Friday, November 08, 2024

quase lá

tudo que eu amo, morre. tudo que eu não amo, também. o que amo, quase sempre me dou conta e faço as contas - sempre elas - do que perdi. o que não amo, quase nunca me dou conta e nestes casos, pra que fazer contas? mas o que mais me morre, é o quase nunca, quando eu amo. aí, só resta fazer de conta que eu não amava tanto o quanto que perdi.

Thursday, October 31, 2024

why ?

por que me comovo tanto com a mãe e seus filhotes no reino animal e não acho a menor graça quando se trata de humanos? porque com certeza nem zero por cento daqueles filhotes animais vai ser um calhorda, um canalha, um filho da puta.

mora na filosofia

gostava de estudar filosofia. se bem que acho estranho estudar academicamente filosofia, principalmente ser for fora de uma universidade federal. filosofia você aprende, profundamente, com as mentiras e verdades da sua vida, muito mais com que a dos outros, o que não invalida o conhecimento sistematizado das escolas diversas, vá lá. mas para aprender a filosofia, a última coisa a ser levada em conta é a pretensão de filosofar, no sentido de estampar conhecimento do humano sobre o humano. a filosofia é para si a homeopatia do ser. a diluição do conhecimento em doses exatas quase nunca é conseguida . e o veneno que se torna remédio acaba sendo o remédio que se torna veneno. já o tido como oposto, a tal filosofia de botequim, tenta ridicularizar não o vazio de certas sentenças mas a filosofia em si. e isto tem a ver com luta política. como disse stendhal, pensar faz doer. e na história da humanidade, dos primórdios até o apagão bolsonariano, incomoda demais pensar. e não é outra  a razão pela qual " as ciências humanas " sofrem caça e os filósofos são tratados como vagabundos e equiparados aos frequentadores de pés sujos, já agora menos uma discussão filosófica e mais uma vez vertente política da luta de classes. penso, logo existo. só sei que nada sei. desculpe: mas sei o que sei e o que não sei, mesmo quando não consigo expressar em termos acadêmicos o meu estado de suspensão filosófica. e existo muito além e aquém do pensar sem deixar de pensar. pois pensar é algo que difere da reflexão filosófica que é uma categoria de pensamento bastante elitizada por assim dizer. mesmo que sôe um enunciado de filosofastro, a filosofia da história nem sempre acaba como história da filosofia. 

Monday, October 28, 2024

o pulo do gato

quando os idosos começam a temer escadas, nem por isso ganham asas ou coragem. principalmente para descer as covas. a sabedoria humana faz de todos nós covardes. uns poucos sabidos sobem a escada e pulam para a cova em mortais ainda não catalogados pelas autoridades olímpicas. o pulo do gato, por exemplo, nunca foi. mas os gatos tem sete vidas. nós humanos, que só temos uma, deveriamos multiplicá-la nem que fosse em números pares. desgraçadamente, a maioria reduz a metade, uns nem um terço e, pior ainda, tem gente que é vida zerada não importa as dezenas acumuladas porque idosos temem as escadas. da próxima vez que vir uma escada, dê o seu pinote. não passe por baixo que isso é que dá azar. afinal, a espiral da vida, o DNA, não passa de uma escada que algum arquiteto louco concebeu com uma certa fragilidade que nos faz mais fortes a medida que subvertemos os degraus. 

Friday, October 25, 2024

santo antônio quaresma dos pitis ou amigo é pra essas coisas

longe da visão romântica do mundo - que nos dilacera e pode até matar os imberbes - a amizade tem seus próprios caminhos. e não são doces ou parafraseando a rapadura, amizade é doce mas não é mole não. por isso digo que para preservar as boas amizades ( porque valeria a pena preservar algo que não é bom ? ) deve-se manter uma certa distância, que não pode ser medida só em quilômetros. a convivência mata o que há de bom. muito mais que a distância. que de primeira nos parece terrível mas é o anticorpo salvador da pátria tantas e tantas vezes. estou numa idade que a geração antecessora ( nascida cerca de dez anos atrás está indo embora de mala e cuia ) e quem tem 70 e viveu os 70 - a menos que tenha se tornado um terraplanista - sabe que o the dream is over pode estar está na próxima previsão do tempo do jornal nacional. e evidente que tem de ser ranzinza e ainda combativo a este depositário fecal que se tornou o mundo e a vida hoje. nada tudo a reclamar. amigos, não os tive muitos. aliás, tenho muitas reservas a quem se diz dono de muitas amizades. e não é inveja ou qualquer sentimento barato. é que amizade mesmo ( sim, é clichezão)  é mosca branca de olho azul, cauda de pavão e ferrão semi- domesticado - quem já teve um amigo que " não alisa ", sabe a picada  - e as imperfeitas é que nos são mais caras, porque espelham o quão duro é ser demasiadamente humano . pessoalmente, julgo, com total isenção e parcimônia, que não sou um sujeito fácil, como algumas vezes me traduzi " easy like sunday morning ", antes de aprender e ter motivos para detestar o domingo, dia miserável pra se perder amizades tênues. por isso, me ter como amigo, se não é lá um presente dos deuses também ter-me na lista das amizades não é nenhuma expiação dos pecados. dentre os amigos que se foram e alguns sem que pudesse dizer como os tinha como amigos, já não resta quase ninguém. mas estão ali ao lado, no quarto da memória, vestindo-se para sairmos juntos. dos vivos ou seria vivo, santo antônio quaresma dos pitis é o mais longevo, gentil, amoroso mas que algumas vezes deixa-me" com vontade de socá-lo" ( sensação e não sentimento pra quem não sabe a diferença ) que não é incomum aos amigos de verdade. mas não por ele só. idiossincrasias minhas, incluindo a reduzidíssima paciência para com as gentes, atestada na minha jornada cada vez mais aprofundada de ermitão urbano e inabilidade social cultivada ideologicamente, indicam que demasiada proximidade pode ser perigoso para ambas as partes. ainda bem que não o vejo há cerca de vinte e tantos anos, muito embora nunca estivéssemos tão próximos como hoje, ao ponto de planejarmos estar fisicamente juntos em breve e por breve período por força das circunstâncias e também pelo sim pelo não. para o entendimento de quem não tem uma amizade que já passou por episódios multifacetados, de riso, raiva, emotividade, deslumbramento, agonia e êxtase, ainda mais entre pessoas tão diferentes mas agarradas pelo amor a arte e a artisticidade de ambos, cada qual com sua expressão, pode parecer estranho. mas a amizade verdadeira é mesmo muito estranha. é um monólito de alabastro, fincado tanto no deserto como no mar, que funciona como um farol dos vulcões interiores, de seres que lutam para serem felizes sem abrir mão da sua interioridade que não escondem. muito pelo contrário, escancaram as vezes sem medir consequências,  que é ato de quem vive de verdade e tem muita coragem e não como classifica o sistema como porra louca. sem nenhum paradoxo, o que mais me irrita no quaresma, é o que mais eu respeito e reverencio: seus pitis. nem sempre consequentes é verdade mas de intensidade tamanha, que nunca forjados ou acting de qualquer natureza. a sua sensibilidade para com a vida e o modo que escolheu para expressá-la com arte, tendo como veículo a fotografia, os colocam como muito mais que chiliques idiossincráticos. é puro fluido da anima que extrapola os canais condutores num grito antes do artista mas do menino homem que grita dizendo estou aqui e não aceito o que querem para mim que não quero. esquisitice de artista, todo artista não é assim ( a velha estigmatização dos sistema aos que pensam contra )? não me parece. são coisas da vida,  que só velhos amigos, que recusam a mediocridade - das amizades inclusive - sabem valor e significado. então, como diria o bardo, enquanto houver pitis, haverá esperança e amizade.

diga giz

que olho de lince que nada. quero ter cílios de máquina fotográfica. obturar a vida em macro. peixe de olho anamórfico. guelras pentax. asas 100. p&b, memória roleiflex, canon e nikon em 69 - e um meteoro zoom em orgasmo. na hora da revelação, nada a revelar. a não ser o desejo ácido, cada vez mais renovado de clicar tudo de novo até aprender quem é o olho no olhar. quando tudo acabar, estojo, equipamento, fotografia, gatos e cães, restará a fotografia. única forma de vida que se queda arte, pois permite eternizar o que passa diante dos seus olhos e você não vê.

Thursday, October 24, 2024

tenham piedade do cu

creio dormentemente, não importam os argumentos contrários, que a humanidade evoluiu graças a sua estupidez e não a sua inteligência, sortilégio de poucos. não há, neste planeta, espécie mais estúpida, da qual faço parte - logo algum estúpido vai retrucar porque não nasci cururu. em pleno século XXI, o ápice da nossa evolução reside em dois altares de manipulação: IA e coachs. puta que o pariu! a IA, ainda se pode aturar como percepção do requinte no processo de descarte do homem, que já cumpriu sua parte de bucha pra canhão dos sistemas econômicos. dir-se-à o mesmo do coach, o primor da mentoria no capitalismo. mas convenhamos: dois mil anos da chamada civilização cristã ( eu chamaria de civilização de anjo do pau oco ) e vc ter alguém que cobra fortunas para lhe mentorizar rumo a otimização do ato de cagar, é demais para minhas pregas cerebrais ou não. estávamos mais evoluídos quando limpavamos o cu com urtigas, aprendizado ardido mas útil, tal qual aquele de que passarinho que come pedra sabe o cu que tem. IA de um lado enrabando o proletariado ( que sempre tomou no cu na história )do outro, coachs; enrabando você com a mentoria de até como não ser enrabado por um coach? isso é que é evolução, não é mesmo? destarte, o cu finalmente assume o protagonismo celebrado do terceiro olho. a tão propalada civilização peida conhecimentos, ricochetados nas fossas sociais, onde caiu na rede é peixe (podre), tão inúteis como rolha para conter diarréia. mas estamos evoluindo, alvíssaras , é só olhar em volta; respirar fundo e no meu caso , vomitar. sim, o coach vai dizer que me falta inteligência emocional. e neste caso não vou discordar. vou vomitar de novo. o cu, penhoradamente,  agradece.

Wednesday, October 23, 2024

vai ver se eu estou lá na esquina ( já adianto que não estou )

muito se canta, se louva, se apanagia, o encontro de alguém com outro; a quem chamam de alma gêmea, cara metade; metade da laranja ( argh! ) e o chulezeiro, sempre há um chinelo velho para cada pé torto. é o atestado da mais completa frieira, da incapacidade humana de fazer valer a sua vida por inteiro ( e de produzir analogias e ou ditados pra lá de "pés de chinelo" - com sua origem não menos estigmatizadora ). o grande encontro da vida e na vida, é o encontro consigo mesmo. raro, alucinógeno, algumas vezes tenebroso mas sempre o mais  revelador e tão pouco cultuado na crítica comportamental. quanto mais você procura o encontro através do outro mais longe você está de sí. é sempre fuga, perdição, disfarce. nunca é você mesmo. até porque, não sendo você, você mesmo, continuará a saga do outro e dos outros. não se trata de narcisismo ou jogos de palavras bobo. trata-de da verdade. como alguém desencontrado de si mesmo pode produzir encontros? no máximo, trombadas. por isso, quando alguém se declara a mim dizendo que eu sou " a tampa da sua panela ", a calda ferve e eu digo vai ver se eu estou lá na esquina. e trato de sair do local, para evitar o alto risco de alguém voltar e dizer: não, não está.

Friday, October 18, 2024

"museus de grandes novidades"

nada pode ser pior que um futuro cheio de passado; um presente cheio de futuro; e um passado mal passado.