viagens,rotas e destinos.pirambeiras,becos e ruelas. atalhos e picadas.portas,pontilhões e ponta-pés. vida trilhada à pele.enfim,um blog que coleciona topadas e joanetes a procura da reflexologia podal.
Friday, March 31, 2006
Thursday, March 30, 2006
antepasto
dei-me conta. escrever em público só a não sei quanto anos atrás. na flor da paraíba, onde? em nova iorque é que não era, bufo. ironia de propósitos e de nome. nenhuma flor delgada, sofregas hastes, e até de espinhos murchos. não existe mais há tempos. e, saudades, quedei-me ali de bom grado, somente jornalista carioca, e de ontem, é que tinha antônios para aturar. hoje até o bragança tá esquisito. paiszinho de merda nos tornamos, nem buteco decente existe mais. sobra os cafés. da máquina de escrever ao i-book sobrou alguma borra ?
Wednesday, March 29, 2006
gim das selvas
centrinho da lagoa. o centro da lagoa da conceição. não o oficial, ao pé´da ponte. mas o olho do furacão. a maior concentração de avis-raras do pedaço. lugar onde pavão mal chega pra broche. onde as mal-nutridas de derrieère compensam a falha geológica equilibrando-se em saltos que deixam qualquer luiz XV nanico. haja escoliose forçada. algumas bundas por força desta virtualização são capazes de ainda estarem dobrando a esquina enquanto suas donas já estão sentadas no couro de algum animal que tornou-se banco no mais importado portado no pedaço. as que tem de verdade, haja cu doce pra tanto azedo.
ainda assim, o patchuli reina no pedaço. metade, das donas ditas up-to-dates. metade, dos hippies sem to dates nenhum, mas que ainda se encontram por aqui, concorrendo com seu artesanato, sempre olhado de soslaio, com marcas ditas bem ditas. e haja diesel, guga kuerten, agora dando raquetadas no universo fashion. e vamos nos poupar que não estamos aqui pra fazer merchandising de puma, adidas, colcci, VR, triton, iódice,cavalera, sommer, replay,gap, m.officer,osklen.fause haten e você sabe mais o quê.
um lugar de shows pockets, onde caibro de tudo, guitarristas de blues, otto, funk-se quem puder, misturam-se a ementa de desconhecidos para os nomes cáqui como eu. tem casas de pastel, restaurante árabe, cafés que prestam e que não prestam, sucos absintos, casas de carne, massas e cafés, muito cafés, onde uma boehmia custa a bagatela de até 5 reais a garrafela long neck.
a atmosfera é de néon, muito embora não haja quase. não chega a ser um quadrilátero. apenas medida de comprimento e largura pelas metades. mas é como se tudo acontecesse aqui. o meu giro é rápido e embora fome de gigante não simpatizo com nenhum brotinho. o baixo centrinho para mim não está em alta. mas eu hoje estou suspeito de maneira que não se deixe levar pela conversa. passo no magia, supermercado mais adiante, no limítrofe de saída do centrinho, caminho que é feito com um pouco mais de uma centena de passos e caixa rápida já estou com uma daquelas massas que você vai odiar a partir da terceira garfada e abominar depois que esfriar.
mais duas centenas e qualquer coisa de passos, estarei em casa. uma rua, uma curva e quase sossêgo, porque hoje é noite de jazz no canto dos araçás. e aí me lembro de que passei batido no segafredo zanetti, o melhor café do pedaço, de quebra além de lembrar-me portugal - ái portugal, portugal, andas a merecer-me um melhoral - é acoplado a um espaço de net e cds que sutilmente deixa escapar para a esplanada(musica tão boa só na itapema, fm local que vale a pena) aquela área de fora nas calçadas, com cadeiras e mesas à carater, que neste caso está quase metro acima do piso, quase mirante, o que é muito agradável apesar da concentração de estupidez por metro quadrado, incluindo a minha.
descobri o segafredo, após um entre e sai de cafés, do tipo café cultura, café do poeta, só faltou o café do perneta, até reconhecer o sabor que traz barcelona, e até paris na língua e, de caso pensado, ouro preto.
como o centrinho não ganha vida antes das 10, podia ser uma boa idéia escrever isto de lá. mas como hoje não dá, hoje a tarde, tomara que se repita a cena de ontem, garoa fina, ceu nublado, ninguém lá - só abre após o meio-dia- e quem sabe eu consigo atualizar o misterwalk que anda correndo atrás.
ainda assim, o patchuli reina no pedaço. metade, das donas ditas up-to-dates. metade, dos hippies sem to dates nenhum, mas que ainda se encontram por aqui, concorrendo com seu artesanato, sempre olhado de soslaio, com marcas ditas bem ditas. e haja diesel, guga kuerten, agora dando raquetadas no universo fashion. e vamos nos poupar que não estamos aqui pra fazer merchandising de puma, adidas, colcci, VR, triton, iódice,cavalera, sommer, replay,gap, m.officer,osklen.fause haten e você sabe mais o quê.
um lugar de shows pockets, onde caibro de tudo, guitarristas de blues, otto, funk-se quem puder, misturam-se a ementa de desconhecidos para os nomes cáqui como eu. tem casas de pastel, restaurante árabe, cafés que prestam e que não prestam, sucos absintos, casas de carne, massas e cafés, muito cafés, onde uma boehmia custa a bagatela de até 5 reais a garrafela long neck.
a atmosfera é de néon, muito embora não haja quase. não chega a ser um quadrilátero. apenas medida de comprimento e largura pelas metades. mas é como se tudo acontecesse aqui. o meu giro é rápido e embora fome de gigante não simpatizo com nenhum brotinho. o baixo centrinho para mim não está em alta. mas eu hoje estou suspeito de maneira que não se deixe levar pela conversa. passo no magia, supermercado mais adiante, no limítrofe de saída do centrinho, caminho que é feito com um pouco mais de uma centena de passos e caixa rápida já estou com uma daquelas massas que você vai odiar a partir da terceira garfada e abominar depois que esfriar.
mais duas centenas e qualquer coisa de passos, estarei em casa. uma rua, uma curva e quase sossêgo, porque hoje é noite de jazz no canto dos araçás. e aí me lembro de que passei batido no segafredo zanetti, o melhor café do pedaço, de quebra além de lembrar-me portugal - ái portugal, portugal, andas a merecer-me um melhoral - é acoplado a um espaço de net e cds que sutilmente deixa escapar para a esplanada(musica tão boa só na itapema, fm local que vale a pena) aquela área de fora nas calçadas, com cadeiras e mesas à carater, que neste caso está quase metro acima do piso, quase mirante, o que é muito agradável apesar da concentração de estupidez por metro quadrado, incluindo a minha.
descobri o segafredo, após um entre e sai de cafés, do tipo café cultura, café do poeta, só faltou o café do perneta, até reconhecer o sabor que traz barcelona, e até paris na língua e, de caso pensado, ouro preto.
como o centrinho não ganha vida antes das 10, podia ser uma boa idéia escrever isto de lá. mas como hoje não dá, hoje a tarde, tomara que se repita a cena de ontem, garoa fina, ceu nublado, ninguém lá - só abre após o meio-dia- e quem sabe eu consigo atualizar o misterwalk que anda correndo atrás.
Tuesday, March 28, 2006
aula de geografia
florianópolis tem 97, 3 por cento do seu território na ilha enquanto capital. o restante espreme-se no continente. se você pular academia já está em são josé. mas aí já é outra cidade.
aula de geografia II
a lagoa da conceição domina a paisagem e o imaginário dos catarinenses, quase turistas na ilha dos manezinhos. acontece que a lagoa não é lagoa. é laguna.
aula de geografia III
a ilha de florianópolis, como se não bastasse o verde existente, em cada canto das ruas e espaços ditos urbanos ainda vazios, tem morros a circundá-la por onde se aviste. e do cimo as ribanceiras e baixios, cobertos de mata atlântica quase preservada. no entanto, dizem que joão pessoa é que é a segunda cidade mais arborizada do mundo, por conta da mata do buraquinho, também dita como maior área urbana de mata atlântica ainda presevarda, e da " bica", parque florestal e zoológico. enganos de parte a parte de nossos pontos de vistas ? ou a unesco precisa renovar seu exame ?
aula de geografia IV
florianópolis, um lugar onde quem é da gema é mané ou melhor manezinho. denominação para quem nasce na ilha. nas maternidades, até se dá uma espécie de registro de autenticidade do " autêntico" manezinho da ilha,o que deixa a muitos, não vou dizer todos, com muito orgulho. neurolinguistas não devem achar isso muito legal, e as manezinhas idem.
aula de geografia V
as manezinhas da ilha, também podem ser chamadas de florianopolitanas, assim como suas praias. mas quando se fala em mulher bonita, pelo menos pra quem é de fora, todo mundo tem uma idéia de tesão sobre as "catarinas". é raro ver alguém falar em manezinhas. coisa de outros significados.
aula de geografia VI
"as catarina" ou "os catarina", você já tem idéia do que é, e do que significa este falar. mas não se iluda, aqui também tem catraia, e das " boa".
aula de geografia VII
pontos comuns entre florianópolis, e capitais do nordeste, por exemplo: a quantidade de idiotas com o som " radiola de ficha " naquelas alturas. a esta altura, todo o resto dito como elogios sobre a ilha cai por terra. e aí você descobre, ao contrário do que lhe sugeria pensar, pelos sotaques estrangeiros, pela arquitetura, pela limpeza, que, sim, você está no brasil. e tem razão quando constata que o pior do brasil é o brasileiro.
Monday, March 27, 2006
quiz quiz ou cus cus
a principal diferença entre homens e mulheres é que as mulheres de peito grande querem ter peitos pequenos e as mulheres de peito pequenos querem ter peitos grandes. homem não troca coisa grande por pequena nem se for travesti. isso é o que lhes define como macho.
desvio padrao
a preferencia nacional é bunda, disso dizem e sabem todos os homens no brasil. mas alguém consultou as mulheres ? não é por nada não, mas as vezes eu tenho impressão de que andei dando em cima daquelas partes de amostragem nula.
masturbando
melhor uma grande punheta do que uma foda mal dada. o foda é que você só descobre isso depois que fudeu-se. aí não tem mais punheta que lhe salve.
tratamento hormonal
todo homem devia ser mulher por um dia dizem as igualitárias nunca se sabe de gozação ou por vexame mesmo.
mas tá, tá bom. porém esclareçamos uma coisa: dias nove fora aqueles de tpm, dismenorréia, exame ginecológico, depilação, almoço com a sogra, sexo anal, passeio no shopping com saltos luiz XV, amamentação de gêmeos, lua de mel, bodas de qualquer tipo, batizado de enteado bem, cha de panela, pensando bem, toda mulher devia ser homem por um dia. e revoguem-se todas as disposições em anexo.
mas tá, tá bom. porém esclareçamos uma coisa: dias nove fora aqueles de tpm, dismenorréia, exame ginecológico, depilação, almoço com a sogra, sexo anal, passeio no shopping com saltos luiz XV, amamentação de gêmeos, lua de mel, bodas de qualquer tipo, batizado de enteado bem, cha de panela, pensando bem, toda mulher devia ser homem por um dia. e revoguem-se todas as disposições em anexo.
Sunday, March 26, 2006
incorrreções politicamente animais
as ditas cujas gatas, atrás das quais muita gente faz a maior "cachorrada", nunca chegam a durar muito na vida de um homem. talvez, porque, miar que é bom, até que elas miam. porca e falsamente até. mas depois da hora do leite, é um tal de querer ir para a churrascaria e só carne, carne, carne, nunca mais pedaço de nervo e só. além disso, nem com diamantes aprendem a ronronar.
Saturday, March 25, 2006
atóis
vão aumentar os biquinis porque dizem biquini curto agora não faz mais a diferença. mas o que faz a diferença é o biquini ou o recheio ?
it´s not my guilty
se você se preocupa demais com o tamanho do biquini e esquece que as formas enganam os olhos - mas não os outros sentidos.
i admit
o.k. um biquini feio, confunde. má estamparia, péssimo corte, caimento aos pedaços, e uma deusa pode passar desapercebida aos mortais de outra fome. mas biquini nenhum tranforma deusas que não são em seres palatáveis.
socorre-me vinicius
se fui politicamente incorreto, as feias, de cara e de bunda, que me desculpem mas beleza é fundamental. além do mais eu sou publicitário daqueles que acredita em propaganda. por isso, é da minha natureza apreciar tudo aquilo que é bonito por si só, sem o uso do photshop, o viagra da imagem.
teoria da relatividade
o belo não é, necessariamente, inclusive sexualmente falando, a forma perfeita, a beleza emoldurada da tendência. algumas imperfeições, há quem suporte até as de caráter, são vitais para o tesão por todos as iris e poros. a beleza arrumadinha demais é para ser intocada. as dos leves defeitos, para serem penetradas, devassadas, reviradas, dando-nos de seu avesso. algo fora de lugar pode ser o fetiche perfeito para uma vida toda.
dina sfat
mil vezes prefiro, a vera fischer( e isso não é teoria nem relativização).mas você pode ajustar o passado a sua faixa etária: começe pela novela das oito e veja onde está realmente o tesão(ops, isso quase rima com maria joão)
muro de arrimo
cada vez mais chego a conclusão de que pessoas muito parecidas não constroem nada juntos. pesos contrários é que levantam vontades.
Friday, March 24, 2006
sustain
dias de chuva a janela. feito menino hoje sou homem impermeável. em mim nada que vem de fora molha, mas, sim, chovo por dentro de vez em quando. principalmente quando vejo os olhos da utopia buscarem os meus no castanho de um cão abandonado. aí eu tenho vergonha do homem que sonha sem latir e condoer-se com seus uivos e suas costelas, mais que tudo sua sarna incandescente.
não, minha alma não encolhe. sou ecologicamente integrado ou seja. mesmo quando estou na merda, não poluo o mundo. aprendi a feder em silêncio abissal. responde-me que sim uma passarim miudim na ponta de um beiral. enquanto todos correram para o abrigo ele permanece ali mordiscando as gotas que ameaçam encharcá-lo. depois faz o que não consigo fazer. estreme o corpo todo, como arrepio, não de morte, mas de vida, e lança de novo desafio, quase enxutinho, metido a besta, como ele só, mas na enormidade da graça das pequenas coisas que assombram telhados.
enquanto observo o tal pássarim e penso em escrever um artigo para o acontecendoaqui e para o cemgrauscelsius, devadip goteja nos fones. fase posterior ao carlos santana de abraxas, festival, santana III e que hoje fez um discos de amontoados de cantores que precisará esquecer como nós vamos. a guitarra de santana, não importa se a velha les paul gibson, a cópia da yamaha ou a prs(paul red smith) tem um timbre especial. empurra para dentro as ceras do ouvido, as espinhas do rosto, o pus da cáries, os bichos dos pés, e transforma tudo em lotus. santana ou devadip como queiram, tem a particularidade de ensinar que a profundidade dos solos é inversamente proporcional a velocidade. transita entre a intensidade tímbrica e um feeling em extinção um som que nos leva para perto das entranhas do deus homem, muito embora, ele só veja nisto espiritualidade.
aumento o volume e procuro o passarinho. já foi-se. atenho-me ao beiral catarinense. dou um pulo na geografia e já vejo-me com asas para recordar-me de pedro paixão, escritor lusitano de produção prolixa, num artigo quando estando na alemanha, numa cidadezinha pequena, caminhava alguma distância apenas para ver um quadro belo, pois a sua necessidade do belo era tamanha que não podia conviver sem ele.
eu hoje estou necessitando do belo, de conviver com alguma coisa bonita para além do pássaro que alteou-se para fora do meu alcance. preciso do belo para convencer-me, e a uns tantos, que mesmo na publicidade o belo é essencial e indispensável. e que sobretudo a procura do belo, leva ao exercício do prazer de fazer bem feito, que é tão belo quanto. e que nos torna melhores. mesmo que isso seja só para ganhar dinheiro.
o mundo anda feioso, e o vento do outono acende o frio que sinto ao ler que as geleiras chegam a portugal entre 2010 a 2020, diz um relatório americano, para o deixar ice cream, o que e foda.
tenho pouco tempo para achar o belo e não resisto ao humor abobalhado de dizer que nestes tempos a única pessoa que achou o belo, foi a mulher dele. mas o belo, ainda assim está preso.
belo deve ter descoberto que mais que a sua mulher - se punheta matasse esta senhora estaria morta há tempos - a liberdade é ainda mais bela do que a bunda, (já foi,viviane araujo) mais desejada do brasil.
e atrás dela todos andamos, não da bunda ou da bunda também, mas acima de tudo da liberdade. é de se esperar que não cheguemos a ela de um modo feio, o único possível a tantos e tantos até não mais contar
o beiral, por exemplo, nunca poderá alcançar a liberdade, salvo se optar por rebentar-se no chão. talvez seja disso que eu esteja falando.
dias de chuva a janela. onde terá ido incrustar-se o passarinho impermeável da liberdade ? no braço da guitarra de santana ?
não, minha alma não encolhe. sou ecologicamente integrado ou seja. mesmo quando estou na merda, não poluo o mundo. aprendi a feder em silêncio abissal. responde-me que sim uma passarim miudim na ponta de um beiral. enquanto todos correram para o abrigo ele permanece ali mordiscando as gotas que ameaçam encharcá-lo. depois faz o que não consigo fazer. estreme o corpo todo, como arrepio, não de morte, mas de vida, e lança de novo desafio, quase enxutinho, metido a besta, como ele só, mas na enormidade da graça das pequenas coisas que assombram telhados.
enquanto observo o tal pássarim e penso em escrever um artigo para o acontecendoaqui e para o cemgrauscelsius, devadip goteja nos fones. fase posterior ao carlos santana de abraxas, festival, santana III e que hoje fez um discos de amontoados de cantores que precisará esquecer como nós vamos. a guitarra de santana, não importa se a velha les paul gibson, a cópia da yamaha ou a prs(paul red smith) tem um timbre especial. empurra para dentro as ceras do ouvido, as espinhas do rosto, o pus da cáries, os bichos dos pés, e transforma tudo em lotus. santana ou devadip como queiram, tem a particularidade de ensinar que a profundidade dos solos é inversamente proporcional a velocidade. transita entre a intensidade tímbrica e um feeling em extinção um som que nos leva para perto das entranhas do deus homem, muito embora, ele só veja nisto espiritualidade.
aumento o volume e procuro o passarinho. já foi-se. atenho-me ao beiral catarinense. dou um pulo na geografia e já vejo-me com asas para recordar-me de pedro paixão, escritor lusitano de produção prolixa, num artigo quando estando na alemanha, numa cidadezinha pequena, caminhava alguma distância apenas para ver um quadro belo, pois a sua necessidade do belo era tamanha que não podia conviver sem ele.
eu hoje estou necessitando do belo, de conviver com alguma coisa bonita para além do pássaro que alteou-se para fora do meu alcance. preciso do belo para convencer-me, e a uns tantos, que mesmo na publicidade o belo é essencial e indispensável. e que sobretudo a procura do belo, leva ao exercício do prazer de fazer bem feito, que é tão belo quanto. e que nos torna melhores. mesmo que isso seja só para ganhar dinheiro.
o mundo anda feioso, e o vento do outono acende o frio que sinto ao ler que as geleiras chegam a portugal entre 2010 a 2020, diz um relatório americano, para o deixar ice cream, o que e foda.
tenho pouco tempo para achar o belo e não resisto ao humor abobalhado de dizer que nestes tempos a única pessoa que achou o belo, foi a mulher dele. mas o belo, ainda assim está preso.
belo deve ter descoberto que mais que a sua mulher - se punheta matasse esta senhora estaria morta há tempos - a liberdade é ainda mais bela do que a bunda, (já foi,viviane araujo) mais desejada do brasil.
e atrás dela todos andamos, não da bunda ou da bunda também, mas acima de tudo da liberdade. é de se esperar que não cheguemos a ela de um modo feio, o único possível a tantos e tantos até não mais contar
o beiral, por exemplo, nunca poderá alcançar a liberdade, salvo se optar por rebentar-se no chão. talvez seja disso que eu esteja falando.
dias de chuva a janela. onde terá ido incrustar-se o passarinho impermeável da liberdade ? no braço da guitarra de santana ?
Thursday, March 23, 2006
sete anos de azar
encontrei-me hoje comigo no espelho do andar de baixo. quase houve briga, não estávamos com cara de bons amigos.
utopia
um pouco de cada. e de cada um, um pouco. é pouco, para uns poucos. e impossível para toda a humanidade.
outono
tem um peso de morte em nossas vidas. saimos do verão a reclamar e mal ele chega com seus ventos frios e já nos remete para as tristezas do inverno. é mais feliz quem vive onde não existe tal estação de passagem ?
intenções
diz-se que das boas o inferno anda cheio. mas este não é o problema. o problema é quando o céu jaz assim. a queda para o alto costuma ser fatal até para os anjos.
prazos
se os cumprimos, vistos somos como espécimes em extinção e algo pestilentas. se não, ah! os adjetivos pátrios dados aos que não os cumprem. boa vida, por exemplo. ultimamente, digo-lhes, a vida não anda nada boa.
aos tostões
chega-se aos milhões. mas como é estafante catar-se aos milhares espalhados. como catamos as palavras, por exemplo. é um saco, de moedas.
entrementes
de uma forma ou de outra sempre estamos começando ou terminando alguma coisa. mas nem sempre o que vem pelo meio é vida.
Wednesday, March 22, 2006
nem azul, nem rôxa
primeira vez, rio, influência de santa teresa? não sei. acho que estava meio escuro por dentro. dura e cheia como se diz. dura de ser ver, e cheia de falhas. ainda assim uma cantada mal dada? rosto bonito, pra que esconder? retrato tenho até hoje. durou pouco. ainda dava pra ver o menino por detrás.
segunda vez, lembro direito não. mas também foi curta. ela e o período. terceira? tenho dúvidas. mas não quanto ao período. e se quarta e quinta houve, mal deu tempo pra escrever.
agora, é pra valer. perdura há meses. já passei do tempo que agonia, mas como incomoda os outros. a mulher reclama, primeiro que espeta, depois que emplastra, antes de partir que é mosca na sopa. viajo e ainda me faz prometer que vou tirar.
um homem é mais bonito com suas dores diz a canção. mas não se trata disso não. também não enjoeei do rosto. afinal, já me acostumei aquilo que é, acrescido agora das marcas do tempo, dos dissabores, da gravidade, da vida e da lei, de maneira que se não usei disfarçe nas piores horas, não seria agora.
passo o tempo a cofiá-la entre o polegar e indicador. não tenho tiques, isto também não é, apenas jeito novo de ir fazendo as contas do que conta e do que não conta. pelo menos instala-se em mim e enquanto cresce tranquiliza-me a calma. vai crescendo como se fosse meu brinquedo virtual. uma trepadeira no muro, um ninho no jardim.
porque tanto incomoda os outros? está ali, quietinha, não se mete com ninguém, não distrata a alma de nenhum vivente. porta-se indiferente ao que ao redor passar, apenas me acompanha e dá-me feições mais etárias ao que dizem ainda não se pregou a minha idade.
que tempos são estes sem sinal algum de liberdade por mais que pareça, que repete-se de desumanidades a cada instante, em que não se pode fazer um corte de cabelo diferente, não se pode intentar de ser emo(bem ser emo depois dos 50 nem pra fazer rima com demo mas vamos lá) que sempre tem quem apareça para opinar se deve ou não deve, se tem ou tem estilo, se fica ou não se fica bem. e isso depois do maio de 68, do flower people, do village people, do people que o pariu?
apenas uma barba, nem azul, nem roxa, grisalha, nem isso um homem pode tê-a e vê-la crescer em paz sozinho consigo mesmo e com ela própria ?
segunda vez, lembro direito não. mas também foi curta. ela e o período. terceira? tenho dúvidas. mas não quanto ao período. e se quarta e quinta houve, mal deu tempo pra escrever.
agora, é pra valer. perdura há meses. já passei do tempo que agonia, mas como incomoda os outros. a mulher reclama, primeiro que espeta, depois que emplastra, antes de partir que é mosca na sopa. viajo e ainda me faz prometer que vou tirar.
um homem é mais bonito com suas dores diz a canção. mas não se trata disso não. também não enjoeei do rosto. afinal, já me acostumei aquilo que é, acrescido agora das marcas do tempo, dos dissabores, da gravidade, da vida e da lei, de maneira que se não usei disfarçe nas piores horas, não seria agora.
passo o tempo a cofiá-la entre o polegar e indicador. não tenho tiques, isto também não é, apenas jeito novo de ir fazendo as contas do que conta e do que não conta. pelo menos instala-se em mim e enquanto cresce tranquiliza-me a calma. vai crescendo como se fosse meu brinquedo virtual. uma trepadeira no muro, um ninho no jardim.
porque tanto incomoda os outros? está ali, quietinha, não se mete com ninguém, não distrata a alma de nenhum vivente. porta-se indiferente ao que ao redor passar, apenas me acompanha e dá-me feições mais etárias ao que dizem ainda não se pregou a minha idade.
que tempos são estes sem sinal algum de liberdade por mais que pareça, que repete-se de desumanidades a cada instante, em que não se pode fazer um corte de cabelo diferente, não se pode intentar de ser emo(bem ser emo depois dos 50 nem pra fazer rima com demo mas vamos lá) que sempre tem quem apareça para opinar se deve ou não deve, se tem ou tem estilo, se fica ou não se fica bem. e isso depois do maio de 68, do flower people, do village people, do people que o pariu?
apenas uma barba, nem azul, nem roxa, grisalha, nem isso um homem pode tê-a e vê-la crescer em paz sozinho consigo mesmo e com ela própria ?
Tuesday, March 21, 2006
mal súbito
sobe costas, mas seca a garganta. finge que mordisca a orelha. e dá mau jeito no pescoço. é delicado ao tempo que sinistro. não há sinais de vento mas é impacto de trovoada. segundos intermináveis. ânsia e comiseração. um fração da galáxia um quasar de atitude. súbito você manda o boss a puta que o pariu. geleira em suores. estupefato escarra. assoma-se em vermelhidão asfixiada. e desaba em forma e consistência de bosta. em âmago você arremata: reclama agora das minhas cagadas seu filho da puta de merda!
Monday, March 20, 2006
tubaína
guaraná pureza. mais de cem anos no mercado de florianópolis. bebo um gole; e num instante sou um sabor de menino com a boca cheia de baré-cola.
consagrada
cola jesus. é de canela. os maranhenses adoram. nós não entendemos como. na dúvida coca-cola comprou. sabe-se lá. nunca foi bebida evangélica, aliás quem estranha o sabor diz que só mesmo estando com o diabo para gostar daquilo. mas como os tempos dos evangélicos são outros, louve-se o sabor pelo sim pelo não.
mais laranja que a própria
crush. hoje só encontrada, surpresa, em alguns fiteiros e bares fora dos circuitos, últimas notícias no interior da paraíba. cheira a falsa. mas a original, ah! a original. vendo-as ser engarrafadas alí, junto do capibaribe, quase grudados no vidro da secção de enchimento dos vasilhames, voltada para a rua, nos preferíamos este espetáculo as brincadeiras na rua da aurora. e fazíamos testes aos mais inteligentes: consegues ver as laranjas ?
fratello
fratelli vita. indústria de guaranás, alí encravada no tornozelo da rua do príncipe, passagem para as aulas de jornalismo na universidade católica do recife. pequena como a garrafa, que trazia umas reentrâncias quadradas ao pé do gargalo, que nunca soube - alguém saberia - o porquê ? mas de sabor que nunca mais sentiremos igual. brhama comprou e sepultou-nos o fratello. mesmo falsa, perdida no fundo de algum freezer de feira, nos emprestaríamos a ela o sabor que ainda nos resta na boca.
Sunday, March 19, 2006
calçadas
manhãs de domingo. quentes ou frias. cidade vazia. enfim o centro pode sorrir e passear sossegado.
de cascos
bêbado na calçada, ainda de porre. dá-me de bom dia e brinda ao sol convincentemente. nem toda bebida ou bebedeira fazem mal à saude, concluo. o ministério da saúde deveria ser advertido.
fashion
manequins cada vez mais realistas e " com medidas brasileiras". sem cerimônia alguma alguém passa-lhes a mão na bunda, quase voluptuosamente. poder-se-ia gritar pelo assédio , não fosse o caso apenas de troca de coleção.
urbanismo
sempre há uma casa de vila renitente aos propósitos comerciais estipulados para o centro. por mais decadente que esteja, guarda sempre um certo ar de nobreza, quando não de singeleza. porém, quando acoplam-se às mesmas, aquelas garagens construidas aos pedaços, telhas de amianto e alumínio, arrematadas em escândalo por grades escolhidas a dedo nos ferros velhos, eis que cenas de tortura e horror súbito passam a habitar a paisagem.
ninhos
enquanto nós humanos vamos sucumbindo as cidades, franzinos pássaros parecem adaptar-se a elas, por maior que seja sua sordidez e sujeira. e isso fazem com tal primor que nos faz louvá-los. até parecem ser o único movimento dos sem teto vitorioso, e harmonioso.
sem escadas
apartamentos são como ninhos, embora longe da sua harmonia. além disso, pássaros não utilizam elevadores. entram e saem voando pelas varandas e sacadas, quando não pelas janelas. como nós, já acostumados ao ritmo das grandes cidades ?
Saturday, March 18, 2006
metro cúbico
porque queremos sempre preencher os espaços vazios. já não contém eles mesmos a sí próprios ?
mangueira furada
quando se está agoando o jardim, na maior parte das vezes estamos agoando só a nós mesmos. e sem levar muita fé que vamos florir o que quer que seja.
jardineiro
não se deixe iludir pelas aparências de um jardim bem cuidado. está sempre prestes a ser abandonado. as plantas do jardim das nossas casas só são lembradas mesmo pelas formigas e por algum cachorro traquinas, que de bom coração apieda-se da sua solidão, arrancando-as de tal estado
adubo
puro esterco. se isso ainda fosse consolo, é o que nós somos para o tempo. desentende-se como não esvai-se a nossa empáfia uma vez que nos cemitérios apenas capim relutante brota da nossa decomposição. nem uma florzinha do mato pra angariar um perdão ?
lápide
lápide
tábua rasa da hipocrisia humana, derradeira oportunidade de nos redimir-mos do nosso cinismo e das nossas mentiras. nem na hora da morte, aqui jaz um filho da puta, ninguém tem coragem.
tábua rasa da hipocrisia humana, derradeira oportunidade de nos redimir-mos do nosso cinismo e das nossas mentiras. nem na hora da morte, aqui jaz um filho da puta, ninguém tem coragem.
neo
nasce a criança. tem a aparencia em salmoura de um paio ou salsicha animada. e todos: que lindinho, criança mais bela do mundo. que esperar de um mundo onde as pessoas chegam e partem, envoltas na mais completa mentira. que tudo se ajeite no seio ?
Friday, March 17, 2006
acasalamentos
dou-me conta de que as uniões verdadeiramente estáveis encontram-se fora do casamento. nada mais instável do que um casamento. como são cruéis os ritos estabelecidos para a caracterização desta mesma estabilidade.
sem cerimônias
em sí o casamento é uma grande pantomima. a começar da cerimônia. nada mais bufo, e não estou falando do vestido, tampouco das sogras, nem das sobras, nem do padre, nem dos padrinhos.
omo lava mais branco
só os apaixonados casam-se. quem ama verdadeiramente não o faz. amor é sobretudo respeito pelo outro. e qualquer casamento sustenta-se ou desaba justamente pela falta disso.
paternidade
adora crianças, ama a humanidade? faça um favor a sí mesmo, as ditas cujas, e a essa tal de humanidade: não procrie.
Thursday, March 16, 2006
tensão
uma espécie de tesão na testa, para publicitários, que algumas vezes carregam ou pensam, todo o peso da agência nas costas.
dores lombares
adquiridas por várias razões: das mamonais: comer tatu é bom mas dá dor nas costas, as esquisitas, do tipo criar um campanha de costas: ou seja de trás para frente.
touché
adeptos da imagem vangloriando-se de que ela vale por mil palavras. ora, mas uma palavra contém muito mais que mil imagens e nem precisa ser universo. e vale mais a palavra infinito ou a representação dela ?
papel em branco
ou monitor como queira. eu acredito sempre que a idéia está lá. se não vejo é pura ilusão de ótica.
Wednesday, March 15, 2006
normalidade
o cliente aprovou a campanha com elogios, beijo na boca e fogos de artifício, valeu o nosso fim de semana.
o cliente mudou de idéia - terá sido corneado? - espumou, esperneou, serpenteou, mais um pouco e cuspia para além do prato que comeu.
valei-nos um novo fim de semana.
o cliente mudou de idéia - terá sido corneado? - espumou, esperneou, serpenteou, mais um pouco e cuspia para além do prato que comeu.
valei-nos um novo fim de semana.
estética dominante
eu mando, eu quero , eu gosto, você obedece. encaixe, vista, desfile, até que seu ego desaparece.
underwear
executivos costumam arregaçar suas roupas íntimas na hora de decidir. umas vezes por trás outras pela frente.
Tuesday, March 14, 2006
quase remela
na minha briga, onde as costas levam do sofá-cama e a face apanha da luz da janela, muriçocas rapinam aquele quase sono de sonhos para com ela
repelente
espantam os mosquitos, maruim e muriçoca é mato, estou numa ilha, mas também espantam as possiblidades de compreender que em nem tudo que os mosquitos pousam ou rondam é merda. mas que é uma merda é.
claridade
no meio da noite, tudo fica muito claro as vezes. aí você fica no mais completo breu. novamente a madrugada te salva. até quando ?
travesseiro
ainda que você esteja com a consciência limpa, não esqueça de certificar-se de que a fronha também está.
mudando de posição
não se trata de morbidez mas dormir em outras camas traz-me a lembrança de que mais dia ou menos dia cometerei adultério com a vida. e aí penso que nunca mais vou criticar aqueles que pedem caixão com travesseiro. afinal, morrer e ainda ficar com dor no pescoço é o fim da picada.
cama de casal
não importa se você é solteiro. durma sempre numa. é uma espécie de treinamento para que você se acostume a ter sempre mais espaço ou não condoer-se com espaços vazios.
Monday, March 13, 2006
o sentimento humano
o sentir é um vestir de ocasião. alguns estilistas exageram nos detalhes da crueldade.
Sunday, March 12, 2006
nenhum homem é uma ilha
leva-se algum tempo para localizar-se espacialmente.
ao longe vê-se o todo, curvas, montes, igrejas, parapentes.
nem toda casa no morro é favela, aprende-se. aprende-se também que favela não tem que ser a imagem que temos. das cariocas as palafitas. as das calçadas do recife.
favelas podem ter dignidade. as do rio já tiveram. tanta que carlos lacerda mandou atear fogo as mesmas. favelas do tempo que eram cantadas por sambas que enalteciam estarem elas mais perto do céu. hoje, do inferno. estigma. de onde desce o inferno que assombra a cidade. guerra de guerrilha exército x tráfego.
na ilha, a favela mais perigosa, é lado de uma das encostas de onde no alto tem rede teve. outro lado não é perigoso não. lado de cá tem célula do comando vermelho. lado de lá, mesma escrita, casas caríssimas dos caríssimos.
mas a ilha é tranquila. varais ainda podem ser estendidos sem medo de furtos, pelo menos dentro do muro de alguns condomínios da lagoa. no campeche, em casa sem ninguém, aí já não pode.
voltando a paisagem, leva tempo para localizar-se. lado norte, lado sul. sabe-se quando se está lá e se aponta para o contrário. quando fazemos a volta e circundamos confundimos tudo. o que é sul, o que é norte. claro que tem oeste, leste, mas fica radial a maior parte do tempo. a confusão é tanta, entre voltas e olhares para o cenário de morros circundantes que chegamos a confundir o continente com a ilha. e a lagoa com o litoral que chega ao centro.
sim a ilha de florianópolis fica em florianópolis. causa certa confusão. é como se florianópolis fosse só a ilha para os de cá. mas não para os de lá. divisão de bens fica parecendo. é mais chic estar dentro da ilha. tem joaquina, jurere, jurere internacional, praia mole, o próprio campeche e a lagoa da conceição. tranquilidade de aparência européia, na limpeza, em alguns costumes e na cor da pele, olhos e cabelos. mas sem exageros. a ilha tem 350 mil habitantes, dizem. toda montada para receber mais que o dobro de turistas na alta estação. os nativos, chamados manezinhos, detestam, muito embora ganhem muito dinheiro com isso que de manés não tem nada(diz-se bocó, por aqui). e os preços, hum! manés mesmo são os turistas que pagam um baba por tudo. mas peraí, se eles pagam e não chiam, será que são mesmo manés ?
o continente também é muito bonito. mas como o centro é o centro da ilha que está na ilha não fica a querer o continente mais do que contraponto de vista. falar em vista, ia esquecendo de sambaqui e santo antônio de lisboa, ilhas dentro da ilha, ou para ser mais exato, recantos nos cantos da ilha.
na alta sobe a temperatura. tudo esquenta. o calor chega as raias do insuportável. mas a água continua fria, até para quem toma banho na lagoa, ato de coragem para alguns - já se vê esgotos escorrendo para dentro - ato de inteligência para outros que gozam de praia lacustre economizando gasolina. afinal, fora os surfistas é um mergulho e pronto.
vem o inverno e tem-se o frio que se não te pôe a prova, te pôe a moda. moda de inverno é mais chic. gastronomia também.
há que se abastecer de vinho com antecedência e preparar-se para os fondues, as sopas e chocolates quentes, os cafés agora já não mais tomados nas calçadas, diriamos esplanadas em portugal.
mesmo dentro da ilha há tanto por conhecer e olhar. não hei de me aprisionar nela. santa catarina é um estado de interiores tão voluptuosos como a ilha de florianópolis e o jeg há de querer conhecer outros terrenos e elevações.
agora esta é minha praia. e pra começar quero dentro dela? não sei ainda, ir aos açores, o que é possível visitando-se a comunidade açoriana que aqui vive deste leva primeva de imigrantes.
o resto das viagens começam por morar numa casa de madeira com aquele ar mais ao sul onde hão de esbaldar-se os 14 caninos do norte. sem esquecer os felinos. para quem o que interessa é estar junto de quem a gente gosta.
ai pode ser onde for. mas numa ilha mais do que perfeito. porque nenhuma ilha é um homem mesmo para quem gosta de estar só.
ao longe vê-se o todo, curvas, montes, igrejas, parapentes.
nem toda casa no morro é favela, aprende-se. aprende-se também que favela não tem que ser a imagem que temos. das cariocas as palafitas. as das calçadas do recife.
favelas podem ter dignidade. as do rio já tiveram. tanta que carlos lacerda mandou atear fogo as mesmas. favelas do tempo que eram cantadas por sambas que enalteciam estarem elas mais perto do céu. hoje, do inferno. estigma. de onde desce o inferno que assombra a cidade. guerra de guerrilha exército x tráfego.
na ilha, a favela mais perigosa, é lado de uma das encostas de onde no alto tem rede teve. outro lado não é perigoso não. lado de cá tem célula do comando vermelho. lado de lá, mesma escrita, casas caríssimas dos caríssimos.
mas a ilha é tranquila. varais ainda podem ser estendidos sem medo de furtos, pelo menos dentro do muro de alguns condomínios da lagoa. no campeche, em casa sem ninguém, aí já não pode.
voltando a paisagem, leva tempo para localizar-se. lado norte, lado sul. sabe-se quando se está lá e se aponta para o contrário. quando fazemos a volta e circundamos confundimos tudo. o que é sul, o que é norte. claro que tem oeste, leste, mas fica radial a maior parte do tempo. a confusão é tanta, entre voltas e olhares para o cenário de morros circundantes que chegamos a confundir o continente com a ilha. e a lagoa com o litoral que chega ao centro.
sim a ilha de florianópolis fica em florianópolis. causa certa confusão. é como se florianópolis fosse só a ilha para os de cá. mas não para os de lá. divisão de bens fica parecendo. é mais chic estar dentro da ilha. tem joaquina, jurere, jurere internacional, praia mole, o próprio campeche e a lagoa da conceição. tranquilidade de aparência européia, na limpeza, em alguns costumes e na cor da pele, olhos e cabelos. mas sem exageros. a ilha tem 350 mil habitantes, dizem. toda montada para receber mais que o dobro de turistas na alta estação. os nativos, chamados manezinhos, detestam, muito embora ganhem muito dinheiro com isso que de manés não tem nada(diz-se bocó, por aqui). e os preços, hum! manés mesmo são os turistas que pagam um baba por tudo. mas peraí, se eles pagam e não chiam, será que são mesmo manés ?
o continente também é muito bonito. mas como o centro é o centro da ilha que está na ilha não fica a querer o continente mais do que contraponto de vista. falar em vista, ia esquecendo de sambaqui e santo antônio de lisboa, ilhas dentro da ilha, ou para ser mais exato, recantos nos cantos da ilha.
na alta sobe a temperatura. tudo esquenta. o calor chega as raias do insuportável. mas a água continua fria, até para quem toma banho na lagoa, ato de coragem para alguns - já se vê esgotos escorrendo para dentro - ato de inteligência para outros que gozam de praia lacustre economizando gasolina. afinal, fora os surfistas é um mergulho e pronto.
vem o inverno e tem-se o frio que se não te pôe a prova, te pôe a moda. moda de inverno é mais chic. gastronomia também.
há que se abastecer de vinho com antecedência e preparar-se para os fondues, as sopas e chocolates quentes, os cafés agora já não mais tomados nas calçadas, diriamos esplanadas em portugal.
mesmo dentro da ilha há tanto por conhecer e olhar. não hei de me aprisionar nela. santa catarina é um estado de interiores tão voluptuosos como a ilha de florianópolis e o jeg há de querer conhecer outros terrenos e elevações.
agora esta é minha praia. e pra começar quero dentro dela? não sei ainda, ir aos açores, o que é possível visitando-se a comunidade açoriana que aqui vive deste leva primeva de imigrantes.
o resto das viagens começam por morar numa casa de madeira com aquele ar mais ao sul onde hão de esbaldar-se os 14 caninos do norte. sem esquecer os felinos. para quem o que interessa é estar junto de quem a gente gosta.
ai pode ser onde for. mas numa ilha mais do que perfeito. porque nenhuma ilha é um homem mesmo para quem gosta de estar só.
Saturday, March 11, 2006
melgas e mosquitos
a letra de uma velha canção portuguêsa confirma-se. agora é moda no brasil. do morumbi a lagoa da conceição. haja maruim. mesmo no céu há melgas e mosquitos.
lost
em qualquer mercado que você vá o cenário é o do seriado
(— seriado é coisa velha rapaz, cuidado com a terminologia. agora é série.
— mas não é isso mesmo? qual a diferença?
— national kid era melhor.
— ah! então tá bom.)
e não é porque estou numa ilha. é só porque estamos de volta a (selva da )publicidade.
bem vindo ao planeta dos macacos.
(— seriado é coisa velha rapaz, cuidado com a terminologia. agora é série.
— mas não é isso mesmo? qual a diferença?
— national kid era melhor.
— ah! então tá bom.)
e não é porque estou numa ilha. é só porque estamos de volta a (selva da )publicidade.
bem vindo ao planeta dos macacos.
dilema
os mesmos sonhos. as mesmas sensações.
as mesmas caras - alguém clonou o mundo e eu não fui informado sobre isso.
os mesmos projetos. os mesmos discursos.
as mesmas pequenezas, em moeda e caráter.
as mesmas mezinhas e mandingas de sempre.
os mesmos vícios, os mesmos ranços.
a mesma improdutividade. a mesma complicação - o mundo poderia ser tão simples.
a mesma afirmação de ego e as mesmas afirmações estúpidas.
a mesma ignorancia a procedimentos básicos. a mesma estupidez de sempre - essa é que é a mesma, mesmo.
a mesma incompetência porca má e sujamente disfarçada por quem faz da garaganta vestimenta que deixa sempre as manguinhas de fora.
o mesmo mau gosto no essencial quanto mais no supérfluo.
o mesmo gosto, não gosto, acho, não acho, carne e unha com o não sei porquê.
a mesma vidinha sem a qual ficamos a êsmo.
quase trinta anos no mesmo. e olhe que dizem sempre que a publicidade não é mais a mesma.
e batem as mesmas dúvidas de sempre: cometer os mesmos erros pra eles verem quem é que manda ou cometer novos fadados a serem os mesmo de sempre ?
as mesmas caras - alguém clonou o mundo e eu não fui informado sobre isso.
os mesmos projetos. os mesmos discursos.
as mesmas pequenezas, em moeda e caráter.
as mesmas mezinhas e mandingas de sempre.
os mesmos vícios, os mesmos ranços.
a mesma improdutividade. a mesma complicação - o mundo poderia ser tão simples.
a mesma afirmação de ego e as mesmas afirmações estúpidas.
a mesma ignorancia a procedimentos básicos. a mesma estupidez de sempre - essa é que é a mesma, mesmo.
a mesma incompetência porca má e sujamente disfarçada por quem faz da garaganta vestimenta que deixa sempre as manguinhas de fora.
o mesmo mau gosto no essencial quanto mais no supérfluo.
o mesmo gosto, não gosto, acho, não acho, carne e unha com o não sei porquê.
a mesma vidinha sem a qual ficamos a êsmo.
quase trinta anos no mesmo. e olhe que dizem sempre que a publicidade não é mais a mesma.
e batem as mesmas dúvidas de sempre: cometer os mesmos erros pra eles verem quem é que manda ou cometer novos fadados a serem os mesmo de sempre ?
Friday, March 10, 2006
oscar
nos diz que só um tolo não se deixa levar pela primeira impressão. mas teve ele mesmo seus momentos wilde que acabaram por levá-lo a prisão.
the stranger
a maioria das pessoas sente-se infeliz em estar num lugar, cidade onde ninguém as conheça.
perdem-se e atonitroam-se sem os seus sinais e marcas de referência. o que inclui até mesmo aqueles parentes detestáveis. para elas a felicidade é lugar conhecido. mesmo que repleto de modorra e até mesmo de infelicidade, já que tanto temem a felicidade ou a infelicidade desconhecida.
sinto-me estranho por tal . para mim é uma felicidade tudo isso de poder caminhar sem encontrar os mesmos rostos soturnos de sempre. as mesmas meia-janelas semi-fechando-se por entre vultos, os incontáveis bom-dias e como vai burocráticos. a mesma vizinhança a condoer-se dos incômodos da vida, até da minha indiferente passagem.
para desgraça minha, salvação haveria se temesse a chuva e os temporais. não há.
sinto-me ainda mais feliz. os pingos batendo no rosto, as botas e pés encharcados fazem-me criança a produzir barulho e não velho a bradar impropérios. abraço-me num velho jaquetão de guerra comprado na feira da ladra, após sair da alfama, e bebo os pingos de chuva como quase refrigerantes.
súbito, tantas vezes, torno-me o " tarado da chuva". abro o casaco e a deixo-a entrar, até o ponto de eriçar-me os mamilos. mas contenho-me, haverá um dia em que o farei, para não dançar o sing in the rain na esquina de alguma rua de santo antônio de lisboa, pra quem não sabe bairro da ilha, de florianópolis.
talvez se fosse um homeless a sensação seria diferente, pesar-me-ia a fome, as dores nos ossos, a roupa ainda mais suja dos anos e o cheiro de urina a afastar os gatos.
estranho. ainda assim me parece que não. talvez eu não tenha precisão de nada mais que a imaginação de que nalgum lugar haverá um estranho como eu a observar com naturalidade que as folhas mortas pelo chão são um tapete de vida e que eu também estive alí para além das minhas pegadas.
perdem-se e atonitroam-se sem os seus sinais e marcas de referência. o que inclui até mesmo aqueles parentes detestáveis. para elas a felicidade é lugar conhecido. mesmo que repleto de modorra e até mesmo de infelicidade, já que tanto temem a felicidade ou a infelicidade desconhecida.
sinto-me estranho por tal . para mim é uma felicidade tudo isso de poder caminhar sem encontrar os mesmos rostos soturnos de sempre. as mesmas meia-janelas semi-fechando-se por entre vultos, os incontáveis bom-dias e como vai burocráticos. a mesma vizinhança a condoer-se dos incômodos da vida, até da minha indiferente passagem.
para desgraça minha, salvação haveria se temesse a chuva e os temporais. não há.
sinto-me ainda mais feliz. os pingos batendo no rosto, as botas e pés encharcados fazem-me criança a produzir barulho e não velho a bradar impropérios. abraço-me num velho jaquetão de guerra comprado na feira da ladra, após sair da alfama, e bebo os pingos de chuva como quase refrigerantes.
súbito, tantas vezes, torno-me o " tarado da chuva". abro o casaco e a deixo-a entrar, até o ponto de eriçar-me os mamilos. mas contenho-me, haverá um dia em que o farei, para não dançar o sing in the rain na esquina de alguma rua de santo antônio de lisboa, pra quem não sabe bairro da ilha, de florianópolis.
talvez se fosse um homeless a sensação seria diferente, pesar-me-ia a fome, as dores nos ossos, a roupa ainda mais suja dos anos e o cheiro de urina a afastar os gatos.
estranho. ainda assim me parece que não. talvez eu não tenha precisão de nada mais que a imaginação de que nalgum lugar haverá um estranho como eu a observar com naturalidade que as folhas mortas pelo chão são um tapete de vida e que eu também estive alí para além das minhas pegadas.
Thursday, March 09, 2006
expresso
o que torna o cafezinho do aeroporto tão especial ? a sensação de que no fundo pode ser o último ?
assédio sexual
as malas roçando-se uma nas outras, a tal ponto que rompem o lacre. algumas até molhadinhas
proporção
pra quem aterrisou em orly, frankfurt, johh keneddy, certos aeroportos tem cara de rodoviária. mas o banheiro logo desfaz o engano. aquela assepsia que nos faz ter vergonha de mijar um pouco mais amarelo.
Wednesday, March 08, 2006
por onde andará aristides guimarães ?
"o avião vôa alto, como vôa o meu pensamento, que vai ao ar, nas ondas do firmamento"
trecho de o avião, de aristides, compositor pernambucano integrado ao movimento tropicalista, de quem um dia, no programa da tia linda, na outrora star system tv jornal do commercio, cantei num banquinho e violão, tendo um avião de brinquedo a baloiçar como efeito especial para realçar o meu número na categoria de convidado especial.
trecho de o avião, de aristides, compositor pernambucano integrado ao movimento tropicalista, de quem um dia, no programa da tia linda, na outrora star system tv jornal do commercio, cantei num banquinho e violão, tendo um avião de brinquedo a baloiçar como efeito especial para realçar o meu número na categoria de convidado especial.
é fokker
a tecnologia pode ter avançado mais a verdade é que não se fazem mais aeromoças como antigamente
recuerdos de viagem
é só comer a comida de avião que nós sentimos uma imensa e temperada saudade até do feijão queimado que comíamos em casa praguejando
Tuesday, March 07, 2006
sentinela
no nordeste, o maior inimigo do escritor não é a crítica, e a falta dela. tampouco a falta de espaço nos meios, onde os cadernos literários dos jornais? e os meios de edição. no nordeste, o maior inimigo do escritor é muriçoca.
derramando o gás
escrever sob lamparinas nos deixava menos exposto. o que não quer dizer que não nos deixava mal disposto.
sendo direto
melhor mesmo é soprar as brasas, calorão nos beiços, fagulhas queimando os peito. mas proteja os olhos e os ovos, que escritor capado só dá livro sem orelha.
última página
as mão e os cabelo cheirando fumaça. pitadinha de fumo de rolo, e lapada de cana vagabunda pra finalizar o parágrafo.
isto posto, último bocado de feijão verde com farinha. e haja farinha pras formiga, tostada naquela gordurinha da charque, separada para os gato e os vira-lata que nutre companhia, rosnando pra pio de coruja que agoureja sina, siná.
agora pode ser de mão. fartura de coentro cheira no ar. homem come feito menino que o tempo comeu sem tempero.
olho pro braseiro do fogo pagô, os oio vermeio e lágrima de suor ardendo o marejado. arcancei o finá ou ele me arcançou ?
isto posto, último bocado de feijão verde com farinha. e haja farinha pras formiga, tostada naquela gordurinha da charque, separada para os gato e os vira-lata que nutre companhia, rosnando pra pio de coruja que agoureja sina, siná.
agora pode ser de mão. fartura de coentro cheira no ar. homem come feito menino que o tempo comeu sem tempero.
olho pro braseiro do fogo pagô, os oio vermeio e lágrima de suor ardendo o marejado. arcancei o finá ou ele me arcançou ?
Monday, March 06, 2006
pouco brilho
de braços cruzados a estatueta do oscar parece manifestar seu desagrado com os resultados.
al dente
cinco anos para fazer de massinha um filme. durante o trabalho alguém teve tempo de ir ao cinema ?
Sunday, March 05, 2006
dicionário analógico da língua portuguesa
portugal me é um rombo da base do pescoço a púbis.
nele cabem
lisboa e
ponte 25 de abril
até em hora de ponta
cabem a costa da caparica
o atira-te ao rio e os barcos do barreiro
cabe também o balanço do vôo da tap
e quase não cabe o grito de quem se assusta e brada: esta merda abana mas não cai - foda-se! sempre abana após o passar da ponte
cabe a estrada para o algarve
nem precisa chegar lá.
porque cabe uma açorda de coentro
na cidade mais comunista do roteiro
mas vá lá,
tá-se bem, cabe o algarve
praias para inglês ver
e português desatinar
cabem uns copos no jamaica
onde descubro que ainda sei dançar
cabe o bas-fond e o largo do sodré
e a padaria que vende o melhor pão tigre que jamais comi
o comboio pro estoril
cabe o salto em cascais
para retornar à rua da beira baixa
cabe o maluco - os rafeiros cabem sempre -
cão que nunca soube de quem
não sabia ele nem eu
ser meu também
de quem guardo fotografia
única do rombo
cabe o marquês
e o trottoir do eduardo sétimo
cabe o cheiro das castanhas
até bairro alto cabe mesmo de dia
cabe o rato e para sempre campo de ourique
e cabe jardins da gulbenkian e corte inglês
(coube até as passeatas contra)
cabem todas as tascas e até o lux
onde quase não cabia ninguém
cabem compras no supermercado
das amoreiras
pra comer banana
no shopping
enquanto devoro leituras
pensando num expresso duplo
cabem as caminhadas solitárias
em quaisquer das cidades por onde andei
e me reconheci feliz mesmo quando não
cabe super-bock, fino e imperial
na ribeira
que porto chego já
assim como cabe
meco
contagiado
pela alegria portuguesa
na estação do sol
tanta alegria
que nem sinto falta
dos biquinis brasileiros
pois aprendi a
ler nas entrelinhas
dos biquinões
embora ainda ache top less dispensável
não por falso moralismo
mas porque são um atentado à imaginação
cabe a alegria de caminhar sob a chuva
mesmo no inverno
declaração de liberdade
onde nem brasileiro
nem português
apenas
homem
menino nu
ainda mais
no meu porto
onde cabem todas as salas da amc
as francesinhas da santa catarina
onde até cabiam travestis e as putas
retirando pinturas na mesma hora
em que acabo mais uma noitada
cabem as poucas horas de sono
nas madrugadas de volta à vila do conde
cidade irmã de olinda onde estou
cabe
ida e vinda
e até a pachorra
de aguentar o reninho discursando
cabe do granizo das madrugadas
as pataniscas de bacalhau
e convida-me
quem nunca me viu
cabe o café com perfume
brinde de mãos calejadas
cabem todas as fnacs
e até o norteshopping
cabe a foz
e a minha voz
tentando pronuncias do norte
com sua simplicidade
enorme
fonte de vida
e sabedoria
onde aprendi
que não conservamos tudo o que amamos
ainda que conserves na memória o que cabe
do que já não podes
cabem em mim
até os erros de concordância
que riem de mim
junto com os tus que não batem com os erres
mas não cabe o quartilitro de vigor
a isto chama-se saudade
o que não cabe em si.
(originalmente publicado no cemgrauscelsius)
nele cabem
lisboa e
ponte 25 de abril
até em hora de ponta
cabem a costa da caparica
o atira-te ao rio e os barcos do barreiro
cabe também o balanço do vôo da tap
e quase não cabe o grito de quem se assusta e brada: esta merda abana mas não cai - foda-se! sempre abana após o passar da ponte
cabe a estrada para o algarve
nem precisa chegar lá.
porque cabe uma açorda de coentro
na cidade mais comunista do roteiro
mas vá lá,
tá-se bem, cabe o algarve
praias para inglês ver
e português desatinar
cabem uns copos no jamaica
onde descubro que ainda sei dançar
cabe o bas-fond e o largo do sodré
e a padaria que vende o melhor pão tigre que jamais comi
o comboio pro estoril
cabe o salto em cascais
para retornar à rua da beira baixa
cabe o maluco - os rafeiros cabem sempre -
cão que nunca soube de quem
não sabia ele nem eu
ser meu também
de quem guardo fotografia
única do rombo
cabe o marquês
e o trottoir do eduardo sétimo
cabe o cheiro das castanhas
até bairro alto cabe mesmo de dia
cabe o rato e para sempre campo de ourique
e cabe jardins da gulbenkian e corte inglês
(coube até as passeatas contra)
cabem todas as tascas e até o lux
onde quase não cabia ninguém
cabem compras no supermercado
das amoreiras
pra comer banana
no shopping
enquanto devoro leituras
pensando num expresso duplo
cabem as caminhadas solitárias
em quaisquer das cidades por onde andei
e me reconheci feliz mesmo quando não
cabe super-bock, fino e imperial
na ribeira
que porto chego já
assim como cabe
meco
contagiado
pela alegria portuguesa
na estação do sol
tanta alegria
que nem sinto falta
dos biquinis brasileiros
pois aprendi a
ler nas entrelinhas
dos biquinões
embora ainda ache top less dispensável
não por falso moralismo
mas porque são um atentado à imaginação
cabe a alegria de caminhar sob a chuva
mesmo no inverno
declaração de liberdade
onde nem brasileiro
nem português
apenas
homem
menino nu
ainda mais
no meu porto
onde cabem todas as salas da amc
as francesinhas da santa catarina
onde até cabiam travestis e as putas
retirando pinturas na mesma hora
em que acabo mais uma noitada
cabem as poucas horas de sono
nas madrugadas de volta à vila do conde
cidade irmã de olinda onde estou
cabe
ida e vinda
e até a pachorra
de aguentar o reninho discursando
cabe do granizo das madrugadas
as pataniscas de bacalhau
e convida-me
quem nunca me viu
cabe o café com perfume
brinde de mãos calejadas
cabem todas as fnacs
e até o norteshopping
cabe a foz
e a minha voz
tentando pronuncias do norte
com sua simplicidade
enorme
fonte de vida
e sabedoria
onde aprendi
que não conservamos tudo o que amamos
ainda que conserves na memória o que cabe
do que já não podes
cabem em mim
até os erros de concordância
que riem de mim
junto com os tus que não batem com os erres
mas não cabe o quartilitro de vigor
a isto chama-se saudade
o que não cabe em si.
(originalmente publicado no cemgrauscelsius)
Saturday, March 04, 2006
ultrapassagem
na vida, como na estrada, a indecisão mata tanto ou quanto a imprudência. mas a imprudência tem a ilusão do movimento.
Friday, March 03, 2006
Thursday, March 02, 2006
unidos da vila isabel
ah! é, é ? então convidem para a mesma mesa martinho da vila e a ala dos compositores.
da liga dos super heróis
critérios da vitória nem sempre justos. mas os de desempate, sempre injustos. para todo o sempre.
Wednesday, March 01, 2006
disfarça e freva
apontando para a prefeita de olinda, turista pergunta quem é aquela, fantasiada?
não estava.
não estava.
condenadas a murchar
bonecas de inflar. reclamam da concorrência desleal: não podem aplicar botox nem silicone e o que é pior, continuam com sabor de plástico.
respeite a faixa
capita da cultura, faixa da " boa " em casarão de olinda.
o "l" deve deve ter sido comido como aperitivo.
o "l" deve deve ter sido comido como aperitivo.
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