto, sem sair do lugar por mais que o tempo nos iluda que não.
o mais importante - aos troll-sabichões de plantão - nunca saberemos quando
será a última vez do começo ou a primeira, e quiçá definitiva, do fim. muitos
sequer sabem quando é a primeira da primeira, e se dizem felizes ou infelizes
por isso;se é que eles tem a mínima ideia do cataclismo quando isto é mesmo
isso.
então, se vai dar pé ou se o afogamento dar-se-à, não é isso mais que me
preocupa. afinal, preocupar-se com o que quer que seja, adianta alguma coisa?
então, acelero e ultrapasso essa fase, parafraseando a "filosofia de
para-choques de caminhão" :"não me importa se a vida* é manca, eu
quero é rosetar".
certas declarações de amor, do tipo " eu te dei ou eu te dou a minha vida", não passam de mais uma tentativa, que no fundo acaba sendo muito escrota, de suicídio; e quase sempre frustada. não seja cúmplice. procure outro eu ou outro par, que seja, mas que seja ímpar.
músicas que falam de amor, ou de amores, tendem a ser melosas, xaroposas, ou pirosas, como diriam os portugueses, até mesmo quando falam de suas desgraças. quando em contrário então, ou seja de paixão galopante ou ode a musas confessas, e até mesmo dos " amores platônicos " são mortais, mesmo para quem não seja diabético, tamanho o açucarado. não há muito com fugir do eu te amo, eu te venero, eu te amo para sempre, ou por toda minha vida. e, para o bem ou para o mal, é bom que assim seja, porque neste rasteiro - ao contrário das normas, discursos, e letras mais elaboradas( que pelo mau costume acabam não sendo consideradas como deviam) - é que se pode constatar ou encontrar verdadeiros achados que demonstram para além do amor, na visão do lugar comum hegemônico e viciante(para o mal da língua{e suponho dos sentimentos}) a grandeza não só do amor, mas do poeta ou vá lá letrista. your song, do leon russel, que nesta sexta 13 morreu dormindo* traz um destes achados, para além de premônitora: I love you in a place where there's no space and time I love you for my life, you are a friend of mine And when my life is over Remember when we were together We were alone and I was singing this song to you
aqui estão o "eu te amo(num lugar)onde não há tempo ou espaço
eu te amo por(ou pela)minha vida
você é minha amiga
e quando minha vida acabar*
lembre-se de quando estávamos juntos
e que agora estou sozinho cantando esta canção pra você "
resumindo: quanto amores você poderia chamar de "você é minha(meu) amiga(amigo)?
é aqui que reside a questão: é quando o amor tornado amizade(que não deixa de ser amor ou tesudo por isso) é muito mais significativo do que o amor pelo amor ou mesmo pela amizade que conduz ao amor( o caminho inverso é imensamente mais difícil).
isto posto, ouçamos: não o leon jovem(se você não conhece o leon russel, certamente o ouviu tocando e embelezando a música de muita gente conhecida- a grande maioria sem o mesmo talento dele - mas o leon maduro com a emoção totalmente à flor da pele. e logo depois, um leon menos jovem a cantar mais uma canção de amor mas que também não é só mais uma, é uma daquelas que sobressai graças as mãos do "senhor dos teclados" .
e caso você tenha deixado de lado o leon desatento pela juventude do guitarrista - e também pelo talento(john mayer) - eis o leon a toda, que é para lhe dar um toque,se você for jovem, que provavelmente você não chegará a esta idade fazendo o que o leon fazia aos 74 anos, quando adormeceu para sempre dormindo." portanto não durma enquanto é tempo"
* no twitter publiquei: o senhor dos teclados(e exímio guitarrista) morreu dormindo.apesar d ainda acordado morri meus poucos acordes com ele. mas pensando bem, não morri meus poucos acordes, na verdade dormi meus poucos acordes com ele. até breve leon.
velocidade demais no meu peito e freios nenhum na minha cabeça de resto, destrambelhado aos pedais, entregue a força da gravidade, solto o tambor e tudo é ladeira abaixo ou ladeira acima como se a tua bunda estivesse também sem o freio de mão puxado no fim da reta, já ponta rombuda de alguma estrela candente a bifurcação de sempre reacendendo os faróis e eis de novo o amanhecer desgovernado "até que a sorte nos separe" de bom ou mau grado
não tenho whatsapp, instagram, snapchat, tinder, linkedin, smartphone, tablet. aliás, nem emprego tenho;e sou feliz - sem graças à deus - o que não quer dizer que eu não use ferramentas digitais quando me são uteis. é que para ser um imbecil a mais eu não necessito das ditas cujas. basta-me o facebook, como localizador, e o twitter como descarga. dos blogs ainda não me escapo, mas vai ser morte súbita. já não vejo a hora.
dura enquanto dura a breve pausa num orgasmo bem transado a blusa expulsa sem bico radiografa a tragada do peito sem maiores fumaças do que se esfumaça em expele * originalmente publicado no aproveitaenquantodura.blogspot.com
levei um tempo para aprender que a vida se desembala em momentos diversos e dissabores tantos que mal percebi que os drops de hortelã, morango, anis, limão, abacaxi estavam ali só para lembrar que as aftas ardem e as hemorroidas doem. e que a vida, não é um filme de matinê. mas dulcora não agarrava no dente pois vinham embalados um a um em papel celofane.
o poeta já dizia que o pra sempre, sempre acaba - só os poetas enxergam o óbvio e os transportam a categoria de novas descobertas;os poetas e os deserdados, de afeto, sobretudo;
mas alguns ou para alguns o tal pra sempre, dura mais que os outros. outros chegam mesmo a parecer eternos de tão ternos em sua (e)terna idade;
a grande ironia, entre as tantas que a vida nos reserva - a vida é pura ironia, disfarçada de coincidências e desencontros - é que na esmagadora maioria das vezes, quem vai ficar ao teu lado para sempre, é quem você menos conhece ou sequer conhece ou conheceu;
eis ai a minha companhia de fidelidade canina no juntos para sempre; pelo menos até que a terra, ou seus outros bichos e vermes - ou o fogo - venha nos comer; salvo se a vida me arrancar o braço, que de outras coisas arrancadas vou sobrevivendo em boa companhia;
destarte, idiota ironia? sim, tai que o cachorro é mesmo o melhor amigo do homem, principalmente quando ele tem um braço amigo para o espaço de um cão em sua vida;
mesmo que seja apenas tautologia, na simbologia de uma mera tatuagem, cão e homem tatuados para sempre, até que a morte os separe. ainda assim mais juntos impossível e por ainda algum tempo a mais que a maioria dos que pensaram ficar para sempre lado a lado com o seu pra sempre.
não; eu não quero o teu amor, que passado tanto/tampo/tempo continua tão verde que chega a ser lodoso; sequer quero a lembrança do teu olho meloso, e doente, como se fosse um dente arrancado a boca que não mais me mastiga; de tão choroso, que sequer consegue gozar a remela de uma noite de sono que não seja perdida em soluços, e dez mil vezes despedidas; estou farto de tanta saudade, de tantas reminiscências, de tanta lembrança do que fui e do que já foi, e daquelas declarações de amor eterno, e de que não há espaço para outro em sua vida; larguei o violão, encostei a guitarra, chutei o piano, e o balde, saquei da navalha e cortei a tua mão, e o teu braço agarrado a minha perna; e para o espanto da vizinhança não havia sangue nem veias; já estava tudo tão seco que sequer servia como adubo para um novo amor; sopro então a bainha da navalha e faço música que é só para isso que servem os amores perdidos, sejam, banidos ou não; vais dizer que sou cruel, mas como é bom andar e cantar sem ter de arrastar um corpo que não se quer mais, se calhar nem o meu nem o teu; findou, pronto, acabei de trocar a pele e salvar o teu pescoço; prova maior de amor não haverá.
deus, é um hábito. um mau hábito. em muitos casos, um vício. tão pedregulhoso como o crack. mas as consequências são bem piores. a começar da sua exploração como salvação ao caminho das pedras. enquanto se associar a noção do bem como indissociável a deus, tudo irá inevitavelmente descambar para o mau. pois o peso da salvação será sempre o de uma pedra esmagadora. o bem é livre para todo e qualquer um que assim o queira. e isto não tem nada a ver com deus ou deuses. muito pelo contrário.associado a religiões então é bem mal.